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Setor de fitness nos EUA se torna virtual em questão de dias

As academias boutique puxaram a expansão da indústria de fitness durante grande parte da década passada

Academias: virtuais diante da pandemia do coronavírus (Freeletics/Divulgação)

Guilherme Dearo

Publicado em 28 de março de 2020 às 07h00.

Última atualização em 28 de março de 2020 às 07h00.

Reese Scott começou a praticar boxe há 17 anos e sonhava em montar um estúdio há muito tempo. Em 2018, ela abriu a Women’s World of Boxing, a primeira academia de boxe controlada por uma mulher em Nova York e, de acordo com a ClassPass, é o treino mais popular de Manhattan do aplicativo.

Na semana passada, quando as medidas de distanciamento social dominaram a cidade, Reese fechou temporariamente o estúdio de 200 metros quadrados e, pela primeira vez, transmitiu o treino pelo Instagram. De seu apartamento no Harlem, ela ajustou a iluminação e enquadramento da câmera para exibir melhor seu espaço. Especialmente desafiador, diz, é que os clientes precisam ver os movimentos de seus pés.

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“É uma grande mudança”, diz. “De um espaço físico, uma clientela e fluxo de negócios estabelecidos, de repente tenho que ser muito criativa e lançar um negócio virtual em menos de uma semana.”

Reese faz parte dos mais de 350 mil instrutores e personal trainers dos EUA que observaram uma mudança drástica do setor em 10 dias. Para manter seus negócios funcionando, optaram por opções de streaming, seja por aplicativos como Zoom, Instagram Live, FaceTime ou YouTube. Muitas dessas aulas são oferecidas gratuitamente, por enquanto, como uma maneira de os instrutores permanecerem conectados enquanto descobrem como fazer com que clientes novos e existentes paguem pelos serviços.

As academias boutique puxaram a expansão da indústria de fitness durante grande parte da década passada. O mais recente estudo da International Health, Racquet & Sportsclub Association revelou que os clubes premium respondiam pela categoria de ginástica em unidades físicas com maior crescimento e levaram o setor a uma estimativa de quase US$ 100 bilhões este ano. De 2013 a 2017, a participação de estúdios boutique cresceu mais de 120%, apesar de milhares de vídeos gratuitos no YouTube e cerca de 250 mil aplicativos de ginástica.

“O benefício central dessas experiências boutique é a interação face a face”, diz Rick Stollmeyer, presidente da empresa de aplicativo de fitness Mindbody. Em um dia típico, a plataforma reserva mais de 1 milhão de classes dentre as 2,5 milhões disponíveis, mas esse número praticamente caiu para zero. “As pessoas têm buscado maneiras alternativas de se conectar, mas já está claro que é devastador”, diz Stollmeyer. “As receitas estão caindo 80%, 90% e, em alguns casos, 100%”.

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