Pesquisa revela 20 poemas inéditos de Pablo Neruda
Mais de 20 poemas inéditos do poeta chileno foram encontrados durante revisão dos arquivos do autor
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2014 às 13h09.
Barcelona - Mais de 20 poemas inéditos do poeta chileno Pablo Neruda foram encontrados durante uma revisão dos arquivos do autor por parte da Fundação Pablo Neruda, anunciou nesta quarta-feira a editora Seix Barral, que os publicará no final de 2014 na América Latina e no início de 2015 na Espanha .
Segundo informou hoje a editora, os poemas foram descobertos em caixas que continham os manuscritos das obras do poeta, durante uma revisão exaustiva por parte da Biblioteca da Fundação Pablo Neruda, sob a direção de Darío Ouses.
Na revisão foi comprovado que alguns poemas manuscritos de extraordinária qualidade não haviam sido incluídos nas obras publicadas correspondentes a cada caixa.
A publicação desse material inédito de Neruda, a mais importante descoberta até agora do poeta, coincidirá com o 110º aniversário do nascimento do Prêmio Nobel e com o 90º aniversário da publicação de "Vinte poemas de amor e uma canção desesperada".
Para a Seix Barral, a certidão da autoria destes mais de 20 poemas "os transforma no maior achado das letras hispanas nos últimos anos, um acontecimento literário de importância universal".
A relevância dessa descoberta vive onde os poemas encontrados foram escritos com posterioridade a "Canto geral" (1950), na época de maturidade de Pablo Neruda.
Antes, só tinham aparecido dois trabalhos inéditos de Neruda: "O rio invisível" (editora Seix Barral, 1980), que incluía poesia e prosa de juventude, e seus poemas de adolescência, "Cadernos de Temuco" (Seix Barral, 1996).
O poeta e acadêmico Pere Gimferrer, que esteve muito implicado na publicação destes inéditos, avalia que nos novos poemas de Neruda achamos "o poderio imaginativo, a desbordante plenitude expressiva e o mesmo dom, o apaixonamento erótico ou amatório que para a inventiva, a sátira ou o mínimo detalhe cotidiano transformado em poema".
"Ou seja (é) por igual o Neruda de "Odes elementares" e o Neruda de "A Barcarola", o de "Memorial de Ilha Negra" e inclusive o de "Estravagario"", esclarece Gimferrer.
A editora Seix Barral avançou hoje um fragmento de um poema sem título, escrito em 1964, o ano em que aparece "Memorial de Ilha Negra", a grande recapitulação poética autobiográfica de Pablo Neruda ao completar 60 anos:
"Reposa tu pura cadera y el arco de flechas mojadas / extiende en la noche los pétalos que forman tu forma / que suban tus piernas de arcilla el silencio y su clara escalera / peldaño a peldaño volando conmigo en el sueño / yo siento que asciendes entonces al árbol sombrío que canta en la sombra / Oscura es la noche del mundo sin ti amada mía, / y apenas diviso el origen, apenas comprendo el idioma, / con dificultades descifro las hojas de los eucaliptos".
Esse poema foi encontrado na Caixa 52, que contém materiais muito diversos. Os originais são datilografados e não foi encontrada uma versão manuscrita do mesmo, detalhou a editora.