Vendas online e óculos feitos à mão: conheça a ótica dos millennials
Fabricados manualmente e pensados como acessórios de moda, os óculos da marca Livo custam bem menos que os da Prada, mas visam um consumidor parecido
Matheus Doliveira
Publicado em 23 de junho de 2021 às 14h32.
Última atualização em 23 de junho de 2021 às 15h05.
Não é preciso ser fashionista para perceber que um par de óculos faz toda a diferença para compor um visual. Consumidores mais novos não buscam somente um grau bem ajustado. Na verdade, eles querem acessórios de moda. O preço, no entanto, pode ser empecilho: modelos da Gucci e Prada podem custar milhares de reais. Tentando resolver essa equação, nasceu a Livo, ótica brasileira fundada em 2012 que fabrica óculos feitos à mão com custo mais acessível.
Para dar conta do recado, a marca está buscando um aporte de 12 milhões de reais. O objetivo é usar o dinheiro para duplicar o número de lojas, de dez para 20 até o fim do ano, e investir na experiência online.
Entre os óculos de grau e os escuros, a Livo só comercializa modelos próprios. Hoje, o portfólio conta com 180 designs diferenciados e antenados na moda eyewear. Com a pandemia, a marca passou a olhar com mais carinho para o e-commerce. “A maioria das pessoas não sabe que é possível comprar óculos de grau sem sair de casa”, diz Caco Bartsch, CEO.
A compra pela internet leva minutos. O cliente só precisa escolher um modelo de armação e de lente, enviar uma foto do rosto e da receita médica. O prazo para receber o produto em casa ou retirar em uma loja é de até sete dias úteis.
Na Livo, cada óculos produzido passa por pelo menos 40 etapas antes de chegar à mão do cliente. Hoje, 90% da produção fica na China e 10% no Brasil. O processo manual inclui montagem, polimento, recortes e encaixe das lentes.
O tíquete médio dos óculos é 600 reais. O valor inclui lentes e armação, que é feita de acetato, um velho conhecido das grifes de óculos. “A Livo é uma marca jovem, antenada na moda e pronta para atender os millennials” diz Bartsch. Em 2020, a marca faturou 10 milhões de reais.
No online, a venda dos óculos de grau quadruplicou, enquanto os pedidos de modelos solares triplicaram. “O preço de um Livo fica entre um Chilli Beans e um Ray Ban, algo raro para um produto de altíssima qualidade”, diz Bartsch.
O desafio da Livo é ganhar capilaridade em um mercado superfragmentado de 26.000 óticas . O segmento é liderado pela Óticas Carol, Óticas Diniz e Chilli Beans, que juntas possuem mais de 3.000 franquias.
Para atingir o objetivo de dobrar o faturamento a 20 milhões de reais em 2021, Ronaldo Pereira, ex-CEO das Óticas Carol, que é considerado o “Pelé das óticas” pela Livo, foi contratado como conselheiro. “Por um lado, a Livo tem a vantagem de trabalhar com uma única marca, o que imprime identidade aos óculos. Por outro, o perfil mais descolado privilegia um atendimento mais humano e menos médico”, diz.
Outra meta da Livo é equilibrar a balança entre o online e o digital, que hoje corresponde a 25% das vendas. “O consumidor de óculos ainda acha importante poder ir à loja física, mas também gosta da facilidade do e-commerce”, diz Bartsch.
Nesse sentido, bons exemplos não faltam. A Zerezes, ótica fundada pelos designers Hugo Galindo, Luiz Eduardo Rocha e Henrique Meyrelles em 2012, conseguiu passar quase metade de suas vendas para o online durante a pandemia. Se no passado as lojas físicas representavam 85% do faturamento, hoje elas dão conta de 65%, e os 45% restantes vêm do e-commerce. Um equilíbrio híbrido.