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Sem Arte, um país não tem caráter, diz Fernanda Montenegro

A atriz, que completou 90 anos nesta semana, participou da abertura da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Fernanda Montenegro: "Nada é mais importante do ponto de vista social do que a arte, além da criatividade, do imaginário" (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Fernanda Montenegro: "Nada é mais importante do ponto de vista social do que a arte, além da criatividade, do imaginário" (Rovena Rosa/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de outubro de 2019 às 10h08.

Última atualização em 19 de outubro de 2019 às 10h08.

Durante a sessão de gala da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, na noite desta sexta-feira, 18, no Teatro Municipal, a atriz Fernanda Montenegro discursou e ouviu um "Parabéns para você" de uma plateia lotada. Ela também comentou sobre a situação da cultura no País, tema recorrente dos discursos da noite

"É estranho o que está acontecendo", disse Fernanda, 90 anos recém-completos. "Mas os filmes estão aparecendo, as peças também. Estamos absolutamente vivos."

"Sem arte, um país não tem caráter", prosseguiu a atriz. "Parece que a arte é abstrata, que não passa pelo 'pão nosso de cada dia'. O que não é verdade, o campo da arte é grande fornecedor de mão de obra. Nada é mais importante do ponto de vista social do que a arte, além da criatividade, do imaginário. Não sei por que nos destacam da solidez do lugar que se pode ganhar a vida."

O secretário municipal de Cultura, Ale Youssef, anunciou a criação de um novo festival de teatro na cidade, a ser realizado em janeiro de 2020. O Festival Verão Sem Censura vai, segundo o secretário, acolher "todas as peças censuradas pelo governo federal".

O diretor do filme que seria exibido (A Vida Invisível), Karim Aïnouz, também estava presente. O filme foi vencedor da mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes, e é o selecionado do Brasil para representar o País entre as indicações ao Oscar.

O produtor Rodrigo Teixeira compartilhou que uma exibição para membros da Academia, também nesta sexta, foi "ótima". "Se esse Oscar vier, vai ser um tapa na cara de um governo que não acredita na cultura", disse o produtor.

Aïnouz também criticou o governo federal, que chamou de "covarde", e lembrou de artistas que lutaram contra a ditadura militar no Teatro Municipal, como Walmor Chagas e Cacilda Becker além de ter mencionado os nomes de Mario de Andrade, Conceição Evaristo, Carolina de Jesus e Preta Ferreira.

O prefeito Bruno Covas disse ainda que os recursos de incentivos municipais à cultura serão dobrados na próxima lei orçamentária. Covas disse que ele e a secretaria também estão trabalhando na elaboração de uma política de incentivo à produção audiovisual na cidade. "É uma vocação da cidade", disse Covas.

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