Uma placa escrita em quatro idiomas dentro do APA Hotel Roppongi Six (Reprodução/Bloomberg)
GabrielJusto
Publicado em 22 de julho de 2021 às 18h42.
Última atualização em 22 de julho de 2021 às 20h31.
Mensageiros, recepcionistas, chefs e concierges: funcionários de hotéis no Japão provavelmente terão mais tempo para assistir à Olimpíada do que esperavam.
O quarto estado de emergência da Covid-19 em Tóquio e a decisão realizar os principais eventos de atletismo sem público geraram uma onda de cancelamentos de quartos de hotéis. Este novo revés coloca ainda mais pressão sobre o setor hoteleiro que apostou alto nos Jogos Olímpicos como trampolim para a meta econômica do Japão de atrair 40 milhões de visitantes estrangeiros por ano.
Enquanto redes de hotéis com grandes reservas de caixa podem se ajustar para o longo prazo e esperar por dias melhores no pós-Covid, para operadoras de menor porte o sonho olímpico abalado pela pandemia já testa a resistência comercial das empresas em meio ao aumento dos pedidos de recuperação judicial.
“Tínhamos grandes esperanças e expectativas para a Olimpíada”, disse Makiko Furusato, que administra um pequeno hotel do estilo japonês ryokan a 15 minutos de carro de quatro dos principais centros dos jogos. “Abrimos em outubro de 2019 e imediatamente fomos atingidos pela pandemia. Agora isso, exatamente quando esperávamos que fosse entrar algum dinheiro.”
Furusato e o marido ajudaram anteriormente a administrar um hotel em uma cidade turística a oeste de Tóquio. Eles viram os jogos como uma oportunidade única de mudar e abrir sua própria pousada boutique. Escolheram o novo bairro especificamente com a Olimpíada em mente.
Mas, em vez de um hotel cheio de hóspedes durante os jogos, Furusato enfrenta cancelamentos e concorrência de outros hotéis que reduziram os preços para um terço da tarifa vigente durante o período olímpico.
“Bares e restaurantes também estão com problemas terríveis, mas pelo menos estão recebendo alguma compensação do governo”, diz a proprietária, mostrando frustração com o fato de o primeiro-ministro Yoshihide Suga não ter tomado mais medidas para ajudar pessoas como ela. “Os holofotes simplesmente não estão focados em nosso setor.”
A decisão de proibir espectadores nos eventos esportivos pode levar ao cancelamento de mais de um milhão de reservas ou planos de estadia em hotéis. O número é baseado em 30% das pessoas com ingressos para os jogos vindos de fora da grande Tóquio, conforme indicado pela ministra dos Jogos Olímpicos, Seiko Hashimoto. Cada uma delas planejava ficar pelo menos uma noite em um hotel.
“Este último golpe muito provavelmente irá desencadear mais falências”, disse o economista Hideo Kumano, do Dai-Ichi Life Research Institute. “E você não pode descartar o impacto sobre o clima nacional deixar a Olimpíada sem espectadores.”