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Micro-hotéis: pequenos, mas com estilo

Eles atraem baby boomers e millennials, viajantes de negócios e mochileiros

The Pod hotel, em Washington, nos Estados Unidos (Justin T. Gellerson/The New York Times)

Guilherme Dearo

Publicado em 18 de agosto de 2019 às 07h00.

Última atualização em 18 de agosto de 2019 às 07h00.

Eles atraem baby boomers e millennials, viajantes de negócios e mochileiros. São particularmente interessantes para os desenvolvedores de hotéis, que podem construir mais quartos do que em um hotel típico.

Eles são conhecidos como micro-hotéis, inspirados nos hotéis-cápsulas japoneses de 40 anos atrás, que ofereciam acomodações pequenas e baratas para empresários.

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As novas versões são mais comuns em cidades caras como Nova York, Londres e Paris. Seus quartos são pequenos – muitas vezes metade do tamanho de um quarto típico de um hotel urbano, ou até menos –, geralmente com móveis que podem ser dobrados ou guardados, e banheiros que podem ter apenas um chuveiro e um vaso sanitário, sem banheira. Aparelhos de TV na parede também poupam bastante espaço.

Suas diárias são substancialmente menores que a de hotéis urbanos típicos. As tarifas nos hotéis Moxy, uma marca da Marriott, começam, por exemplo, em US$ 159 por noite nos Estados Unidos.

Com decoração inspirada nos hotéis-cápsulas japoneses e nas cabines de primeira classe das companhias aéreas, os micro-hotéis estão, cada vez mais, surgindo por todo o mundo.

Henry Harteveldt, presidente da empresa de pesquisa de viagens Atmosphere Research, disse que o processo de espremer mais quartos em um hotel se assemelha ao que as companhias aéreas fazem para aumentar o número de assentos em um avião. As diárias de quartos em um micro-hotel e as tarifas aéreas básicas da classe econômica podem ser relativamente baixas, disse ele, mas o número de clientes em potencial as torna atraentes para as operadoras.

Stephani Robson, professora da Escola de Administração Hoteleira da Universidade de Cornell, concordou que o conceito de quarto em um micro-hotel "é mais voltado para atender às necessidades dos desenvolvedores".

Embora o tamanho dos quartos seja "minimalista", disse Robson, "isso não significa que não sejam confortáveis ou elegantes. Eles são muito bem planejados e fazem o uso ideal de cada centímetro quadrado".

Outra vantagem para os desenvolvedores, disse Mark Van Stekelenburg, diretor-gerente da CBRE Hotels Advisory, é que o projeto dos quartos em um micro-hotel barateia a limpeza e a manutenção, em comparação com quartos maiores e mais tradicionais.

E o conceito de micro-hotel é atraente para empresas como Marriott e Hilton, que recentemente introduziram a marca Motto, porque permite que "tenham mais pontos no mapa", disse Michael Bellisario, analista de hospedagem da Baird, acrescentando que, quanto mais propriedades e marcas tiverem em todas as cidades, maior o potencial para receber de novo um hóspede.

A ideia de pequenos quartos chegou aos Estados Unidos em 1989. A marca Microtel, que surgiu em Rochester, Nova York, recebia hóspedes que davam importância aos preços, oferecendo quartos com a metade do tamanho dos quartos tradicionais pela metade do valor de suas diárias. Mas os especialistas, de acordo com os padrões atuais da indústria, não consideram o Microtel, agora propriedade da Wyndham, uma marca de micro-hotéis, uma vez que o tamanho de seus quartos tende a ser significativamente maior que o da maioria dos micro-hotéis mais recentes.

Geralmente, os quartos dos micro-hotéis, hoje, variam em tamanho de cerca de 10,7 a 20,4 metros quadrados, dependendo do número e do tamanho das camas. Um quarto típico em um hotel urbano nos Estados Unidos pode variar de 23,2 a 27,9 metros quadrados.

Outras grandes empresas hoteleiras estão lançando suas próprias marcas: introduzido em 2014, o Moxy, da Marriott, tem 44 hotéis na Europa, na Ásia e na América do Norte hoje, e assinou contratos para outros 96. O Motto, do Hilton, anunciado no fim do ano passado, tem mais de uma dúzia de projetos em desenvolvimento na Europa, nos Estados Unidos e na América do Sul.

Moxy Chelsea, em Manhattan, Nova York (Kate Cherkis)

Outra marca, a Mama Shelter – desenvolvida por antigos operadores do Hotel Club Med –, considera suas propriedades hotéis-butique, mas seus quartos podem ter apenas 11 metros quadrados. Existem atualmente nove hotéis Mama Shelter, com mais dez em desenvolvimento.

A Hyatt adquiriu sua própria marca de micro-hotéis, a Tommie, quando comprou a Two Roads Hospitality em outubro de 2018.

Entre as primeiras marcas de micro-hotéis independentes, estavam a Yotel e a Pod, que abriram suas primeiras unidades em 2007.

Os primeiros Yotels ficavam em aeroportos em Londres e Amsterdã, e seus quartos foram projetados por uma empresa britânica que também projeta cabines de aeronaves. Hoje em dia, as diárias geralmente variam de US$ 200 a US$ 229. A Yotel tem 12 propriedades, metade delas localizada em aeroportos e a outra metade, nas cidades. Mais dezoito foram planejadas, incluindo o novo conceito de estada prolongada.

Há quatro hotéis Pod em Nova York, incluindo um com acomodações para estada prolongada na Times Square. Há também um Pod em Washington e outros serão inaugurados na Filadélfia e em Los Angeles no ano que vem.

Existem agora muito mais marcas de micro-hotéis independentes, incluindo a Hoxton Hotels, com sede em Londres; a citizenM, com sede na Holanda; o Arlo em Nova York; e o Hotel Hive, inaugurado em 2017 em Washington.

Muitos micro-hotéis contam com grandes lobbies, com os espaços projetados para passar o tempo, jantar, beber e trabalhar; o Hive e a Hoxton vão em breve inaugurar espaços dedicados ao coworking em alguns hotéis.

Os lobbies de micro-hotéis às vezes exibem o trabalho de artistas locais, contam com alimentos e bebidas de fornecedores locais populares e oferecem atividades para hóspedes e outros visitantes. O Mama Shelter, por exemplo, disponibiliza acesso gratuito a mesas de pebolim e cabines de fotos e vídeo nos lobbies de muitas de suas propriedades, enquanto o Arlo oferece happy hours de detox digital, que são gratuitas para os hóspedes e estão disponíveis mediante uma taxa para os visitantes.

Os hóspedes de micro-hotéis muitas vezes têm acesso a benefícios do programa de fidelidade: os clientes do Moxy, Motto, Tommie e Mama Shelter podem, ou poderão, contar com os pontos dos programas das marcas mães, enquanto algumas marcas independentes – incluindo Yotel e Hive – têm seus próprios programas.

Outro tipo de acomodações compactas, com tamanhos variando de 2,8 a 5,2 metros quadrados, também está disponível agora, depois da passagem pela segurança de alguns aeroportos nos Estados Unidos, incluindo os de Atlanta, de Dallas e da Filadélfia. A Minute Suites e a Sleepbox, as operadoras, cobram dos hóspedes por tempo, que podem variar de 15 a 60 minutos até uma noite inteira. Muitos Minute Suites têm chuveiros, mas o Sleepbox não oferece nem banheiro nem banho; os hóspedes devem utilizar as instalações do aeroporto.

A prova de fogo dos micro-hotéis virá quando a economia "desacelerar, as taxas de desemprego aumentarem e as viagens corporativas e de lazer forem reduzidas", disse Jan Freitag, vice-presidente de hospedagem da STR, empresa de pesquisa hoteleira.

Van Stekelenburg disse não acreditar que o interesse no conceito de micro-hotel diminua tão cedo. "Veremos esforços continuados de empresas hoteleiras independentes e de grande porte. Acredito que eles vieram para ficar."

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