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Quadrinhos, armaduras e camisetas nerds: um rolê pela Comic Con Experience

Evento também foi marcado por filas, mas organização surpreendeu e rendeu elogios de visitantes

comiccon (Gustavo Gusmão / INFO)

comiccon (Gustavo Gusmão / INFO)

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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2014 às 09h22.

O relógio marcava 8h30 da manhã e uma fila de visitantes já começava a se formar na entrada do pavilhão do São Paulo Expo, que recebe até o dia 7 de dezembro a primeira edição da Comic Con Experience. Ostentando alguns cosplays e camisetas de super-heróis (as mais populares), desenhos, filmes, séries, HQs ou qualquer outra temática geek, um grupo ainda não muito grande de pessoas com os mesmos interesses provavelmente já sabia que enfrentaria mais um bom número de filas depois que entrasse.

Quer dizer, não que isso fosse ser um problema – porque, afinal de contas, onde não tem fila hoje em dia? Pelo menos era isso o que eu tinha na cabeça enquanto aguardava na de credenciamento, uma das muitas que eu veria no resto do meu dia pela CCXP, como é chamada informalmente a convenção. O público ao meu redor era outro, formado por muitos (muitos mesmo) jornalistas, blogueiros e youtubers, mas o papo e os trajes eram basicamente os mesmos.

“E aquele trailer do Star Wars, hein?”, perguntava um deles ao colega, ambos perto de um rapaz com a camiseta dizendo que Han Solo foi quem atirou primeiro. Outros dois ali perto, por sua vez, teorizavam sobre a morte do Wolverine no próximo filme dos X-Men. “O Hugh Jackman já ‘tᒠbem velho, cara” era o principal argumento do rapaz que estava mais para o lado de lá – e o que ele dizia não deixava de ter sentido, pensava eu.

Na primeira fila, para pegar um crachá, foram pelo menos trinta minutos, das 9h às 9h30, entre esperar, mudar de lugar, entregar documentos, explicar que o nome do veículo era INFO e não Ninfo e pegar o cartão com um desenho do Wolverine (ele de novo). Foram outros trinta e poucos esperando a abertura dos portões para credenciados e mais uns quinze na frente das catracas, junto com o pessoal que aproveitava para tirar as primeiras das (muitas) fotos e continuar os papos. Enquanto isso, a fila do público, ainda do lado de fora, crescia até ficar grande demais para o cercado, mesmo faltando duas horas para o evento começar. E isso em uma quinta-feira, primeiro dia do evento.

Ainda não dava para ver muito, mas o cenário lá dentro do pavilhão já prometia. Um pôster enorme com Vingadores e alguns heróis da DC indicava o estande da ToyShow (que trouxe algumas action figures espetaculares, por sinal), enquanto um pouco para o lado um cartaz anunciava itens “Exclusivos” (e caros, como descobri depois) que a Iron Studios levara para a convenção – bom sinal para colecionadores convictos.

Uma armadura no meio do caminho – Mas mesmo os fissurados por “bonecos” que dividiam o espaço comigo não foram direto para as duas áreas com colecionáveis quando a entrada para imprensa foi liberada. Uma armadura em tamanho real do cavaleiro de ouro de Leão (a versão Divina), Aiolia, chamava bem mais atenção logo após a catraca. O destaque do estande da Tamashii Nation não estava sozinho, vale notar – a veste "normal" de Aiolia estava logo atrás, mas chamando menos atenção dos fotógrafos por não ter asas e nem nada do tipo.

Ali perto da dupla de cavaleiros estava o estande da Marvel, que também tinha suas estátuas em tamanho real, mas de alguns dos Vingadores. O espaço, no entanto, estava cercado e não dava para chegar muito perto do Homem de Ferro, do Capitão América, do (gigante) Hulk e nem de alguns dos acessórios. Thor, aliás, estranhamente não pôde vir ao Brasil.

O par de armaduras, esses detalhes do espaço reservado à Marvel e dois estandes menores foram tudo que deu para ver antes da coletiva, que começaria alguns minutos depois no enorme auditório principal, o Thunder. Você o encontra seguindo pela primeira à esquerda a partir da catraca, caso fique perdido ao entrar. Com espaço para 2 000 pessoas, um telão com projeção em 4K e som surround (como fizeram questão de ressaltar os membros da organização), a área impressiona, especialmente quando cheia.

É claro, ainda falta chão para ela atingir a imponência de um Hall H da Comic Con de San Diego, com seus mais de 6 000 lugares, por exemplo. Mas a comparação ainda é injusta, visto que esta é só a primeira edição de um evento que promete voltar em 2015 e 2016, pelo menos. Se quiser saber o que aconteceu na coletiva, aliás, vale checar o relato aqui.

Lotação – A apresentação terminou cerca de meia hora antes do meio-dia, quando os portões seriam abertos ao público que ainda esperava lá fora. Deu tempo, então, de conseguir uma mesinha e assistir à entrada do pessoal, visivelmente contente depois de encarar pelo menos três horas em duas filas, como me explicaram dois visitantes que chegaram pouco depois das 12h. Aliás, ganha um prêmio quem adivinhar aonde foram os primeiros que entraram. Sim, se você pensou na armadura de Sagitário, acertou.

Como a segunda fila segurou a galera por um tempo, o espaçoso pavilhão demorou a encher. Mas o mesmo não dá para dizer das lojinhas, que vendiam de camisetas (obviamente de temática nerd) e bonés de aba reta (também com estampas geeks) a miniaturas de kaijus e jaegers de “Círculo de Fogo” e de personagens de “Hora de Aventura”. Mas antes das 13h já não dava mais para tirar fotos de estátuas sem que uma cabeça (ou duas, ou três, ou mesmo um corpo) entrasse na frente da lente. As câmeras clicavam o Homem de Ferro, os Hulks (há pelo menos dois deles pelos estandes), os Cavaleiros do Zodíaco, os carros de Mad Max, do Batman e do Scooby Doo e alguns cosplayers que passeavam pelo pavilhão. Tirei algumas fotos também, admito – veja abaixo.

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Cheio também ficava o auditório principal, dependendo da apresentação. Na de Sean Astin (o ex-Goonie e também o Sam, de “Senhor dos Anéis”), o espaço quase lotou – algo impressionante, especialmente se levarmos em conta que era uma quinta-feira. Na conversa com Marcelo Hessel, do Omelete, o ator falou das épocas em que gravou os dois filmes, fez algumas piadas e emocionou a plateia ao lembrar que os “Goonies never say die!” (“Goonies nunca dizem ‘morte’!”) e fazer o juramento dos caçadores de tesouros. Ele também confessou que precisou engordar para o papel de Sam e que nunca tinha ouvido falar de “Senhor dos Aneis” antes do convite para atuar. “Eu comecei a ler os livros e gostei muito do Sam”, disse, rindo. “Mas será que eu não poderia ser o Aragorn?”

Mesmo com a intensa movimentação, algumas partes do centro de exposições não chegaram a ficar cheias. A praça de alimentação, por exemplo: filas obviamente se formaram nos restaurantes mais populares, mas mesas sobravam lá pelas 14h, especialmente ali perto dos dinossauros da floresta e da neve – a temática do local era Jurassic Park, vale mencionar. O barulho ali também era bem menos intenso, e por isso dava para ouvir os avisos de “Se você se perder, procure pela equipe do evento” ditos por Goku – ou melhor, pelo dublador dele, Wendel Bezerra.

“Assina aqui pra mim?” – Indo até a raiz da expressão, uma Comic Con é um evento que reúne amantes de quadrinhos e quadrinistas. Os primeiros levam as revistas ou livros ilustrados que mais gostam, que na convenção são autografados pelos segundos – que ao menos na Comic Con Experience brasileira tinham um espaço só deles. O “corredor dos artistas” juntou pelo menos 200 quadrinistas, que receberam fãs de seus trabalhos, assinaram um bom número de publicações e aproveitaram para tentar vender alguns exemplares. A dupla formada por Fábio Moon e Gabriel Bá, autores de “Daytripper”, era uma das mais procuradas, e uma fila respeitável chegou a se formar já na quinta-feira. O grupo de outros autores que ocupavam a mesa à direita dos dois, com um painel do Stout Club ao fundo, também era bem requisitado.

Mas filas grandes mesmo se formaram nas sessões de autógrafos (algumas gratuitas, outras pagas) e nos “Meet and Greets”, os encontros (pagos) com os convidados do evento. Edgar Vivar, o Senhor Barriga, por exemplo, atraiu uma boa quantidade de pessoas. E ao menos as consultadas por INFO saíram bem satisfeitas do encontro. “Ele é um amor de pessoa!”, disse um dos fãs do ator mexicano, exibindo, todo sorridente, a foto. Sean Astin também atraiu uma multidão (veja abaixo), e entre os artistas “gratuitos” foi o escritor Timothy Zahn (de obras relacionadas a “Star Wars”) quem mais aglomerou pessoas – e isso no meio do pavilhão.

No fim das contas, satisfação – As filas para comprar, entrar em lojas, tirar fotos e pedir autógrafos realmente não importaram muito, no fim das contas. Conversei com alguns visitantes – quase todos vindos de fora de São Paulo – pouco antes de ir embora do evento e as críticas foram mínimas, quando não inexistentes.

Um grupo com dois de Brasília e uma de Maceió, na espera para ver Astin, foi só elogios, enquanto um único visitante mais crítico reclamou apenas dos nomes nem tão estelares convidados para a convenção. Mas ele mesmo admitiu que isso deve melhorar nas próximas edições. Um cosplayer vindo de Belém (PA) elogiou o camarim reservado para os fantasiados (algo que Érico Borgo, da organização, disse ter sido preparado a pedido do público), enquanto outros que nem sabiam da existência do espaço ainda assim deram notas de 8 a 10 para o evento – bem melhor do que outros que eles já foram.

É algo que eu mesmo não posso discordar. Um Anime Friends, hoje o maior evento do gênero na América Latina, não tem uma estrutura como a da CCXP, como a própria organização do evento contou. Mesmo comparada ao Brasil Game Show, outra feira enorme, a “de quadrinhos” se sai melhor, especialmente em termos de alimentação – e isso eu também ouvi de visitantes que estiveram em ambos os locais.

Na comparação final, no entanto, a Comic Con Experience ainda fica atrás da Comic Con de San Diego. Os convidados ainda não têm o mesmo peso e os anúncios exclusivos ainda não foram muitos, por exemplo. Mas como me disseram dois visitantes que também estiveram na feira norte-americana, a vantagem de lá não é tanta. E um deles ainda me garantiu que o evento brasileiro ainda vence em um quesito: as filas, que lá fora, de tão grandes, ganham até um Twitter “oficial”.

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