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Paletó para quê? Zegna desconstrói de vez a roupa de escritório

Novas coleções da marca sugerem que a roupa de escritório, e o casual friday, estão indo mesmo para o brejo

Look criado pela marca Ermenegildo Zegna  (Divulgação/Divulgação)

Look criado pela marca Ermenegildo Zegna (Divulgação/Divulgação)

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Daniel Salles

Publicado em 7 de dezembro de 2020 às 09h32.

Última atualização em 11 de dezembro de 2020 às 13h12.

Talvez você já deva ter se perguntado se para aquela reunião precisaria mesmo entrar na sala, seja a física, seja a virtual, trajado com aquele paletó reservado para impressionar. Segundo a grife italiana Ermenegildo Zegna, ao que parece, não mais.

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As novas coleções da etiqueta, uma das prediletas de altos executivos e da ala masculina afeita aos cortes de alfaiataria e à imagem de poder, mostram que a roupa de escritório, esse combo que por muitos anos apertou os colarinhos engravatados, fez o homem suar para caber na impositiva silhueta “slimfit” e relegou apenas às sextas-feiras o look esportivo, está indo mesmo para o brejo.

Desde julho, o grupo italiano comandado pela mesma família a mais de cem anos aposta alto nas silhuetas ampliadas, compostas de camisas de mangas curtas combinadas a calças feitas por sua famosa lã de merino. E também em opções de camisas de tecido tecnológico misturadas a uma parte de baixo mais relaxada se comparada às pregas milimétricas do uniforme corporativo.

Look criado pela marca Ermenegildo Zegna (Divulgação/Divulgação)

Não é que o paletó morreu, mas, para o estilista Alessandro Sartori, que comanda desde a linha “couture” até a esportiva Z Zegna, e ainda com o adendo dos calçados, já faz sentido substituir a peça por jaquetas de inspiração militar, algumas com a lapela típica aviador.

Já não seria necessário, também, o aspecto excessivamente liso do tecido usado no costume. Se o paletó é obrigação e a cor sóbria é sua preferência, porque não ele ser de náilon acolchoado como aqueles dos coletes amados pelos executivos das techs.

Aliás, vale salientar, essa mudança de paradigma foi bastante influenciada pelo Vale do Silício, onde a marca –e também sua concorrente, a Brunelo Cucineli – aposta na aproximação com os jovens engenheiros, desgarrados dos padrões tradicionais da alfaiataria e com carteira gorda o suficiente para gastar.

Pode ser difícil que um Mark Zuckerberg da vida opte por um dos conjuntos Ermenegildo Zegna Couture todo listrado, composto da calça de cintura alta com camisa de manga curta sobreposta a camiseta básica.

Mas seria perfeitamente plausível vê-lo dentro de uma jaqueta com estampa gráfica, combinada a boné e calça que lembra os modelos cargos de outrora, uma proposta casual de Sartori para a Z Zegna.

A ideia principal desse diretor criativo, que já comandou a renovação da grife de calçados Berluti, é a integração do que se entende por tecnologia têxtil, conforto e alta performance, sem que, para isso, descambe na imagem de roupa para puxar ferro na academia.

“Nossa missão é refletir o homem contemporâneo, em todos os aspectos da vida moderna. É uma luta de descontextualizar a ideia clássico do ambiente corporativo, como o conceito de terno com silhueta alongada e cores monocromáticas", explica o estilista, deixando claro que isso não deturpa o “DNA da Zegna de excelência em alfaiataria.”

Look criado pela marca Ermenegildo Zegna (Divulgação/Divulgação)

Na prática, o que ele oferece em todas as linhas do próximo verão 2021 são peças intercambiáveis, tingidas em sua maioria da paleta terrosa e vinculada à natureza –um recado claro sobre as preocupações ambientais do mundo, que ele evolui ao usar matéria-prima do estoque da marca, assim como fez recentemente a Louis Vuitton em seu desfile masculino.

Ainda é possível ver coletes, silhuetas mais ajustadas, mas a combinação final é menos sisuda, ao ponto de o grande lançamento de calçados ser um tênis. Não qualquer um, claro, porque ele emula a forma dos derbies clássicos, só que sem cadarços.

O “triple stitch” aparece em versões forradas ou com tecido natural, ou camurça. Porém, ambas carregam detalhes de couro, que não as deixam nem com aquela pinta de escritório, nem com a cara do famigerado sapatênis das sextas. Assim, a Zegna prova, mais uma vez, não haver desculpa para repaginar as cartilhas de vestimenta engomadas demais.

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