Versão de Marcel Camus de "Orfeu" vai virar musical
A versão em inglês de "Orfeu da Conceição", ópera-samba criada por Vinicius de Moraes e Tom Jobim, estreou em 1956 e inspirou o filme de Camus
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2012 às 10h58.
São Paulo - Quando assistiu pela primeira vez ao filme "Orfeu do Carnaval", o americano Stephen Byrd ficou tocado - a música maravilhosa de Tom Jobim e Luís Bonfá, aliada à história criada por Vinicius de Moraes, tornavam irresistível o longa do francês Marcel Camus que, embora ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1959, oferece uma visão muito exótica das favelas cariocas.
"Percebi ali o potencial para um grande musical e acalentei durante anos essa ideia", conta Byrd à reportagem. O encontro acontece no restaurante de um luxuoso hotel carioca, onde Byrd, agora presidente da produtora Front Row, acerta os primeiros detalhes da realização de seu sonho. E, para viabilizá-lo, vai contar com dois especialistas: os brasileiros Charles Möeller e Claudio Botelho.
A dupla responsável por grandes sucessos do musical no Brasil dará um importante passo em sua bem sucedida carreira ao estrear, no final do ano que vem, a versão em inglês de "Orfeu da Conceição", ópera-samba criada por Vinicius que estreou em 1956 e inspirou o filme de Camus. A montagem, com produção de Byrd, deve iniciar carreira em Londres e, em 2014, chegar à Broadway. A intenção do produtor é contar com atores brasileiros que sejam bilíngues.
"Nossa aproximação foi curiosa", conta Botelho que, até o final do ano, deverá entregar a primeira versão do musical em inglês. "Fazia quatro anos que Stephen Byrd contatava a família do Vinicius e, ao mesmo tempo, buscava um diretor nacional. Julie Taymor, que dirigiu O Rei Leão na Broadway, estava cotada, mas Stephen descobriu nosso trabalho e se interessou."
A aproximação foi facilitada pelo fato de Möeller e Botelho serem agora diretores criativos da GEO Eventos, empresa que, associada à americana Base Entertainment, investe maciçamente na produção de musicais no Brasil. "Trabalharemos como coprodutores no projeto", explica Leonardo Ganem, diretor-geral da GEO, para quem "Orfeu do Carnaval" é uma chance de resgate. "A bossa nova não tem mais o devido destaque no Brasil porque o público hoje está mais interessado na melodia que nas letras das canções."
De fato, eis um dos grandes trunfos do musical escrito por Vinicius de Moraes, que teve ideia na véspera do carnaval de 1942, quando ouvia um samba à distância ao mesmo tempo em que lia sobre a lenda grega de Orfeu, o músico que tocava sua lira com tal perfeição que era capaz de convencer os deuses do submundo Hades e Perséfone a ressuscitar sua amada Eurídice. A combinação seduziu o poeta.
O musical estreou em setembro de 1956, no Teatro Municipal do Rio, com composições de Jobim, cenário de Oscar Niemeyer, figurinos de Lila Bôscoli, violão (ao vivo) de Luís Bonfá, cartaz de Djanira. No elenco, Haroldo Costa, Daisy Paiva, Abdias do Nascimento, Léa Garrido, a primeira vez em que atores negros subiram ao palco do Municipal carioca.
Tal histórico também enfeitiçou Byrd, responsável por montagens recentes de "Um Bonde Chamado Desejo" e "Gata em Teto de Zinco Quente", apenas com atores negros.
"Com Orfeu, pretendemos realizar um projeto semelhante ao da recente versão de West Side Story na Broadway, que trouxe uma combinação de linguagens, misturando o inglês com o espanhol", observa a produtora Alia Jones-Harvey, que também veio ao Rio e, ao lado de Byrd, maravilhou-se com o estilo de Möeller e Botelho ao assistir ao musical "Milton Nascimento - Nada Será Como Antes", que estreou na semana passada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo - Quando assistiu pela primeira vez ao filme "Orfeu do Carnaval", o americano Stephen Byrd ficou tocado - a música maravilhosa de Tom Jobim e Luís Bonfá, aliada à história criada por Vinicius de Moraes, tornavam irresistível o longa do francês Marcel Camus que, embora ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1959, oferece uma visão muito exótica das favelas cariocas.
"Percebi ali o potencial para um grande musical e acalentei durante anos essa ideia", conta Byrd à reportagem. O encontro acontece no restaurante de um luxuoso hotel carioca, onde Byrd, agora presidente da produtora Front Row, acerta os primeiros detalhes da realização de seu sonho. E, para viabilizá-lo, vai contar com dois especialistas: os brasileiros Charles Möeller e Claudio Botelho.
A dupla responsável por grandes sucessos do musical no Brasil dará um importante passo em sua bem sucedida carreira ao estrear, no final do ano que vem, a versão em inglês de "Orfeu da Conceição", ópera-samba criada por Vinicius que estreou em 1956 e inspirou o filme de Camus. A montagem, com produção de Byrd, deve iniciar carreira em Londres e, em 2014, chegar à Broadway. A intenção do produtor é contar com atores brasileiros que sejam bilíngues.
"Nossa aproximação foi curiosa", conta Botelho que, até o final do ano, deverá entregar a primeira versão do musical em inglês. "Fazia quatro anos que Stephen Byrd contatava a família do Vinicius e, ao mesmo tempo, buscava um diretor nacional. Julie Taymor, que dirigiu O Rei Leão na Broadway, estava cotada, mas Stephen descobriu nosso trabalho e se interessou."
A aproximação foi facilitada pelo fato de Möeller e Botelho serem agora diretores criativos da GEO Eventos, empresa que, associada à americana Base Entertainment, investe maciçamente na produção de musicais no Brasil. "Trabalharemos como coprodutores no projeto", explica Leonardo Ganem, diretor-geral da GEO, para quem "Orfeu do Carnaval" é uma chance de resgate. "A bossa nova não tem mais o devido destaque no Brasil porque o público hoje está mais interessado na melodia que nas letras das canções."
De fato, eis um dos grandes trunfos do musical escrito por Vinicius de Moraes, que teve ideia na véspera do carnaval de 1942, quando ouvia um samba à distância ao mesmo tempo em que lia sobre a lenda grega de Orfeu, o músico que tocava sua lira com tal perfeição que era capaz de convencer os deuses do submundo Hades e Perséfone a ressuscitar sua amada Eurídice. A combinação seduziu o poeta.
O musical estreou em setembro de 1956, no Teatro Municipal do Rio, com composições de Jobim, cenário de Oscar Niemeyer, figurinos de Lila Bôscoli, violão (ao vivo) de Luís Bonfá, cartaz de Djanira. No elenco, Haroldo Costa, Daisy Paiva, Abdias do Nascimento, Léa Garrido, a primeira vez em que atores negros subiram ao palco do Municipal carioca.
Tal histórico também enfeitiçou Byrd, responsável por montagens recentes de "Um Bonde Chamado Desejo" e "Gata em Teto de Zinco Quente", apenas com atores negros.
"Com Orfeu, pretendemos realizar um projeto semelhante ao da recente versão de West Side Story na Broadway, que trouxe uma combinação de linguagens, misturando o inglês com o espanhol", observa a produtora Alia Jones-Harvey, que também veio ao Rio e, ao lado de Byrd, maravilhou-se com o estilo de Möeller e Botelho ao assistir ao musical "Milton Nascimento - Nada Será Como Antes", que estreou na semana passada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.