Teatro: o festival online vai até 1º de agosto. (Bob Wolfenson/Reprodução)
Matheus Doliveira
Publicado em 13 de maio de 2021 às 12h21.
Última atualização em 13 de maio de 2021 às 17h55.
Para atender a profissionais das artes cênicas que ficaram sem trabalho durante o período de pandemia, a Associação de Produtores Teatrais (APTI) está promovendo seu primeiro festival online, que contará com mais de 20 peças teatrais disponíveis "on demand" a partir do próximo sábado.
Os ingressos custarão a partir de 20 reais e os espetáculos ficarão disponíveis por 48 horas todos os finais de semana, até 1º de agosto. Na programação, o destaque fica com as peças "Eu - A Arte da Dúvida" com Denise Fraga; "A Árvore", com Alessandra Negrini; "Pós-F"; com Maria Ribeiro; "Madame Blavatsky"; com Mel Lisboa; e o musical "Meu Amigo Charlie Brown".
Todo o valor arrecadado durante o festival será usado no auxílio de mais de 30 mil famílias de profissionais da cultura do Estado de São Paulo. “Para tornar acessível, vamos disponibilizar um leque de valores a partir de 20 reais para que o público possa escolher quanto pode doar” diz André Acioli, presidente do conselho da APTI. Confira a programação completa.
Concepção e Direção: Pedro Granato. Dramaturgia: Tainá Muhringer e Felipe Aidar.
Com Núcleo Pequeno Ato.
Na trama, o filho do presidente é encontrado morto em um cabaré privativo e o público é convidado a investigar as pistas antes do anúncio oficial para imprensa. Ninguém pode sair do estabelecimento e começam as interrogações conduzidas por um delegado. O público é direcionado para cabines privês e pode interrogar as personagens. Os atores fazem a encenação em tempo real, executando as cenas e interagindo com a plateia. Dessa forma se estabelece um jogo imersivo onde a participação do público é fundamental para ajudar na elucidação do que aconteceu naquela noite.
Texto e atuação: Denise Fraga
Direção: Luiz Villaça
A peça narra parte da biografia do cientista italiano Galileu Galilei, que conseguiu provar que a Terra girava em torno do Sol, mas foi obrigado a negar publicamente a sua descoberta para não ser queimado na fogueira da Santa Inquisição. Sua atitude, considerada covarde por muitos, permitiu, porém, que o cientista terminasse seu famoso livro I DISCORSI, uma obra que revolucionou a ciência.
Texto: Priscilla Conserva. Direção: Débora Dubois.
Com Edson Montenegro (in memorian)
Inspirada nas músicas de Gonzaguinha, a dramaturgia passeia pelas memórias de um homem refletindo sobre suas relações afetivas. Um monólogo de memórias suscitadas pelo período de confinamento em casa devido à pandemia, onde ele se vê diante de angustiantes lembranças e medos, memórias que passam pela infância, pela relação conflituosa com a família, a juventude boêmia e a mulher que fora (e ainda é?) o grande amor de sua vida, sua principal interlocutora. O personagem que se encontra nas músicas e se confunde com elas, evidencia a complexidade do ser humano, carregando consigo a esperança de melhores tempos.
Texto: Silvia Gomez. Direção: Ester Laccava e João Wainer.
com Alessandra Negrini.
A. vem enfrentando um estranho e inexplicável processo ao ver seu corpo transformar-se em algo que desconhece. Prestes a completar a experiência, ela se despede de suas feições mundanas com um relato que reflete sobre os aspectos extraordinários dessa viagem.
Texto: Anton Tchekhov. Direção: Cássio Scapin e André Acioli.
Com Cássio Escapin.
Um homem que é coagido por sua esposa a dar uma palestra beneficente, sobre os males do uso do tabaco, acaba expondo suas angústias e a realidade particular que passa desapercebida pela sociedade a qual pertence. Nesta obra, o autor mostra a luta do indivíduo contra os limites de mediocridade impostos pelas relações sociais.
Texto: Nikolai Gogol. Adaptação e Direção: Elias Andreato.
Com Rainer Cadete.
A montagem, celebra 18 anos do ator Rainer Cadete. No texto, o personagem se perde na cronologia dos dias e, através de seu emprego numa repartição e da paixão pela filha de seu chefe, expõe seus pensamentos, anseios e percepções do mundo por meio de uma ótica de clausura e solidão de quem não é notado.
Texto: Consuelo de Castro. Direção: Clara Carvalho.
Com Fernanda Couto e Kiko Vianello.
O texto aborda diversos temas como a relação a dois, os múltiplos papéis sociais, a condição feminina, loucura e sanidade, sonhos e finitude, a efemeridade da vida, e marcou a ruptura da autora com o teatro realista, apresentando, de forma lúdica, diversas situações e crises do casal Ela e Oz. A peça foi montada pela primeira vez em 1987, com Nicette Bruno e Paulo Goulart.
De Fernanda Young. Direção: Mika Lins.
Com Maria Ribeiro.
O solo é inspirado em Pós-F, Para Além do Masculino e do Feminino, a primeira obra de não-ficção de Young, que venceu o Prêmio Jabuti 2019, mesmo depois da precoce morte da autora em agosto daquele ano. O livro reúne textos autobiográficos e ilustrações da própria Fernanda que fomentam o debate sobre o que significa ser um homem e uma mulher nos dias de hoje. O Espetáculo trás um olhar, instigante sobre esse universo, realizado totalmente digital, dos palcos para as telas.
Texto: Thiago Sogayar Bechara. Direção: Elias Andreato.
Com Mariana Muniz.
O solo apresenta Sófia Andrêievna Tolstaia (cujo apelido era Sônia), a viúva de Liev Tolstói, autor de clássicos universais como Guerra e Paz e Anna Kariênina, a partir de uma visão feminina da relação conjugal que, desde o século 19, é tema de discussão na filosofia, na sociologia, na psicologia, na política e, claro, na literatura, onde Tolstói deu primazia biográfica para acontecimentos ligados direta ou indiretamente ao seu casamento. Preparando-se para receber uma homenagem póstuma feita ao marido, a viúva Sófia Andreiêvna (Sônia) se debate contra as paredes de sua memória e acaba por revelar seu ponto de vista sobre um homem a respeito do qual o mundo inteiro pensava ter direitos.
Direção: Antonio Januzelli.
Com Marcello Airoldi
A montagem narra a história de um homem que percorre uma longa jornada para tentar matar um outo homem. Enquanto percorre esta trajetória, o rapaz chega ao limite entre as lembranças de fatos reais e a imaginação de uma memória que vai além do tempo concreto.
Texto: Munir Pedrosa e Herbert Bianchi. Direção: Herbert Bianchi.
Com Angela Barros, Bruno Feldman, Clarissa Drebtchinsky, Fan Feldman, Isabel Setti, Letícia Sobral, Munir Pedrosa, Rita Batata, Marcelo Zorzeto e Rodrigo Caetano.
Eram quase três e meia da tarde de 5 de novembro de 2015, um dia quente, como de costume no vale do Rio Doce, quando a barragem de rejeitos de minérios de Fundão, em Mariana-MG, com cerca de 55 bilhões de litros de lama espessa, rompeu-se sobre os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo. Depoimentos perturbadores e surpreendentes são colocados no palco e evidenciam a simplicidade de pessoas que perderam tudo ou quase tudo o que tinham. Da criança do grupo escolar ao velho da folia de reis, do ativista de direitos humanos à aposentada que escreve poemas, somos convidados a escutar os sobreviventes que, com suas histórias, traçam um panorama político, histórico e cultural do nosso país.
Texto: Marcelino Freire e Geni Guimarães. Direção: Renato Farias.
Com Olivia Araujo.
Zefa, uma mulher de muitos anos faz, poesia, com o vento, o tempo, os sons, os cheiros. E quem vai dizer que não há arte na simplicidade de quem lê a vida na fumaça do café. Inventora, tradutora de línguas e linguagens. Dona das palavras que a põe de pé. Dona de si e de seu tempo. Sabedora de quem é, de onde veio e onde está. Fala sem medos, com o conhecimento de quem já viveu o suficiente para saber falar de amor e desamor. Sem medos de afirmar o seu ser mulher, sem medos de rir da ignorância dos “letrados”. Pelos seus olhos passeiam as lembranças da música da irmã, a beleza da mãe, a aflição do pai, o senhor garboso, a avó trançadeira de algodão. Zefa, reafirma sua poesia com a sua existência e resistência.
Texto: Marina Corazza. Direção: Malú Bazán.
Com Nicole Cordery.
A peça retrata a relação de amor entre a poetisa Gertrude Stein (1874-1946) e a cozinheira e escritora Alice B. Toklas (1877-1967), que dedicou os últimos 21 anos de sua vida à divulgação da obra de sua companheira numa época em que não se falava em homoafetividade.
Texto: André Fusko. Direção e atuação: Amanda Acosta.
Quatro mulheres em idades diferentes ao falarem sobre suas vidas acabam revelando as mães que são ou virão a ser. Instinto ou razão? Medo ou encantamento? Presunção ou humildade? Egoísmo ou generosidade? Ou tudo isso? Uma surpresa para quem espera um espetáculo adocicado e ameno.
Texto: Milton Morales Filho. Direção: Bruno Guida.
Com Daniel Infantini.
No camarim de um teatro uma mulher relembra sua vida e trajetória quando uma grande atriz de teatro a adotou ainda menina. Seu sonho, de ser adotada por uma diva, logo se torna pesadelo. Numa dispensa apertada, num regime árduo de trabalho escravo, enclausurada entre cortinas de veludo, a esperançosa menina cresce servindo a Madame como faxineira durante o dia e camareira à noite. Mas é a noite, nos teatros pelo mundo, que ela se permite voar entre camarins e coxias, através das personagens da Madame ao longo de sua carreira e assim ela se realiza e constrói suas próprias histórias, com referências dos clássicos textos do teatro. De forma orquestrada Infantini realiza um jogo cênico, dentro desse pequeno camarim, e aos olhos do público se faz presente todas as suas personagens imaginárias.
Texto: Mónica Salvador. Direção: Odilon Wagner.
Com Tania Bondezan.
Annetta Poché é uma sexóloga búlgara formada na Sorbonne, que introduz ao público técnicas para a vida sexual dos casais, dando receitas insólitas para superar as diversas crises que acontecem ao longo de anos de convivência. Com a sua técnica revolucionária, ensina a manter o fogo de um relacionamento com uma única pessoa. Com humor inteligente e divertido do início ao fim o texto provoca a gargalhada do público de todas as idades.
Texto: Matei Visniec. Direção: Bruno Kott.
Com Nicole Cordery e Mauro Schames.
Adaptação do texto teatral, A História Dos Ursos Pandas (Contada Por Um Saxofonista Que Tem Uma Namorada em Frankfurt), do dramaturgo romeno, Matei Visniec apresenta um casal de desconhecidos que acorda na mesma casa. Trazem apenas fragmentos da noite anterior. Eles precisam um do outro para montar esse grande quebra cabeça de sentimentos e memórias. Esta experiência foi concebida durante a quarentena da Covid-19, com os artistas envolvidos, isolados em suas casas.
Texto: Fernando Pessoa. Direção e atuação: Elias Andreato.
O roteiro inventa um personagem, real em seu quarto, através da prosa e da poesia de Fernando Pessoa, do estado criativo do poeta e tem como centro O Marinheiro uma obra, minimalista, provocatória e verdadeiramente de vanguarda que nos dá a oportunidade de conhecer de onde vem a inspiração de Fernando Pessoa, que com 24 anos, escreveu em dois dias de outubro de 1913. Acredita-se que o marinheiro descrito na obra seja o próprio Fernando Pessoa, concentrado na realidade e ação, no sonho de viver. É na verdade a primeira criação dos seus três heterônimos, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, sendo estes últimos objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra.
Texto: César Baptista. Direção: Janaina Suaudeau, Cesár Baptista e Fernando Bueno.
Com Natalia Gonsales.
Monólogo inspirado no diário da escritora e filósofa francesa Simone Weil. Nascida em 1909 em Paris, filha de médico, aos vinte anos aluga um quartinho perto de uma fábrica, despede-se de seus pais, amigos e das aulas de filosofia para trabalhar na linha de montagem com o objetivo de escrever sobre a condição operária e a opressão social. A partir dessa vivência, Simone deixa uma espécie de diário relatando o seu dia a dia na fábrica: a fome, as labaredas, os ruídos ensurdecedores, os acidentes, as doenças, as ordens, o medo, o esgotamento, o envelhecimento, a infelicidade, o emburramento.
Texto: Juan Mayorga. Direção: Elias Andreato.
Com Ana Cecília Costa
Adaptação do premiado texto A Língua em Pedaços do espanhol Juan Mayorga e conta a vida de Teresa D’Avila, que de dentro no seu claustro monástico, responde e enfrenta o Inquisidor, arauto da poderosa Igreja Católica, que a acusa de subversão e heresia.
Texto: Clovys Torres. Direção: Cristina Cavalcanti.
Com Lilan Blanc e Tuna Dwek
Duas mulheres são as únicas sobreviventes de um planeta totalmente corroído pela peste e pelas queimadas. Elas dependem uma da outra para continuarem a viver, mesmo sendo de temperamentos opostos: uma sonha e idealiza um futuro, enquanto a outra nem dorme e deseja sair daquele lugar inóspito; elas conversam sobre a vida, ou a falta de vida.
Texto: Luiz Farina. Direção: Nelson Baskerville.
Com Natalia Gonsales, Flavio Tolezani e Vitor Vieira.
Carmen e José vivem uma trágica paixão. Na trama, ele narra o seu amor por Carmen e o motivo que o levou a prisão. E ela, através do seu olhar, narra o seu ponto de vista em relação à história. Baseado na novela de Prosper Mérimée publicada em 1845, no qual Georges Bizet se inspirou para criação da ópera Carmen
Texto e direção: Caio D’Aguilar.
com Anderson Negreiro, Ilu Malanda, Caio D'aguilar, Fernanda Ross, Kenan Bernardes, Alberto Pereira Jr e Carlos De Niggro.
O espetáculo mescla temas históricos da negritude, a partir de uma narrativa ficcional, uma viagem que aborda desde fantasmas da Ku Klux Klan, Gorilas, à temas como os efeitos da segregação racial, pela narrativa e ótica do personagem - Crioulo - um jovem que perde seu pai, um ativista das causas sociais, morto por policiais milicianos num conflito racial. Com situações cômicas e ácidas a partir de histórias que revisitam décadas de preconceito, violência, conflitos de raças e identidade, Crioulos é uma crítica mordaz a respeito das questões raciais, tão presentes nos dias de hoje. Sucesso de público e crítica, a peça teve estreia antes da Pandemia, abordando justamente as semelhanças entre as lutas da Cultura Negra do Brasil e Estados Unidos.
Texto: Claudia Barral. Direção: Marcio Macena.
Com Mel Lisboa.
Madame Blavatsky, ou Helena Petrovna Van Blavatskaya, foi uma escritora e médium russa do século 19, fundadora da Sociedade Teosófica. Na peça, Helena retorna encarnada no corpo de uma atriz/médium para revisitar a sua história e esclarecer alguns pontos controversos da sua biografia, nos possibilitando investigar os limites entre verdade e fingimento ou realidade versus ficção, que são caros ao teatro assim como ao misticismo.
Baseado nas Tirinhas de Charles Schulz. Um Musical de Clark Gesner. Versão Brasileira: Mariana Elisabetsky.
Com Leandro Luna, Tiago Abravanel, Paula Capovilla, Mateus Ribeiro, Mariana Elisabetsky e Guilherme Magon. Swings: Douglas Tholedo e Tecca Ferreira.
A dramaturgia e as músicas propõem o encontro do menino Charlie Brown com o mundo que o cerca, e sua constante busca pelo significado das coisas e dos sentimentos. O universo de Charlie Brown se caracteriza pelo humor delicado e melancólico, com personagens inteligentes, sensíveis, mordazes e criativos que provocaram uma revolução no mundo das histórias em quadrinhos. Afinal, o protagonista é um menino cheio de preocupações e com algumas frustrações; Schroeder vive debruçado ao piano e tem Beethoven como herói; Lino não desgruda de seu cobertor; Lucy tem uma banca de analista; Sally, a irmã mais nova de Charlie Brown, vive num dilema escolar e Snoopy é absolutamente extraordinário. Todos os personagens refletem sobre a simplicidade e a complexidade do cotidiano, além de questionarem e tentarem entender tudo que os rodeia.