Rio de Janeiro - "Este profundo sentimento de felicidade é eterno", declarou o técnico Joachim Löw depois da vitória por 1 a 0 sobre a Argentina que deu o tetracampeonato à Alemanha, neste domingo no Maracanã.
-Como você vai festejar a vitória?
"Não quero perder a cabeça (risos). Amanhã também não. Vamos viajar para Berlim, é isso que queremos. Logicamente, a ficha ainda não caiu, depois de tanta emoção. Houve muita pressão em cima de cada um de nós ao longo do torneio, mas este profundo sentimento de felicidade é eterno. Os jogadores deram tudo de si. Schweinsteiger e Lahm foram excepcionais. Disse a eles: 'vocês têm que deixar tudo em campo, como nunca deixaram em toda sua carreira'".
- O que houve com Khedira ?
"Ele sofreu uma lesão na panturrilha no aquecimento. Já tinha sentido dores ontem (sábado). Hoje (domingo) de manhã, estava melhor. Mas ele voltou a sentir no aquecimento e optamos por colocar Kramer no lugar dele para não arriscar"
-Kramer se lesionou depois de 30 minutos, mas sua equipe ganhou graças aos jogadores que saíram do banco?
"Sempre disse que não jogávamos com 11, mas com 14 jogadores. Todos precisavam estar preparados. Com essas condições de jogo, essas temperaturas altas, ninguém pode estar a 100% durante 90 minutos. Sentimos no fim do tempo normal que a Argentina estava cada vez mais cansada, e por isso era importante contar com Müller e Schürrle para aproveitar os espaços".
-O que você achou da postura da Argentina?
"Sentimos que ambas as equipes queriam vencer no tempo normal. Eles tiveram chances de gol, como quando Kroos cabeceou para trás na direção de Higuaín. Também criamos chances e fomos mais ativos, com mais posse de bola. Tivemos mais energia na prorrogação e pressionamos o adversário porque não queríamos decidir o título nos pênaltis. A Argentina nos esperava para sair nos contra-ataques, mas Hummels, Boateng e Schweinsteiger foram muito bem na marcação de Messi e conseguiram pará-lo".
-Qual é a influência do futebol espanhol e do Bayern de Guardiola no seu estilo de jogo?
"Já faz muitos anos que trabalhamos esse estilo de jogo, indepentemente do que outras equipes fazem. Não queremos nos adapatar ao estilo delas. Mas devo reconhecer que técnicos como Jurgen Klopp (técnico do Borussia Dortmund), Guardiola ou Ancelotti (técnico do Real Madrid) contribuem muito para a evolução do jogo. O Bayern de Jupp Heynckes (antecessor de Guardiola) também conquistou vários títulos e deu confiança aos nossos jogadores".
-Como você avalia a progressão da sua equipe nos últimos anos?
"Passamos 55 dias juntos, mas o projeto começou há dez anos com Jürgen Klinsmann (do qual Löw foi auxiliar de 2004 a 2006). A nossa grande força foi justamente o fato de termos melhorado de forma contínua nos últimos anos. Mesmo se não ganhássemos no final, sabíamos que um dia acabaria dando certo. De 2000 a 2004, o futebol alemão estava no chão e só levantou porque decisões importantes foram tomadas. Era preciso formar melhor os nossos jogadores, dando mais ênfase à qualidade técnica. A renovação do Campeonato Alemão contribuiu muito para isso. Esta equipe merecia vencer. Lahm, Schweinsteiger, Mertesacker, Podolski e Klose estão conosco há dez anos e estavam frustrados por não terem conquistado um título. Estou muito orgulhoso desta equipe, a primeira seleção europeia a ganhar na América do Sul, aqui, no Brasil, o país do futebol."
-Qual foi o momento mais marcante deste Mundial?
"Fiquei fascinado com os aplausos da torcida brasileira depois da nossa vitória por 7 a 1 sobre a seleção anfitriã. Sentimos que a decepção era enorme no país, mas quando saímos do estádio rumo ao aeroporto, milhares de brasileiros estavam na rua aplaudindo a equipe ao longo do trajeto, que durou uma hora. Foi algo incrível. Agradeço ao Brasil por este grande torneio. As pessoas foram muito acolhedoras e sentimos muita energia positiva".
Declarações colhidas em entrevista coletiva
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1. Alemanha nas Copas
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1/6 (Keystone/Getty Images)
São Paulo - A história da
Alemanha nas
Copas do Mundo é uma coleção de fatos atípicos. O país já chegou a ter três times oficiais por causa de guerras e também uma conquista que foi chamada de "milagre" e virou filme, justamente no seu primeiro título mundial em 1954. A Alemanha também já deixou de participar de Copas do Mundo e possui gerações de craques da mesma familia, como Thomas Müller que é sobrinho de Gerd Müller (foto), e também jogadores que na verdade não são alemães, como Podolski e Klose. Confira alguns fatos da seleção tricampeã do mundo (1954, 1974 e 1990) e que agora vai em busca do tetra contra a Argentina.
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2. Milagre de Berna
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2/6 (Allsport/Hulton/Getty Images)
Na
Copa do Mundo de 1954 na Suíça, a Alemanha Ocidental perdeu na fase de grupos para a
Hungria por uma goleada de 8-3. Classificada para as fases seguintes, a Alemanha chegou à final, que disputaria novamente contra a seleção húngara numa revanche histórica. Os húngaros estavam invictos a 32 jogos e eram os favoritos para levar o título. O Estádio Wankdorf em Berna recebeu 60.000 pessoas naquele dia chuvoso. O clima era o preferido do jogador da Alemanha, Fritz Walter, pois dizem que melhorava seu desempenho. A Hungria parecia confirmar o favoritismo ao abrir o placar com gol de Ferenc Puskás em apenas 6 minutos de jogo. Dois minutos depois, Zoltán Czibor fez 2-0. A Alemanha reagiu e Max Morlock fez um gol no décimo minuto do primeiro tempo e Helmut Rahn empatou o jogo aos19. O jogo estava o 2-2. No segundo tempo, a Hungria desperdiçou várias chances e faltando menos de 6 minutos para o fim da partida, Rahn chutou da meia-lua da grande área e fez o gol da virada. A Alemanha conquistava a primeira Copa do Mundo de sua história e o episódio ficou conhecido como "Milagre de Berna". A campanha surpreendente virou um filme de mesmo nome em 2003. Até hoje a expressão "tempo de Fritz Walter" é utilizada na Alemanha para designar jogos em dias de chuva muito forte que deixa o gramado pesado e encharcado.
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3. Três seleções
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3/6 (Allsport UK /Allsport/Getty Images)
Por causa de disputas da Segunda Guerra Mundial e do contexto da Guerra Fria, chegaram a existir três seleções de origem germânica. A divisão do país em Alemanha Ocidental e Oriental gerou dois times para cada região. E até meados dos anos 50, a
França manteve um território alemão, o Sarre, sob sua tutela, que também teve uma seleção de futebol. A seleção da Alemanha Oriental foi criada em 1952 e existiu até a reunificação alemã, em 1990. Em 1974, fez a sua única participação em Copas do Mundo e jogou contra a Alemanha Ocidental. Na foto, o capitão da
Alemanha Ocidental, Franz Beckenbauer, aperta as mãos do capital da Alemanha Oriental antes da partida na Copa do Mundo. A partida, disputada em plena Guerra Fria, tornou-se histórica já que os alemães orientais venceram os ocidentais por 1x0 com gol de Jürgen Sparwass. Já o Sarre é uma região da fronteira da Alemanha com a França que, após a II Guerra Mundial, tornou-se protetorado francês. Na sua curta existência a região disputou os Jogos Olímpicos de 1952 e os jogos classificatórios para a Copa do Mundo de 1954. A seleção do pequeno território (de 2500 quilómetros quadrados e com cerca de um milhão de habitantes),chegou a disputar uma partida com a Alemanha Ocidental justamente na etapa classificatória, mas perdeu de 3-1. Em 1956, seus habitantes escolheram, em referendo, a reincorporação na Alemanha.
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4. 1ª Copa do Mundo em 1930
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4/6 (Allsport/Hulton/Getty Images)
A Alemanha não esteve na primeira edição da Copa do Mundo, em 1930. Com a Europa vivendo uma grave crise econômica, a Federação Alemã de Futebol decidiu recusar o convite (ainda não havia fase de classificação) para a 1ª edição do evento, realizada no Uruguai. A final foi disputada pela Argentina e Uruguai e o time da casa venceu e conquistou o seu primeiro título em 30 de julho de 1930. Quatro anos depois, em 1934, a Alemanha disputou sua primeira Copa e fez uma excelente campanha, terminando em 3º lugar na competição
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5. Família de craques
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5/6 (Dylan Martinez/Reuters)
Muitos não sabem, mas Thomas Muller tem o futebol no sangue. Ele é sobrinho do craque Gerd Müller, o maior artilheiro da história da seleção alemã: chamado de “caubói” pela imprensa, fez 68 gols em 62 partidas, uma média quase insuperável de 1,1 gols por jogo. Gerd Müller foi por muito tempo o maior artilheiro de todas as Copas com 14 gols, até ser superado por Ronaldo que teve 15 gols marcados na Copa de 2006. O brasileiro foi superado nessa edição pelo jogador alemão Klose, que tornou-se o maior artilheiro com 16 gols. É também o maior artilheiro da história do campeonato alemão (do qual foi campeão quatro vezes) em uma única edição (40 gols em 1972). Gerd Muller foi jogador do Bayern Munique quando este ainda era um time médio e ajudou o clube a entrar para a elite do futebol alemão e mundial no início dos anos 70.
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6. Poloneses
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6/6 (Ruben Sprich/Reuters)
Os jogadores Miroslav Klose e Lukas Podolski na verdade não são alemães. Eles nasceram na Polônia, mas foram para a Alemanha ainda crianças, em 1987. Além da seleção alemã, os dois jogaram juntos no Bayern de Munique na temporada 2006-2007 e costumavam conversar em polaco quando estavam em campo para confundir os adversários. O fato de ser polonês já causou situações constrangedoras a Podolski. Durante jogo da Alemanha contra a Polônia pela primeira rodada do grupo B da Eurocopa em 2008, ele fez dois gols pela seleção alemã e foi excomungado pelo partido ultracatólico LPR do seu país natal. Antes, o jogador havia sido criticado pelo ex-vice-ministro polonês Miroslaw Orzechowski, que pediu a retirada da cidadania das pessoas que defendem outros países.