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Marcas especializadas em dietas engordam os lucros na pandemia

Um estudo com indivíduos em isolamento social mostrou que eles ganhavam mais de um quarto de quilo a cada dez dias

 (Ilana Panich-Linsman/The New York Times)

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MD

Matheus Doliveira

Publicado em 26 de maio de 2021 às 06h00.

Última atualização em 26 de maio de 2021 às 12h13.

Talvez tenha sido a pizza. Ou o salgadinho de queijo que ela comia sem pensar enquanto trabalhava em casa no último ano. Ou aqueles malditos biscoitos. Seja qual for a causa, Jessica Short subiu na balança recentemente e descobriu que estava 11 kg mais pesada do que antes da pandemia. "Tive de sair de casa durante alguns dias seguidos e percebi então que nenhuma das minhas calças me servia", disse Short, de 39 anos, assistente de um programa de conservação em Lansing, no Michigan.

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Determinada a não comprar um guarda-roupa totalmente novo, Short se inscreveu em seu primeiro programa de perda de peso no início de abril. Em três semanas, perdeu dois quilos usando o aplicativo Noom. "Meu objetivo é perder os 11 quilos."

Enquanto alguns passaram o ano da pandemia criando refeições saudáveis ou pedalando uma Peloton por horas, muitos outros administraram a ansiedade e o tédio por meios menos saudáveis. Passaram a pandemia sentados no sofá, usando moletom folgado, bebendo vinho e comendo Cheetos. Agora, à medida que o tempo vai esquentando em todo o país e as pessoas começam a sair de casa e a voltar para o escritório, muitas querem perder o peso extra da pandemia.

O desejo de emagrecer é o ganho da indústria das dietas. Recentemente, as empresas que vendem planos para ajudar a perder peso viram um grande aumento nos novos negócios.

A Noom, que oferece planos personalizados em seu aplicativo a partir de US$ 59 por mês, viu esse aplicativo ser baixado quase quatro milhões de vezes nos Estados Unidos no último ano, tornando-o um dos aplicativos de saúde e fitness mais baixados, de acordo com a Apptopia. Da mesma forma, com o acesso a muitos de seus estúdios em todo o mundo restrito durante grande parte do ano passado, a WW International, anteriormente conhecida como Vigilantes do Peso, informou recentemente que tinha 4,2 milhões de assinantes digitais, salto de 16 por cento em relação ao ano anterior.

E a Medifast, de capital aberto, que oferece um plano de coaching e substituição de refeições chamado Optavia, projetou que sua receita superaria US$ 1,4 bilhão este ano, o dobro de 2019. A demanda é tão alta que os clientes estão relatando atrasos em seus pedidos e escassez de alimentos populares, e guerras de lances surgiram no eBay na disputa por produtos com pouco estoque. Recentemente, um lote de dez biscoitos de mirtilo Optavia foi vendido no eBay por US$ 99 com frete, por exemplo, e 14 pacotes de Caramelo Macchiato Shakes foram vendidos por US$ 94.

Embora o movimento de positividade corporal tenha ganhado força e grande parte da indústria da dieta tenha sido duramente atingida no ano passado pela pandemia, ela ainda é uma máquina de US$ 61 bilhões que atrai milhões de americanos a cada ano, de acordo com a empresa de análise Research and Markets.

Muitas dessas empresas evitam usar a temida palavra – dieta – para descrever o que vendem, e optam por termos mais atuais como "saúde" e "bem-estar" para promover seus programas.

"Vemos a Covid acelerando tendências em torno da saúde e do bem-estar que já existiam e que vão persistir por muito tempo, e acreditamos que o desejo de viver um estilo de vida mais saudável e priorizar a saúde é permanente", declarou um porta-voz da Noom em um comunicado.

É claro que muitas pessoas engordaram durante a pandemia. Um pequeno estudo com indivíduos que tiveram de ficar em casa mostrou que eles ganhavam mais de um quarto de quilo a cada dez dias. Se continuassem a viver como se estivessem em condições de confinamento, poderiam engordar nove quilos ao longo do ano, concluíram os autores do estudo, que foi publicado em março, com revisão por pares, em "Jama Network Open".

Ainda assim, críticos de muitos dos programas populares de perda de peso notam que, embora as pessoas provavelmente emagreçam se seguirem as rígidas diretrizes dos planos de substituição de refeições, para muitas esse peso acabará voltando.

"Se você tem uma festa de casamento daqui a duas semanas, um programa de substituição de refeições, por exemplo, pode ser útil. O problema é que ele não treina as pessoas a comer depois do fim do programa, e então voltar a engordar é bastante comum", disse Susan Roberts, professora de nutrição da Escola de Ciência e Política da Nutrição Friedman, da Universidade Tufts, e professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina da mesma universidade.

Roberts desenvolveu uma dieta própria de perda de peso, chamada Instinct, que visa retreinar o cérebro das pessoas em relação à comida. Ela afirma que os participantes de seu plano alcançam a perda de peso reduzindo a fome e os desejos nada saudáveis.

Apesar das críticas, muitas pessoas que saem do lockdown e se preparam para voltar ao mundo estão pedindo ajuda à indústria da dieta.

Depois de ter passado grande parte do ano escondida em seu apartamento em Austin, no Texas, estudando para seu doutorado em enfermagem pela Universidade de Oklahoma, Brenda Olmos, de 31 anos, percebeu que o fluxo constante de comida e lanches que estava consumindo resultara em sete quilos extras. No início de abril, inscreveu-se no plano Optavia e rapidamente perdeu dois quilos. "Eu tinha tentado o jejum intermitente, e não conseguia parar de pensar em comida porque não podia comer. Tentei a dieta cetogênica, mas não conseguia parar de pensar em carboidratos. Estou me dando seis meses para perder 13 quilos."

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