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Vaticano é chantageado por arquivos roubados de Michelangelo

O cardeal Angelo Comastri, arcebispo da basílica de São Pedro, recebeu uma proposta na qual solicitam dinheiro em troca dos dois documentos históricos

O papa Francisco autorizou a abertura de uma investigação interna com o objetivo de recuperar as peças roubadas (Gabriel Bouys/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de março de 2015 às 14h20.

Cidade do Vaticano - O Vaticano anunciou nesta segunda-feira que é alvo de chantagem por parte de uma pessoa que exige dinheiro em troca da devolução de duas cartas do gênio do Renascimento Michelangelo roubadas de seus arquivos há 20 anos.

O cardeal Angelo Comastri, arcebispo da basílica de São Pedro, responsável pelo maior templo do cristianismo, recebeu uma proposta na qual solicitam dinheiro em troca dos dois documentos históricos, um deles escrito pelo próprio Michelangelo, informou em um comunicado a sala de imprensa do Vaticano.

"Naturalmente o cardeal rejeitou a proposta, já que são documentos roubados", declarou na nota o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.

Os documentos históricos desapareceram da chamada Fábrica de São Pedro, a entidade que se ocupa de tudo o que envolve a conservação e o decoro do templo.

Em 1997, a encarregada do arquivo, Teresa Todara, informou sobre o desaparecimento de dois documentos ao cardeal encarregado da basílica na época, Virgilio Noé, que denunciou o fato à polícia italiana.

Desde então a notícia não havia se espalhado e só foi divulgada nesta segunda-feira com a declaração de Lombardi.

Um arquivo único

A Fábrica de São Pedro, um arquivo particular que se encontra dentro da basílica, contém muitos documentos valiosos sobre a história do edifício, construído sobre uma antiga basílica romana.

A atual basílica começou a ser construída em 1506 por ordem do papa Júlio II e terminou cem anos depois, em 1626. Nela trabalharam alguns dos arquitetos mais renomados da história, como Donato Bramante, Michelangelo e Bernini.

Entre os muitos documentos que o arquivo conserva figuram desenhos, planos, enormes maquetes, cartas, recibos, mensagens assinadas por eles e consideradas peças chave da história da arte e da arquitetura.

Em 1546, o papa Paulo III encarregou a direção das obras a Michelangelo Buonarroti, que retomou a ideia de Bramante e realizou uma série de alterações, entre elas a construção da famosa cúpula, erguida sobre o altar-mor, o local onde, segundo a tradição, se localiza o túmulo do apóstolo Pedro.

A cúpula terminou de ser construída 24 anos após a morte de Michelangelo, em 1564, conhecido por ser um artista minucioso, exigente e muito atento ao dinheiro.

Segundo o jornal Il Messaggero, o papa Francisco autorizou a abertura de uma investigação interna com o objetivo de recuperar as peças roubadas.

De acordo com o jornal, um ex-funcionário do Vaticano se ofereceu ao cardeal Comastri para servir de intermediário com um antiquário para localizar os documentos por um preço de 100.000 a 200.000 euros.

Uma informação confirmada indiretamente pelo porta-voz do Vaticano, que ressaltou que o purpurado naturalmente se negou a pagar por algo roubado.

Tudo parece indicar que o ladrão desta obra de arte provavelmente era uma pessoa interna, que podia entrar e sair livremente do museu, um local que pode ser visitado apenas com uma autorização especial e acompanhado.

Embora o Vaticano minimize o assunto, fontes internas sustentam que uma das cartas roubadas é particularmente valiosa porque foi escrita de próprio punho por Michelangelo.

Um documento único, já que o mestre da pintura, autor, entre outras obras, dos afrescos da Capela Sistina, também assinava as cartas de seus colaboradores.

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O cardeal Angelo Comastri, arcebispo da basílica de São Pedro, responsável pelo maior templo do cristianismo, recebeu uma proposta na qual solicitam dinheiro em troca dos dois documentos históricos, um deles escrito pelo próprio Michelangelo, informou em um comunicado a sala de imprensa do Vaticano.

"Naturalmente o cardeal rejeitou a proposta, já que são documentos roubados", declarou na nota o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.

Os documentos históricos desapareceram da chamada Fábrica de São Pedro, a entidade que se ocupa de tudo o que envolve a conservação e o decoro do templo.

Em 1997, a encarregada do arquivo, Teresa Todara, informou sobre o desaparecimento de dois documentos ao cardeal encarregado da basílica na época, Virgilio Noé, que denunciou o fato à polícia italiana.

Desde então a notícia não havia se espalhado e só foi divulgada nesta segunda-feira com a declaração de Lombardi.

Um arquivo único

A Fábrica de São Pedro, um arquivo particular que se encontra dentro da basílica, contém muitos documentos valiosos sobre a história do edifício, construído sobre uma antiga basílica romana.

A atual basílica começou a ser construída em 1506 por ordem do papa Júlio II e terminou cem anos depois, em 1626. Nela trabalharam alguns dos arquitetos mais renomados da história, como Donato Bramante, Michelangelo e Bernini.

Entre os muitos documentos que o arquivo conserva figuram desenhos, planos, enormes maquetes, cartas, recibos, mensagens assinadas por eles e consideradas peças chave da história da arte e da arquitetura.

Em 1546, o papa Paulo III encarregou a direção das obras a Michelangelo Buonarroti, que retomou a ideia de Bramante e realizou uma série de alterações, entre elas a construção da famosa cúpula, erguida sobre o altar-mor, o local onde, segundo a tradição, se localiza o túmulo do apóstolo Pedro.

A cúpula terminou de ser construída 24 anos após a morte de Michelangelo, em 1564, conhecido por ser um artista minucioso, exigente e muito atento ao dinheiro.

Segundo o jornal Il Messaggero, o papa Francisco autorizou a abertura de uma investigação interna com o objetivo de recuperar as peças roubadas.

De acordo com o jornal, um ex-funcionário do Vaticano se ofereceu ao cardeal Comastri para servir de intermediário com um antiquário para localizar os documentos por um preço de 100.000 a 200.000 euros.

Uma informação confirmada indiretamente pelo porta-voz do Vaticano, que ressaltou que o purpurado naturalmente se negou a pagar por algo roubado.

Tudo parece indicar que o ladrão desta obra de arte provavelmente era uma pessoa interna, que podia entrar e sair livremente do museu, um local que pode ser visitado apenas com uma autorização especial e acompanhado.

Embora o Vaticano minimize o assunto, fontes internas sustentam que uma das cartas roubadas é particularmente valiosa porque foi escrita de próprio punho por Michelangelo.

Um documento único, já que o mestre da pintura, autor, entre outras obras, dos afrescos da Capela Sistina, também assinava as cartas de seus colaboradores.

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