Rock, o estilo musical que já é um senhor de 65 anos
Datas, locais de nascimento e artistas percussores do Rock são incertos, mas as melhores bandas das quase sete décadas não
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de julho de 2019 às 09h47.
Última atualização em 12 de julho de 2019 às 09h59.
Amanhã, 13 de julho, é o Dia Mundial do Rock . Apesar de ter sua certidão de batismo ainda perdida, com local e datas supostos, o rock, esse senhor de aproximadamente 65 anos, é um antiórfão de muitos pais reclamando a cria por testes de DNA.
Sua morte foi decretada algumas vezes, sempre depois de ter sido visto cabisbaixo e, sobretudo, a partir dos anos 2000, quando pareceu perder-se definitivamente em uma depressão existencial. Mas eram meras crises de identidade.
A chegada internética e confusa dos 50, a perda de fãs dos 60 e o saudosismo melancólico que o faz seguir em direção aos 70. Importante é que o rock não morreu e que seu passado, de tão avassalador, construído com memórias afetivas tão marcantes, é definitivo mesmo quando ele diz estar olhando para o futuro.
"Meu filho vai se chamar Rock", teria dito o pai, seja ele quem for, ao escrivão. Uma boa forma de homenagear Chick Webb e Ella Fitzgerald, que em 1937 (muito antes de existir guitarras e baixos elétricos) gravaram Rock in For Me. "Então, você não vai satisfazer a minha alma com o rock and roll", dizia a letra.
Ike Turner, que morreu reclamando a paternidade da criança por ter gravado Rocket 88 em 3 de março de 1951, o que seria a primeira gravação no formato banda e no ritmo do gênero, apontava para Elvis Presley com os olhos vermelhos.
Ike dizia que Elvis havia se apoderado do menino, filho de pais negros, ainda na maternidade para vesti-lo com boas roupas e apresentá-lo ao mundo como seu. Um pouco de exagero, evidentemente. Elvis jamais disse ser o pai, apenas ser o rei.
Um existencialista precoce, o rock só tinha cerca de 10 anos de idade (a contar de 1951) quando começou a falar com uma eloquência preocupante.
Foi assustador ver o garoto sempre tão entregue às festas mundanas de Roll Over Beethoven e Tutti Frutti aparecer sisudo dizendo coisas como "saindo do oeste selvagem / deixando as cidades que mais amo / pensei já ter visto de tudo / até entrar em Nova York / pessoas se espalhando pelo chão / edifícios indo até o céu". Tio Bob Dylan o ensinava, a partir daí, a vestir a roupa que quisesse e a andar com quem desejasse desde que jamais se acostumasse com a podridão do mundo a seu redor.
Os 10 melhores discos internacionais
- Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles
Foi lançado em junho de 1967 para se tornar o mais influente da história
- Jimi Hendrix Experienced, de Jimi Hendrix
Disco de estreia demole tudo o que havia antes para a construção de nova ordem
- The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars. de David Bowie
Rock com sci-fi no melhor disco de Bowie
- The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd
Obra-prima reflete sobre loucura de Syd Barret, mentor que havia saído da banda
- Highway to Hell, do AC/DC
Último álbum com o vocalista Bon Scott antes de sua morte está na lista dos discos definitivos do Rock and Roll Hall of Fame
- Led Zeppelin, do Led Zeppelin
Jimmy Page e Robert Plant furtariam muito material dos bluesmen, mas não dá para negar a sua genialidade
- Pet Sounds, do Beach Boys
O 11º disco do Beach Boys iria mudar tudo e se tornar uma nova referência, inspirada em Rubber Soul, dos Beatles
- Exile on Main Street, do Rolling Stones
Os Stones gravaram um de seus melhores discos em Paris, em 1972, para fugir dos impostos britânicos
- London Calling, do The Clash
Manobra perigosa que deu certo, esse álbum diferente da estética da banda tem influência de ska, funk, soul e reggae
- The Velvet Underground and Nico, de The Velvet Underground and Nico
Álbum transformador e experimental, com participação da cantora Nico
10 dos melhores discos nacionais
- Cabeça Dinossauro, dos Titãs
De 1986, o clássico álbum projetou a banda, com músicas que são hits até hoje, como Bichos Escrotos e Polícia
- Barão Vermelho, do Barão Vermelho
O disco de estreia, de 82, já mostrava o DNA potente do grupo liderado por Cazuza, uma aposta certeira de Ezequiel Neves
- O Dia Em Que a Terra Parou, do Raul Seixas
Feito em parceria com Cláudio Roberto, traz sucessos como Maluco Beleza
- A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado, dos Mutantes)
O rock psicodélico do grupo ganhou novos caminhos nesse que é seu melhor álbum
- Secos & Molhados, dos Secos & Molhados
Lançado em 73, trouxe som pesado, estilo lendário e sucessos como O Vira
- Da Lama ao Caos, Chico Science & Nação Zumbi
Lançamento arrebatador de 1994, que inauguraria a cena manguebeat
- Raimundos, dos Raimundos
Ficou conhecido nesse álbum de estreia, lançado em 1994, com som pesado e letras irreverentes (e o polêmico Selim)
- Selvagem?, dos Paralamas do Sucesso
Disco clássico da banda, reuniu canções como Alagados e Melô do Marinheiro
- Em Ritmo de Aventura, de Roberto Carlos
Sob inspiração de Beatles, lançou em 67 o álbum que serviu de trilha para seu filme
- Dois, do Legião Urbana
É um dos mais importantes discos da história, de onde saíram clássicos definitivos, como Tempo Perdido e Eduardo e Mônica