Thatcher "não sabia brincar com filhos", revela biografia
O livro "Margaret Thatcher: The Authorized Biography", escrito por Charles Moore, só pôde ser publicado agora, após a morte da ex-primeira-ministra britânica
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2013 às 08h11.
Londres - A ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher manejava os meandros da política com mestria, mas por trás desse caráter duro e implacável se escondia uma mãe que "não sabia brincar com as crianças".
Assim revelou o autor de "Margaret Thatcher: The Authorized Biography", Charles Moore, em entrevista à Agência Efe em Londres, por conta da recente publicação deste livro que já está entre os cinco mais vendidos no Reino Unido.
Moore, que começou a trabalhar na biografia em 1997, teve acesso sem precedentes às cartas pessoais de Thatcher, seus documentos oficiais, assim como a familiares e amigos, com os quais manteve longas conversas que o ajudaram a conhecer a face humana da única mulher que chegou ao mais alto cargo político do Reino Unido.
Em virtude de um acordo alcançado com a "Dama de Ferro", o livro só pôde ser publicado após sua morte, ocorrida no último dia 8 de abril em Londres aos 87 anos de idade.
Segundo o escritor e jornalista, a situação pessoal de Thatcher (no poder entre 1979 e 1990) era difícil quando seus filhos gêmeos, Mark e Carol, eram pequenos, pois precisava lidar com suas enormes ambições pessoais e suas responsabilidades familiares.
Ao explicar a relação que tinha com seus filhos, Moore descreve Thatcher como uma pessoa que "não era fria", "mas não sabia como brincar com as crianças" e só podia estar com eles se o tempo era bem organizado porque "estava sempre trabalhando".
Segundo o escritor, Thatcher "era eficaz na hora de organizar o tempo, estava em casa, mas em um "exílio interno", uma vez que não deixava suas coisas para interagir com seus filhos, nascidos em 1953.
Além disso, o marido da ex-primeira-ministra, Denis Thatcher, também não sabia "tratar as crianças" nem tinha paciência com eles, ao ponto que tinham adquirido um apartamento contíguo ao que tinham em Londres, que ele usava para escapar às vezes do ambiente familiar.
"Denis costumava ir ao apartamento ao lado, que estava conectado por uma porta, quando as crianças eram muito pequenas, e assim dava a todos uma 'batida de porta'", disse Charles Moore entre risos.
Através das mensagens que Thatcher trocava com sua irmã Muriel, e por suas conversas com esta, o escritor pôde conhecer também a relação da ex-chefe de governo com seus pais.
Devido às suas ambições, Thatcher não lhes visitava frequentemente em Grantham (norte da Inglaterra), algo que causou certo receio na família, sobretudo no pai, Alfred Roberts, e não era exatamente muito unida com sua mãe, Beatrice.
"Margaret não tinha uma relação hostil com sua mãe, mas se aborrecia com ela. Contou que aos 14 anos já não tinha nada que dizer a sua mãe. Nas conversas, ela preferia falar mais com seu pai", contou Moore.
Em referência ao que relata em seu livro sobre o casal Thatcher, o escritor disse na entrevista que quando a ex-primeira-ministra conheceu Denis "gostou dele, mas não muito".
"Era mais velho que ela, mais rico, tinha sido soldado, mas quando ele propôs casamento, ela pensou minuciosamente. Pensou como seria sua vida com ele", declarou Moore.
"Foi um cálculo racional, mais que emocional", segundo o escritor, que descartou, de todos os modos, que o casamento fosse uma união de conveniência.
"Foi um casamento de verdade. Havia uma atração sexual, especialmente de Denis em relação a Margaret. Foi real, mas não era apaixonado", acrescentou Moore, que acredita que a união acabou sendo bastante proveitosa quando ela já estava no poder. EFE
Londres - A ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher manejava os meandros da política com mestria, mas por trás desse caráter duro e implacável se escondia uma mãe que "não sabia brincar com as crianças".
Assim revelou o autor de "Margaret Thatcher: The Authorized Biography", Charles Moore, em entrevista à Agência Efe em Londres, por conta da recente publicação deste livro que já está entre os cinco mais vendidos no Reino Unido.
Moore, que começou a trabalhar na biografia em 1997, teve acesso sem precedentes às cartas pessoais de Thatcher, seus documentos oficiais, assim como a familiares e amigos, com os quais manteve longas conversas que o ajudaram a conhecer a face humana da única mulher que chegou ao mais alto cargo político do Reino Unido.
Em virtude de um acordo alcançado com a "Dama de Ferro", o livro só pôde ser publicado após sua morte, ocorrida no último dia 8 de abril em Londres aos 87 anos de idade.
Segundo o escritor e jornalista, a situação pessoal de Thatcher (no poder entre 1979 e 1990) era difícil quando seus filhos gêmeos, Mark e Carol, eram pequenos, pois precisava lidar com suas enormes ambições pessoais e suas responsabilidades familiares.
Ao explicar a relação que tinha com seus filhos, Moore descreve Thatcher como uma pessoa que "não era fria", "mas não sabia como brincar com as crianças" e só podia estar com eles se o tempo era bem organizado porque "estava sempre trabalhando".
Segundo o escritor, Thatcher "era eficaz na hora de organizar o tempo, estava em casa, mas em um "exílio interno", uma vez que não deixava suas coisas para interagir com seus filhos, nascidos em 1953.
Além disso, o marido da ex-primeira-ministra, Denis Thatcher, também não sabia "tratar as crianças" nem tinha paciência com eles, ao ponto que tinham adquirido um apartamento contíguo ao que tinham em Londres, que ele usava para escapar às vezes do ambiente familiar.
"Denis costumava ir ao apartamento ao lado, que estava conectado por uma porta, quando as crianças eram muito pequenas, e assim dava a todos uma 'batida de porta'", disse Charles Moore entre risos.
Através das mensagens que Thatcher trocava com sua irmã Muriel, e por suas conversas com esta, o escritor pôde conhecer também a relação da ex-chefe de governo com seus pais.
Devido às suas ambições, Thatcher não lhes visitava frequentemente em Grantham (norte da Inglaterra), algo que causou certo receio na família, sobretudo no pai, Alfred Roberts, e não era exatamente muito unida com sua mãe, Beatrice.
"Margaret não tinha uma relação hostil com sua mãe, mas se aborrecia com ela. Contou que aos 14 anos já não tinha nada que dizer a sua mãe. Nas conversas, ela preferia falar mais com seu pai", contou Moore.
Em referência ao que relata em seu livro sobre o casal Thatcher, o escritor disse na entrevista que quando a ex-primeira-ministra conheceu Denis "gostou dele, mas não muito".
"Era mais velho que ela, mais rico, tinha sido soldado, mas quando ele propôs casamento, ela pensou minuciosamente. Pensou como seria sua vida com ele", declarou Moore.
"Foi um cálculo racional, mais que emocional", segundo o escritor, que descartou, de todos os modos, que o casamento fosse uma união de conveniência.
"Foi um casamento de verdade. Havia uma atração sexual, especialmente de Denis em relação a Margaret. Foi real, mas não era apaixonado", acrescentou Moore, que acredita que a união acabou sendo bastante proveitosa quando ela já estava no poder. EFE