Sony mudou roteiro de "Pixels" para satisfazer censores chineses
Uma cena na qual a Grande Muralha é explodida por alienígenas foi retirada do filme
Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2015 às 08h52.
Em um roteiro de 2013 para o recém-lançado filme Pixels, alienígenas intergaláticos fazem um rombo em um dos tesouros nacionais da China - a Grande Muralha.
Essa cena desapareceu da versão final da comédia de ficção científica estrelada por Adam Sandler e lançada pela Sony Pictures Entertainment esta semana nos Estados Unidos e no Brasil. Os extraterrestres atacam localidades importantes em outras partes, detonando o Taj Mahal na Índia, o Monumento a Washington e partes de Manhattan.
Executivos da Sony pouparam a Grande Muralha por terem ficado receosos de não obter aprovação para o filme na China, como revelou uma análise de e-mails internos da empresa. Essa foi uma de uma série de alterações com o objetivo de retirar do filme qualquer conteúdo que, segundo os temores dos gerentes da Sony, as autoridades chinesas possam interpretar como uma visão negativa de seu país.
Além daquela com a Grande Muralha, saiu uma cena na qual a China é mencionada como possível culpada de um ataque, assim como uma referência a um "irmão de uma conspiração comunista" que invade um servidor de e-mail - tudo para aumentar as chances de que "Pixels" chegue à segunda maior bilheteria do mundo.
"Embora fazer um buraco na Grande Muralha possa não ser umproblema, já que é parte de um fenômeno mundial, na verdade é desnecessário, porque não irá beneficiar o lançamento chinês em nada. Recomendo, então, que não o façam", escreveu Li Chow, principal representante da Sony Pictures na China, em um e-mail de dezembro de 2013 para executivos da companhia.
A mensagem de Li é uma de dezenas de milhares de e-mails confidenciais e documentos da Sony que foram hackeados e publicados no final do ano passado.
O governo dos EUA culpou a Coreia do Norte pela invasão - o filme "A Entrevista", da Sony, teria incomodado Pyongyang por satirizar o líder do país. Em abril, o site WikiLeaks publicou a leva de e-mails, memorandos e apresentações da invasão da Sony em um arquivo pesquisável na Internet.