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Tapetes persas se reinventam para sobreviver aos novos gostos

Os tapetes persas estão trocando de pele para se adaptar a um mercado em plena transformação e onde a concorrência da China, Índia ou Turquia se tornou acirrada

Mulher em frente a um tapete fabricado em Ispahan, em Teerã. (AFP/AFP)
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AFP

Publicado em 29 de agosto de 2022 às 09h01.

Cores mais claras, figuras geométricas modernas, dimensões menores, preços mais baratos... Os tapetes persas estão trocando de pele para se adaptar a um mercado em plena transformação e onde a concorrência da China, Índia ou Turquia se tornou acirrada.

Após um hiato de dois anos devido à pandemia, Teerã voltou a realizar sua exposição anual de tapetes, com 400 expositores de todo o país.

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Ahad Azimzadeh, que se apresenta como “o maior exportador de tapetes persas do mundo”, nota uma transformação fundamental desta arte milenar.

"Está ocorrendo uma revolução", diz o homem de 65 anos.

"Claro que os tapetes tradicionais têm a sua clientela", com os seus motivos florais e grandes dimensões, "mas o futuro pertence às modernas tapeçarias feitas à mão", diz perante um exemplar de 3 m2 em que estão representadas 102 personalidades como Charlie Chaplin, Stalin ou Einstein.

A peça levou cinco anos para ser feita e é vendida por cerca de US$ 90.000. Para efeito de comparação, um tapete de 2.000 m2 feito em Tabriz é vendido por US$ 120 milhões, e um tapete de seda Kashan de 170 anos é vendido por US$ 160.000.

“Os motivos clássicos do tapete persa têm milênios, mas hoje há uma forte demanda por formas contemporâneas, mais apropriadas para casas modernas”, aponta.

"A nova geração quer cores mais claras e tamanhos menores."

"Mudança de mentalidade"

Tapetes de Tabriz. (AFP/AFP)

Os tapetes persas continuam altamente valorizados, mas as vendas caíram nos últimos 30 anos, em parte devido à concorrência da Índia e da China.

"Em 1994, as vendas de tapetes iranianos no exterior somaram 1,7 bilhão de dólares e representaram 40% de nossas exportações não petrolíferas", disse à AFP Ahmad Karimi Esfahani, chefe do sindicato dos fabricantes e exportadores de tapetes iranianos.

Em 2021-2022, as vendas no exterior foram limitadas a US$ 64 milhões, de acordo com o National Carpet Center do Irã.

Karimi explica que as sanções ocidentais relacionadas ao programa nuclear iraniano "certamente" tiveram influência. Embora a queda “se explique sobretudo pela grande diversidade de tapetes no mercado, e pela mudança de mentalidade e gosto das novas gerações”.

"As pessoas hoje veem o tapete como um bem de consumo que é colocado na porta, enquanto antes era um investimento. O tapete representava capital para o futuro. Já perdeu o status de objeto de arte", lamenta.

Abas Arsin representa a terceira geração de empresários, tendo criado o que chama de "tapete de transição" há 25 anos. Seu conceito consiste em reduzir as cores brilhantes tradicionais, esfregando-as e expondo-as ao sol.

“Quando comecei com essa técnica, meu pai e meu irmão mais velho não entendiam o que eu estava fazendo".

Segundo ele, Índia, Paquistão, Turquia e China ultrapassaram o Irã no mercado internacional de tapetes porque "nós iranianos temos tido menos relações com o resto do mundo e não vimos as mudanças chegando".

Uma "revolução", a dos tapetes, que, no entanto, está longe de ter um apoio unânime.

"É uma moda e, como tal, vai desaparecer", diz Hamid Sayahfar, um empresário de 54 anos que vive entre Teerã e Toronto.

Segundo ele, os tapetes modernos “talvez sejam bons para decorar escritórios, mas não uma casa”.

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