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Pesquisa revela efeito da Covid-19 no humor dos brasileiros

Criado para ajudar no posicionamento de anunciantes e nortear decisões, levantamento esmiuça comportamento da população desde a estreia da pandemia no País

Praia no Rio de Janeiro durante pandemia: pesquisa da Globo busca entender humor dos brasileiros diante da crise (Luis Alvarenga/Getty Images)

Praia no Rio de Janeiro durante pandemia: pesquisa da Globo busca entender humor dos brasileiros diante da crise (Luis Alvarenga/Getty Images)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 4 de agosto de 2020 às 10h00.

Última atualização em 4 de agosto de 2020 às 13h52.

Para se manter sintonizada com o que a grande maioria da população espera de sua programação a Globo jamais tapa os ouvidos para o que seu departamento de pesquisas diz. Os dados levantados pela área podem definir tanto o desfecho de novelas quanto a troca de apresentadores. Com o novo coronavírus em cena, o setor foi incumbido de registrar o comportamento dos brasileiros ao longo da pandemia. Coletados tanto para nortear decisões internas quanto para assessorar os anunciantes, os dados foram divulgados nesta segunda (3) durante um webinar conduzido por Vitor Vasconcelos, diretor de Inteligência de Mercado da Globo.

“Conseguimos retratar a evolução do consumidor ao longo dos últimos meses e decidimos compartilhar nossos ‘insights’ com o mercado”, disse ele, para informar em seguida uma das conclusões do estudo: de cada dez brasileiros, sete acreditam que prestar esclarecimentos sobre a Covid-19 também é papel das marcas.

A Gabriel Nóbrega, o responsável de sua equipe pelo monitoramento dos serviços financeiros, perguntou se a visão geral a respeito dos bancos mudou com o surto viral. A resposta: “Eles assumiram um papel inédito, jamais tiveram esse protagonismo. Acredita-se, agora, que os bancos devem atuar em conjunto com os governos. Trinta por cento das doações ao longo da pandemia vieram do setor financeiro. Para 34% dos brasileiros os bancos saem mais fortalecidos”. Em outro momento, Nóbrega afirmou o seguinte: “60% dos ouvidos querem se planejar melhor para o futuro”.

Na equipe de Vasconcelos quem responde pelo monitoramento da área de telecom e plataformas é Rafael Garey, que apontou o aumento da conectividade e os reflexos dela no home-office, na educação à distância e na telemedicina. “O consumo de streaming e de games também cresceu muito”, ressaltou. “Em casa, o consumidor tem maior propensão para consumir de maneira online”.

Ao que Vasconcelos emendou: “Hoje o que mais se deseja não é mais carro ou bolsa e sim aspirador de pó autônomo ou máquina de lavar, é isso?”. “Sem dúvida”, respondeu o outro. “Por preocupações econômicas, 70% dos brasileiros estão consumindo menos. E houve uma migração do consumo. Abriu-se mão, por exemplo, de gastos com moda e cosméticos, e cresceu a procura por utilidades domésticas. O consumo pessoal de certa forma foi pausado”.

A Thiago Mariano, a quem cabe analisar os setores automotivo, de alimentos e bebidas, Vasconcelos perguntou se a procura por veículos menos poluentes e produtos sustentáveis foi impactada pela piora na economia. “Para o polo mais rico da sociedade a sustentabilidade pode continuar a influenciar as decisões de compra”, disse o primeiro. “Para o polo mais pobre o que mais mais importa agora é preço — 55% das pessoas disseram que trocariam sua marca preferida por outra que ofereça um preço mais adequado. Marcas que fazem promoções passaram a ser vistas como parceiras, pois o bolso é o que fala mais alto”.

E a expectativa para o Dia dos Pais e para a Black Friday, com os quais inúmeras empresas esperam, ao menos, diminuir os prejuízos acumulados no ano? Quem respondeu à pergunta foi Henrique Simões, especializado em analisar as empresas varejistas. “O Dia dos Pais tende a ser mais comemorado que o Dia das Mães e o otimismo em relação ao futuro está em linha crescente”, respondeu.

Diretora de pesquisa e conhecimento da Globo, Fábia Juliasz contou em seguida que a pesquisa divulgada começou a ser montada na primeira semana da pandemia. “Queríamos entender qual seria o ‘mood’ da população e os impactos nas jornadas de consumo”, resumiu. “Outra motivação foi tentar entender se com as restrições jamais vistas, tanto orçamentárias como de ir e vir, veríamos uma nova polarização na sociedade, envolvendo agora a solidariedade e o egoísmo”.

A pesquisa foi estruturada a partir de levantamentos semanais, cada um deles com 1500 entrevistas com representantes das classes ABC nas 5 regiões brasileiras. Na terceira semana da pandemia, constatou-se que a maioria da população decidiu comprar só o essencial; na sétima, que 60% decidiram cuidar da mente e adotar posturas positivas. Na quarta, 62% manifestaram medo de perder o emprego. Na 18°, 31% revelaram ter medo de morrer ou de perder parentes queridos.

Mas também brotaram dados positivos. A porcentagem dos que se sentiram mais próximos dos filhos: 76%. Quantos decidiram seguir um estilo de vida mais saudável: 81%. E 96% dos consultados afirmaram que vão manter os dados de higiene que adquiriram neste período quando o novo coronavírus sumir do mapa.

A pesquisa completa está disponível no site.

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