Mouraria: berço do fado busca nova vida no coração de Lisboa
Intervenções urbanísticas e inúmeros projetos sociais promovidos pela prefeitura de Lisboa abrem uma porta de esperança para os 5 mil moradores deste emblemático bairro
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2012 às 19h16.
Lisboa - Fundado pelos muçulmanos no século XII e, posteriormente, ocupada pelos fadistas no XIX, o bairro lisboeta da Mouraria procura fugir de sua imagem marginalizada, ligada ao consumo de drogas e prostituição, com um ambicioso plano de revitalização urbana.
Intervenções urbanísticas e inúmeros projetos sociais promovidos pela prefeitura de Lisboa abrem uma porta de esperança para os 5 mil moradores deste central e emblemático bairro.
Motor do desenvolvimento de Lisboa junto às históricas zonas de Alfama, Castelo, Bairro Alto, Bica e Madragoa, a Mouraria carrega o estigma da exclusão desde sua iluminação.
O bairro, situado em uma área fechada da famosa colina de São Jorge, foi idealizado pelo primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques, como uma espécie de ''refúgio'' para os muçulmanos, os quais deveriam manter sob controle após a reconquista cristã da cidade no ano 1147.
Nove séculos mais tarde, o prefeito da capital portuguesa, o socialista António Costa, impulsionou um plano para resgatar o bairro e despojá-lo da imagem negativa que se passou a assumir nas últimas décadas por causa do consumo e venda de drogas e da prostituição.
Inspirado em programas de revitalizações usados em Nova York, Madri, Barcelona e Londres, o projeto para a Mouraria espera atrair jovens e famílias para o bairro, habitado majoritariamente por idosos e imigrantes.
''A prefeitura promove um conjunto de programas de apoio aos empreendedores e ao comércio local, assim como uma programação lúdico-cultural bastante diversificada'', afirmou à Agência EFE Costa.
A criação de bolsas de aluguel para jovens, a inauguração de um grande centro de saúde e uma creche, além de uma melhora do aspecto urbano são projetos que já estão em andamento. Shows, peças teatrais, cinema ao ar livre e rotas turísticas também fazem parte destas iniciativas que marcam o ressurgimento do bairro.
''Estamos investindo quase quatro milhões de euros na reabilitação de um prédio, onde funcionará o Centro de Inovação da Mouraria'', acrescentou Costa, que transferiu seu escritório para o próprio bairro no último ano para dar respaldo ao plano.
Da Mouraria original, os vestígios são poucos. A expulsão dos muçulmanos e dos judeus em 1497 foi seguida da reconstrução do bairro, contou à EFE Nuno Franco, um dos presidentes da associação ''Renovar à Mouraria''.
Franco, morador do bairro há 34 anos, explicou que com a passagem dos séculos o local acabou sendo povoado por gente de poucos recursos financeiros, enquanto nascia um ambiente favorável à prostituição, sobretudo pelas tavernas frequentadas pelos marinheiros.
O século XIX e parte do XX transformaram o bairro em um reduto da boêmia lisboeta, especialmente depois do surgimento do fado, o estilo musical português por excelência e reconhecido recentemente como patrimônio imaterial da Humanidade.
''Podemos dizer com toda propriedade que a Mouraria é o berço do fado, e não Alfama e qualquer outro bairro'', declarou Franco.
Apesar de não haver um consenso entre os historiadores sobre a origem exata do gênero - alguns falam em Cabo Verde, outros em diferentes ritmos indolentes da África -, a maioria acredita que foi a prostituta Maria Severa Onofriana que deu impulso definitivo ao genero.
''Ela vivia uma grande paixão com o Conde de Vimioso, que levou o fado à Corte, onde foi acompanhado com piano. Assim nasceu esta tradição tão portuguesa'', resumiu o responsável da associação, que também organiza passeios turísticos pela Mouraria.
No entanto, não só as raízes do fado se encontram no bairro. Um vasto patrimônio histórico formado por igrejas barrocas, palácios majestosos, azulejos do século XIII e casas do XVII também são destaques nas labirínticas ruas de Mouraria, onde também cresceu uma das vozes mais internacionais de Portugal, a fadista Mariza.
Lisboa - Fundado pelos muçulmanos no século XII e, posteriormente, ocupada pelos fadistas no XIX, o bairro lisboeta da Mouraria procura fugir de sua imagem marginalizada, ligada ao consumo de drogas e prostituição, com um ambicioso plano de revitalização urbana.
Intervenções urbanísticas e inúmeros projetos sociais promovidos pela prefeitura de Lisboa abrem uma porta de esperança para os 5 mil moradores deste central e emblemático bairro.
Motor do desenvolvimento de Lisboa junto às históricas zonas de Alfama, Castelo, Bairro Alto, Bica e Madragoa, a Mouraria carrega o estigma da exclusão desde sua iluminação.
O bairro, situado em uma área fechada da famosa colina de São Jorge, foi idealizado pelo primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques, como uma espécie de ''refúgio'' para os muçulmanos, os quais deveriam manter sob controle após a reconquista cristã da cidade no ano 1147.
Nove séculos mais tarde, o prefeito da capital portuguesa, o socialista António Costa, impulsionou um plano para resgatar o bairro e despojá-lo da imagem negativa que se passou a assumir nas últimas décadas por causa do consumo e venda de drogas e da prostituição.
Inspirado em programas de revitalizações usados em Nova York, Madri, Barcelona e Londres, o projeto para a Mouraria espera atrair jovens e famílias para o bairro, habitado majoritariamente por idosos e imigrantes.
''A prefeitura promove um conjunto de programas de apoio aos empreendedores e ao comércio local, assim como uma programação lúdico-cultural bastante diversificada'', afirmou à Agência EFE Costa.
A criação de bolsas de aluguel para jovens, a inauguração de um grande centro de saúde e uma creche, além de uma melhora do aspecto urbano são projetos que já estão em andamento. Shows, peças teatrais, cinema ao ar livre e rotas turísticas também fazem parte destas iniciativas que marcam o ressurgimento do bairro.
''Estamos investindo quase quatro milhões de euros na reabilitação de um prédio, onde funcionará o Centro de Inovação da Mouraria'', acrescentou Costa, que transferiu seu escritório para o próprio bairro no último ano para dar respaldo ao plano.
Da Mouraria original, os vestígios são poucos. A expulsão dos muçulmanos e dos judeus em 1497 foi seguida da reconstrução do bairro, contou à EFE Nuno Franco, um dos presidentes da associação ''Renovar à Mouraria''.
Franco, morador do bairro há 34 anos, explicou que com a passagem dos séculos o local acabou sendo povoado por gente de poucos recursos financeiros, enquanto nascia um ambiente favorável à prostituição, sobretudo pelas tavernas frequentadas pelos marinheiros.
O século XIX e parte do XX transformaram o bairro em um reduto da boêmia lisboeta, especialmente depois do surgimento do fado, o estilo musical português por excelência e reconhecido recentemente como patrimônio imaterial da Humanidade.
''Podemos dizer com toda propriedade que a Mouraria é o berço do fado, e não Alfama e qualquer outro bairro'', declarou Franco.
Apesar de não haver um consenso entre os historiadores sobre a origem exata do gênero - alguns falam em Cabo Verde, outros em diferentes ritmos indolentes da África -, a maioria acredita que foi a prostituta Maria Severa Onofriana que deu impulso definitivo ao genero.
''Ela vivia uma grande paixão com o Conde de Vimioso, que levou o fado à Corte, onde foi acompanhado com piano. Assim nasceu esta tradição tão portuguesa'', resumiu o responsável da associação, que também organiza passeios turísticos pela Mouraria.
No entanto, não só as raízes do fado se encontram no bairro. Um vasto patrimônio histórico formado por igrejas barrocas, palácios majestosos, azulejos do século XIII e casas do XVII também são destaques nas labirínticas ruas de Mouraria, onde também cresceu uma das vozes mais internacionais de Portugal, a fadista Mariza.