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Série sobre o hip hop em SP, idealizada por OSGEMEOS, estreia nesta quinta

A cada episódio, Gustavo e Otávio recebem convidados que fazem parte do movimento para relembrar a trajetória de cada um e contá-la às novas gerações

Osgêmeos, Gustavo e Otávio Pandolfo. (Pier Marco Tacca/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de junho de 2021 às 16h23.

Última atualização em 10 de junho de 2021 às 16h24.

No bairro do Cambuci da década de 1980, encontrar um moleque girando a cabeça no asfalto com um aparelho de som ligado por perto era estranho, mas não raro. Bastou ver a cena uma vez, do outro lado da calçada de casa, para os gêmeos Gustavo e Otávio Pandolfo, aos 10 anos, saberem que queriam estar ali. Era a descoberta do hip hop, movimento no qual os irmãos viraram OSGÊMEOS e se tornaram parte inseparável, mas ninguém sabia ao certo o nome daquilo.

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Quatro décadas depois, OSGÊMEOS olham de volta para aquela época. Ou melhor, viajam até ela. Nesta quinta-feira, 10, a Pinacoteca de São Paulo lança a série audiovisual Segredos, idealizada pelos irmãos e que conta a história do hip hop brasileiro por meio da memória dos artistas que estiveram na sua origem, no início dos anos 1980. Dividida em quatro episódios, a série será disponibilizada no YouTube da Pinacoteca todas as quintas, às 20h.

A cada episódio, Gustavo e Otávio recebem convidados que fazem parte do movimento para relembrar a trajetória de cada um e contá-la às novas gerações. Desta maneira, pretendem demonstrar como o hip hop se transformou em uma das manifestações artísticas e culturais mais relevantes no Brasil e foi determinante na vida dos que fizeram e fazem parte dele - não apenas por introduzi-los ao rap, ao break e ao grafite, mas pelas amizades que surgiram nos encontros do Largo São Bento, berço do movimento em São Paulo, e que continuam até hoje.

Os encontros se dão no vagão de um trem, imaginado pelos artistas e montado no ateliê dos dois. "É uma cápsula do tempo que nos leva de volta à década de 80 para reviver a nossa história e a dos nossos amigos, que é a própria história do hip hop", conta Gustavo Pandolfo. Dentro desta máquina do tempo se revela, por exemplo, que o DJ KL Jay, do Racionais MC’s, foi dançarino de break dance nos anos 80. Os próprios irmãos, conhecidos no mundo inteiro graças ao grafite, contam que dançaram break e cantaram rap. "Todo mundo fazia um pouco de tudo", diz Otávio.

A ideia d’OS GÊMEOS de documentar a história do movimento não é recente, mas fazer isso através de uma série documental surgiu durante a montagem da exposição OSGEMEOS: Segredos, no ano passado. A exposição pretendia, inicialmente, fazer oficinas de hip hop com jovens para incentivar a arte, mas a ideia foi abandonada após o surgimento da pandemia do coronavírus. Foi aí que a série surgiu. O resultado é visto de maneira tão positiva pelos artistas que eles contam que "é só o começo de uma grande história", mas não revelam o que têm em mente.

Segundo o diretor-geral da Pinacoteca, Jochen Volz, a intenção é que o documentário também tenha uma finalidade educadora e possa servir para fomentar aulas, oficinas e debates. "O documentário foi montado de maneira bastante didática para ser visto por todos os públicos e para que os jovens, estudantes, possam aprender sobre a história do hip hop e dos seus próprios artistas", afirma Volz.

OSGÊMEOS contam que as entrevistas do documentário foram feitas sem roteiro definido. Com isso, transportaram para a série a característica do improviso, uma das mais presentes no hip hop, e puderam descobrir histórias que não conheciam mesmo com mais de 35 anos de amizade com a maioria dos entrevistados. São histórias contadas por convidados como Thaíde, KL Jay, Erick Jay Edi Rock, Rooney e Nelson Triunfo.

No final, o resultado para os artistas foi ter uma clareza, ainda maior do que antes, do que é fundamental no hip hop e do que significou aquele movimento na década de 1980, marcado por giros de cabeça no asfalto ao som de um ritmo desconhecido no Brasil. "A gente viu o quanto é gratificante correr pelo certo, ter respeito pelo outro e acreditar no mesmo sonho. Não falo de sucesso, mas de ter feito amizades que perduram até hoje. Só por isso, já significa que aquilo deu certo", conclui Otávio Pandolfo.

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