Copacabana Palace: imóvel vale R$ 179, 9 milhões. (Divulgação/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 14 de agosto de 2023 às 12h45.
Última atualização em 14 de agosto de 2023 às 12h46.
Manter o Copacabana Palace em excelente estado de conservação garante não apenas a elegância que atrai turistas endinheirados de todo mundo em busca de locais de hospedagem de alto padrão.
Se pela simbologia para a cidade seu valor é inestimável, O GLOBO confirmou, com o número de inscrição imobiliária do cadastro da Secretaria municipal de Fazenda, que, pelo menos para efeito tributário, o imóvel vale R$ 179, 9 milhões.
No entanto, o prédio é isento de IPTU e recolhe apenas R$ 1.365 de taxa de coleta de lixo, que ainda pode ser quitada em dez parcelas mensais.
Isso ocorre porque, como em qualquer outro imóvel na mesma situação, o hotel é beneficiado pela legislação municipal que concede isenção do tributo para prédios tombados. A única exigência é que as características originais sejam preservadas.
Preocupação à parte com o IPTU, que se fosse cobrado poderia chegar a quase R$ 4,5 milhões por ano (2,5% do valor do imóvel), a atual direção do hotel caprichou na comemoração do centenário. A fachada ganhou pintura nova que remete ao tom adotado em 1923 e modernizou sua iluminação cênica. O mobiliário da piscina foi trocado, ganhando novos ombrelones e espreguiçadeiras; e os centenários candelabros dos salões foram restaurados.
No entanto, nem sempre o cenário foi esse. Quem conta é o inglês Philip Carruthers, que assumiu a direção-geral do hotel imediatamente após o grupo Orient Express (hoje Belmond) comprar o hotel da família Guinle, em 1989. Carruthers comandou o Copacabana Palace durante 23 anos, quando o local passou por uma profunda reformulação:
— Nesses 23 anos, o grupo investiu US$ 120 milhões (cerca de R$ 600 milhões) em reformas no hotel. Bem mais do que os US$ 23 milhões (R$ 115 milhões) que pagou à família Guinle. Em 1989, o hotel não era mais competitivo no segmento de hospedagem de luxo. No máximo, equivalia a ficar hospedado em um hotel três estrelas — revela Carruthers.
A necessidade de modernização ocorreu em um momento em que redes de luxo mais modernas que o antigo hotel começou a investir mais na cidade, graças a incentivos fiscais do governo para construção de estabelecimentos de hospedagem a partir dos anos 1970, para atrair mais turistas internacionais. A partir daí e ao longo de quase dois anos, várias bandeiras se instalaram no Rio, entre elas, o Caesar Park (hoje Softel), em Ipanema, e o Le Méridien (hoje rede Hilton), no Leme. A primeira providência, conta Philip Carruthers, foi restaurar a fachada:
— Internamente, a configuração do hotel também mudou bastante para melhorar a oferta de serviços. Com isso, o hotel voltou a ser reconhecido internacionalmente pelo padrão de atendimento.
No fim de 2018, a rede Belmond foi vendida para o grupo francês LVMH, uma holding francesa especializada em artigos de luxo, que reúne, entre outras marcas, a Louis Vuitton.
— Independentemente da nacionalidade de quem o controla, o Copa manteve identidade própria. Mantém sua essência de ser genuinamente brasileiro — opina o ex-diretor.
O custo das novas intervenções para o centenário não foi divulgado. Mas, geralmente, no segmento luxo, pelo menos 4% das receitas são revertidas em melhorias na infraestrutura e para renovar quartos e mobiliário.
— O valor do Copacabana Palace não é o valor do edifício em si. Como patrimônio, seu valor é imensurável. Além de ser uma empresa como todas as outras que precisa fechar no verde ao final de cada ano, precisa ter clientes, hóspedes e empregados satisfeitos. Nosso lema é honrar o passado e inspirar o futuro — diz o português Ulisses Marreiros, atual diretor do hotel.
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Ele prossegue:
— Se o Copacabana Palace tivesse os mesmos valores de 1923, estaríamos fechados. Nós nos adaptamos aos novos tempos. Dentro de algum tempo vamos renovar os quartos, o que foi feito pelo menos três vezes (desde 1989). Devemos renovar o spa, entre outras áreas. Isso faz parte da proposta que temos para o cliente, que é focar na excelência dos serviços — adianta Marreiros.