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Documentário explora matança de mineiros na África do Sul

Filme utiliza entrevistas com sobreviventes e usa vídeos dos disparos registrados pelo cinegrafista da Reuters Dinky Mkhize

Centenas de pessoas prestam homenagens aos 44 grevistas mortos em Marikana, na África do Sul (©AFP / Stephane de Sakutin)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 18h32.

Johanesburgo - Foi como uma cena dos dias mais tenebrosos do apartheid: policiais sul-africanos abrindo fogo e matando 34 mineiros negros que exigiam um salário mínimo de uma rica empresa internacional.

Mas a matança nos arredores da mina de platina Marikana, da empresa Lonmin, aconteceu em 16 de agosto de 2012, quase duas décadas depois que a "Nação Arco-Íris" de Nelson Mandela trocou o governo de minoria branca por uma democracia multirracial.

O novo documentário "Miners Shot Down", do cineasta sul-africano Rehad Desai, explora os eventos que levaram ao que foi chamado de "Massacre de Marikana".

O filme tem um impacto especial atualmente, já que a maioria dos mineiros de platina está em greve por um salário mínimo de 12.500 rand (1.200 dólares) por mês há 15 semanas, e uma eleição geral será realizada na quarta-feira.

"O principal aqui, na verdade, é que 12.500 rand era o pedido formal", disse Desai à Reuters em uma exibição em Johanesburgo na quinta-feira passada, Dia do Trabalho e feriado na África do Sul .

"Mas o que ficou entalado na garganta desses mineiros foi o fato de serem privados de sua dignidade porque seus chefes não estavam preparados para conversar com eles como seres humanos".

O filme utiliza entrevistas com sobreviventes e usa vídeos dos disparos registrados pelo cinegrafista da Reuters Dinky Mkhize.

O documentário de Desai começa uma semana antes das mortes, depois que uma greve ilegal irrompeu nas operações da Lonmin, gerando uma espiral de violência.

O cinturão de platina da África do Sul estava mergulhado em um conflito brutal e ainda não encerrado entre a Associação de Mineiros e Sindicato da Construção (AMCU, na sigla em inglês) e o outrora todo-poderoso Sindicato Nacional de Mineiros (NUM, na sigla em inglês).

O filme mostra os trabalhadores tentando falar com os gerentes da mina e sendo rechaçados enquanto aumentava a violência, incluindo o assassinato de policiais e seguranças.

"A vida de uma pessoa negra é muito barata na África do Sul, eles vão nos matar", disse o presidente da AMCU, Joseph Mathunjwa, que lidera a atual greve de mineiros, em um depoimento gravado horas antes da matança.

Embora o pagamento e as condições tenham melhorado desde o fim do apartheid, muitos mineiros negros ainda sentem que não se beneficiam apropriadamente da riqueza mineral do país pelo trabalho duro e muitas vezes perigoso que realizam no subsolo.

O executivo-chefe da Lonmin, Ben Magara, pediu desculpas às famílias dos mineiros mortos de Marikana no ano passado em um evento que marcou o primeiro ano das mortes.

Desai disse que o seu sentimento de que a justiça não foi feita, já que uma comissão de investigação do acidente se arrasta, foi o principal motivo para produzir o filme de 80 minutos.

"Eu não podia ignorá-lo, era algo muito grande, demasiado dramático e perturbador para mim", disse ele.

"Eu tinha que fazer algo pelos mineiros. Senti que tinha que dar uma voz a eles. Se a autoridade ataca de forma tão brutal, os artistas têm que escolher um lado e indicar em qual lado estão", disse.

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Johanesburgo - Foi como uma cena dos dias mais tenebrosos do apartheid: policiais sul-africanos abrindo fogo e matando 34 mineiros negros que exigiam um salário mínimo de uma rica empresa internacional.

Mas a matança nos arredores da mina de platina Marikana, da empresa Lonmin, aconteceu em 16 de agosto de 2012, quase duas décadas depois que a "Nação Arco-Íris" de Nelson Mandela trocou o governo de minoria branca por uma democracia multirracial.

O novo documentário "Miners Shot Down", do cineasta sul-africano Rehad Desai, explora os eventos que levaram ao que foi chamado de "Massacre de Marikana".

O filme tem um impacto especial atualmente, já que a maioria dos mineiros de platina está em greve por um salário mínimo de 12.500 rand (1.200 dólares) por mês há 15 semanas, e uma eleição geral será realizada na quarta-feira.

"O principal aqui, na verdade, é que 12.500 rand era o pedido formal", disse Desai à Reuters em uma exibição em Johanesburgo na quinta-feira passada, Dia do Trabalho e feriado na África do Sul .

"Mas o que ficou entalado na garganta desses mineiros foi o fato de serem privados de sua dignidade porque seus chefes não estavam preparados para conversar com eles como seres humanos".

O filme utiliza entrevistas com sobreviventes e usa vídeos dos disparos registrados pelo cinegrafista da Reuters Dinky Mkhize.

O documentário de Desai começa uma semana antes das mortes, depois que uma greve ilegal irrompeu nas operações da Lonmin, gerando uma espiral de violência.

O cinturão de platina da África do Sul estava mergulhado em um conflito brutal e ainda não encerrado entre a Associação de Mineiros e Sindicato da Construção (AMCU, na sigla em inglês) e o outrora todo-poderoso Sindicato Nacional de Mineiros (NUM, na sigla em inglês).

O filme mostra os trabalhadores tentando falar com os gerentes da mina e sendo rechaçados enquanto aumentava a violência, incluindo o assassinato de policiais e seguranças.

"A vida de uma pessoa negra é muito barata na África do Sul, eles vão nos matar", disse o presidente da AMCU, Joseph Mathunjwa, que lidera a atual greve de mineiros, em um depoimento gravado horas antes da matança.

Embora o pagamento e as condições tenham melhorado desde o fim do apartheid, muitos mineiros negros ainda sentem que não se beneficiam apropriadamente da riqueza mineral do país pelo trabalho duro e muitas vezes perigoso que realizam no subsolo.

O executivo-chefe da Lonmin, Ben Magara, pediu desculpas às famílias dos mineiros mortos de Marikana no ano passado em um evento que marcou o primeiro ano das mortes.

Desai disse que o seu sentimento de que a justiça não foi feita, já que uma comissão de investigação do acidente se arrasta, foi o principal motivo para produzir o filme de 80 minutos.

"Eu não podia ignorá-lo, era algo muito grande, demasiado dramático e perturbador para mim", disse ele.

"Eu tinha que fazer algo pelos mineiros. Senti que tinha que dar uma voz a eles. Se a autoridade ataca de forma tão brutal, os artistas têm que escolher um lado e indicar em qual lado estão", disse.

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