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Nobel de Literatura vai para poeta sueco Tomas Tranströmer

Segundo a academia, "a maior parte da obra poética de Tranströmer está caracterizada pela economia, de concreção e de metáforas expressivas"

Tomas Tranströmer: "Por meio de imagens densas, límpidas, nos dá um novo acesso à realidade", afirmou a organização do prêmio sobre o poeta (Jessica Gow/AFP)

Tomas Tranströmer: "Por meio de imagens densas, límpidas, nos dá um novo acesso à realidade", afirmou a organização do prêmio sobre o poeta (Jessica Gow/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2011 às 11h53.

Estocolmo - O poeta sueco Tomas Tranströmer foi anunciado nesta quinta-feira pela Academia Sueca como o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura porque "por meio de imagens densas, límpidas, nos dá um novo acesso à realidade".

"A maior parte da obra poética de Tranströmer está caracterizada pela economia, de concreção e de metáforas expressivas", completa um comunicado da academia sobre o poeta, de 80 anos, psicólogo de formação.

Em suas últimas obras, Tranströmer "tende a um formato ainda mais reduzido e a um grau ainda maior de concentração", explica o comunicado.

O secretário da Academia, Peter Englund, declarou ao canal público de televisão sueco que conversou com o escritor e que Tranströmer ficou surpreso com o prêmio.

"Estava escutando música", contou Englund.

De acordo com o secretário, Tranströmer estava indicado desde 1973. Há 40 anos a Suécia não vencia o Nobel de Literatura.

"Não pensei que chegaria a vivenciar isto", disse a esposa do laureado, Monica, à agência sueca TT. Um grupo de jornalistas - que todo ano se reúnem diante da residência da família para a eventualidade do prêmio - estava presente.

"Também disse que se sente bem com todas estas pessoas que o felicitam e pedem para fazer fotos", completou.

Em sua obra, Tranströmer sugere que a análise poética da natureza permite submergir nas profundidades da identidade humana e em sua dimensão espiritual.

"A existência de um ser humano não acaba onde acabam seus dedos", declarou um crítico sueco sobre os poemas de Tranströmer, que considera "orações laicas".

A fama no mundo anglófono se deve a sua amizade com o poeta americano Robert Bly, que traduziu para o inglês boa parte de sua obra. Os livros do sueco foram traduzidos para quase 50 idiomas.

Os poemas de Tranströmer estão repletos de metáforas e imagens que ilustram cenas simples da vida cotidiana e da natureza.

A morte, a história e a natureza são temas recorrentes em sua obra.

"Ele trata da morte, da história e da memória, que nos observam, nos criam, e que nos tornam importantes porque nós, seres humanos, estamos em uma espécie de prisão, onde todas estas grandes entidades se encontram", escreveu Englund no site nobelprize.org.

"Faz com que nos sintamos importantes e, portanto, você nunca se sentirá pequeno depois de ler a poesia Tranströmer", completou.

Seu estilo introspectivo, descrito pela revista Publisher Weekly como "místico, versátil e triste", destoa da vida do poeta, comprometido com a busca por um mundo melhor e não apenas através dos poemas.

Paralelamente à criação poética, trabalhou com jovens delinquentes e deficientes.

Tomas Tranströmer sofreu em 1990, depois de publicar dezenas de antologias, um acidente vascular cerebral que o deixou parcialmente hemiplégico e afásico, obrigando uma redução das atividades.

A primeira antologia foi publicada quando tinha apenas 23 anos, quando ainda era estudante de Psicologia, e tem o título "17 poemas". A editora foi a Bonniers, uma das maiores da Suécia, com a qual prosseguiu por toda a carreira.

Seis anos após o derrame retornou à literatura com a antologia "Sorgegondolen" (Gôndola dolente), que vendeu 30.000 exemplares, um bom número para o gênero poesia.

Sua última publicação veio em 2004 com "Den stora gåtan" (O grande enigma), uma antologia de 45 poemas.

Desde então se concentra em outra paixão, a música, e toca piano diariamente, apenas com a mão esquerda em consequência da paralisia.

Ano passado, o Nobel de Literatura foi atribuído ao peruano Mario Vargas Llosa.

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