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Refn renova o gênero thriller com "Drive"

Primeira produção norte-americana do dinamarquês renova o gênero ao combinar estilos tão diversos quanto os de Clint Eastwood e Tarantino

O ator canadense Ryan Gosling no papel de Driver. Hábil como motorista, ele resgata assaltantes em fuga (Divulgação)

O ator canadense Ryan Gosling no papel de Driver. Hábil como motorista, ele resgata assaltantes em fuga (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2012 às 10h13.

São Paulo - Dois dinamarqueses abalaram o Festival de Cannes do ano passado: Lars Von Trier e Nicolas Winding Refn. Os diretores competiam pela Palma de Ouro, Von Trier com Melancolia e Refn com Drive. Levou a melhor quem falou menos – no caso, Refn, que conquistou o troféu de melhor direção enquanto Von Trier gastava seu tempo explicando suas bizarras declarações de que “entendia Hitler”.

Nascido em Copenhagen, mas criado em Nova York, Refn – conhecido por trabalhos europeus, como Pusher, de 1996, e O Guerreiro Silencioso, de 2009, lançados no Brasil em DVD – imprime uma adrenalina invejável na condução desse thriller, que marca sua estreia em Hollywood. O filme, que entra em cartaz neste mês por aqui, acompanha um hábil motorista e dublê, vivido pelo canadense Ryan Gosling e sintomaticamente chamado apenas de Driver.

Homem de pouquíssimas palavras, ele se expressa quase que somente pela perícia na direção de automóveis, que também conserta de olhos fechados. Sua rapidez atrás do volante torna-o candidato ideal para alguns serviços extras arriscados e muito bem pagos, como o de cúmplice que recolhe assaltantes ávidos para deixar uma cena de crime, mas não tolera deles um minuto de atraso.

Mestre ninja perdido no tempo

Apegando-se a poucos princípios de uma ética particular, na fronteira da legalidade, Driver esconde atrás do rosto de pedra uma natureza cavalheiresca. No fundo, é uma espécie de mestre ninja perdido no tempo, identidade que deixa escapar em alguns sinais, como sua jaqueta de inspiração oriental, com um escorpião desenhado nas costas. Essa nobreza oculta encontra vazão quando ele conhece uma vizinha, Irene, interpretada pela inglesa Carey Mulligan, e seu pequeno filho, Benicio (Kaden Leos), cujo respectivo pai, Standard (Oscar Isaacs), está na cadeia.

Desabrochando inteiro para Irene e o filho, o instinto protetor de Driver tempera uma trama recheada de violência, em torno de um assalto fracassado, uma mala de dinheiro, um agiota (Albert Brooks) e um mafioso (Ron Perlman). O suspense é garantido pela alternância de sensacionais perseguições e cenas em que a tensão é meticulosamente derramada, como a impagável descida num elevador ocupado apenas por Driver, Irene e um matador.

Visivelmente, Refn é uma centrífuga de influências, que passam pelos filmes dos norte-americanos Steve McQueen e Clint Eastwood, com uma parada em Quentin Tarantino e no inglês Guy Ritchie. Entretanto, é justo observar que ele absorveu tudo, metabolizou e assinou embaixo porque o filme é seu e de mais ninguém.

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