Mesmo com censura na China, diretor de "Better Days" chega ao Oscar
O filme de crime e romance filmado na China continental, o primeiro de um diretor nascido em Hong Kong a receber uma indicação ao Oscar, concorre na categoria de melhor filme estrangeiro
Julia Storch
Publicado em 13 de abril de 2021 às 11h37.
Última atualização em 13 de abril de 2021 às 11h42.
O diretor de "Better Days", Derek Tsang, disse que seu filme indicado ao Oscar pode incentivar outros artistas chineses a abordar temas difíceis, apesar das dificuldades para fazer as obras passarem pelos censores da China.
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Adaptado do romance "Young and Beautiful", de Jiu Yuexi, o filme conta a história de uma estudante vítima de bullying que desenvolve um elo forte com um garoto quando eles se envolvem em um caso de homicídio.
O filme de crime e romance filmado na China continental, o primeiro de um diretor nascido em Hong Kong a receber uma indicação ao Oscar, concorre na categoria de melhor filme estrangeiro.
Mas as audiências de televisão de Hong Kong não poderão acompanhar uma eventual vitória em tempo real, porque a emissora de sinal aberto TVB não transmitirá a cerimônia pela primeira vez em mais de 50 anos "por razões comerciais".
Tsang acredita que os censores aprovaram o título "porque todos pensam que o filme tem uma mensagem muito positiva e que (o bullying) é algo que precisa ser debatido", disse ele à Reuters em uma entrevista.
As liberdades artísticas se estreitaram nos últimos anos na China, onde as autoridades às vezes se mostram incomodadas com tópicos que retratam aspectos da sociedade como menos do que harmoniosos.
Embora não exista um "caminho claro" para ser aprovado pelas exigências da censura, é importante que cineastas e outros artistas tratem de temas nos quais acreditam, disse Tsang.
Lançado em outubro de 2019 na China e um mês depois nos Estados Unidos e em outros países, "Better Days" já arrecadou mais de 200 milhões de dólares em bilheterias em todo o mundo.
A decisão de não exibir o Oscar provocou preocupações a respeito das liberdades minguantes em Hong Kong, que tomou um rumo autoritário desde que a China impôs uma lei de segurança nacional abrangente no ano passado em reação aos protestos de 2019 a favor da democracia no polo financeiro.