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Marca OEstudio destaca modelos negros na Fashion Rio

As modelos desfilaram looks de cores sombrias ao ritmo dos tambores do percussionista Jam da Silva

Modelo desfila criação da marca OEstudio na Semana de Moda do Rio de Janeiro: muitos modelos se queixam que só são chamados quando o tema dos desfiles é "étnico" (©null / null)

Modelo desfila criação da marca OEstudio na Semana de Moda do Rio de Janeiro: muitos modelos se queixam que só são chamados quando o tema dos desfiles é "étnico" (©null / null)

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Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2012 às 15h25.

Rio de Janeiro - A Semana de Moda do Rio de Janeiro foi marcada por um desfile da marca OEstudio, com forte presença de modelos negras, reflexo de uma onda de mistura de raças em um país como o Brasil, onde negros e mulatos são maioria, apesar de aparecerem muito raramente nas passarelas.

As modelos desfilaram looks de cores sombrias ao ritmo dos tambores do percussionista Jam da Silva.

"Queremos mostrar uma moda brasileira, não uma moda importada. Não somos 100% negros nem 100% brancos, somos esta diversidade. E para representar esta diversidade, decidimos fazer um casting muito equilibrado", declarou a estilista da marca, Anne Gaul, em entrevista à AFP.

Durante a abertura da 22ª edição do Fashion Rio para o inverno 2013, um grupo de manifestantes protestou contra a fraca presença dos negros nas passarelas, logo no Brasil, país co maior população negra do mundo depois da Nigéria.

Aos gritos de "Somos um país de negros!", os militantes da ONG Educafro pediam mais espaço para no mercado de trabalho nesse país de 194 milhões de habitantes, onde cerca de 52% da população é negra ou mulata, mas ainda é desfavorecida em relação ao brancos.

"A questão do racismo é um tabu no Brasil. Aproveitamos este instante de visibilidade para falar deste tema muito importante e mostrar que ser brasileiro é esta mistura de raças. Os negros devem ter mais espaço na moda", disse a estilista.

O organizador das semanas de moda do Rio e de São Paulo, Paulo Borges, minimizou o problema.


"As opções são sempre do estilista, que é responsável pela coleção. Vemos que há estilistas que colocam muitos modelos negros em seus desfiles, outros menos. Assim as coisas se equilibram", afirmou.

Muitos modelos se queixam que só são chamados quando o tema dos desfiles é "étnico".

Mara Jay, de 21 anos, 1,83 metros e 55 quilos, tenta justificar a fraca presença de negros nas passarelas: "Será que as negras brasileiras tem curvas demais?", pergunta.

"Quando um negro desfila, é para marcar a diferença. Acredito que somos poucos a desfilar porque geralmente os brancos tem perfis similares e os negros não. Cada negro tem uma beleza diferente, alguns são mais exóticos, outros menos", acrescentou, contando que quer tentar a sorte no exterior, "onde há mais modelos negros, é menos fechado que aqui".

De penteado afro, Rafaella Lemes, de 20 anos, faz sua estreia nas passarelas. "Acho que vamos terminar tendo cotas no mundo da moda. Estou feliz por quem já entrou, mas seria muito bom ter um desfile só com negros, teria muito impacto", afirmou.

Em junho de 2009 e sob a pressão dos movimentos negros, a Semana de Moda de São Paulo impôs pela primeira vez uma cota de pelo menos 10% para modelos de origem negra ou indígena.

Mas em 2010 "um fiscal conservador não manteve as cotas", disse à AFP o frei David Santos, religioso franciscano que dirige a ONG Educafro. Desde então, a Educafro "discute com a defensoria pública do governo federal uma maneira de garantir estas cotas na moda em todo o Brasil", acrescentou.

Após 13 anos de debates, a presidente Dilma Rousseff promulgou em agosto uma polêmica lei que reserva a metade das vagas em universidades federais aos estudantes de escolas públicas e outorga prioridade aos negros, mulatos e indígenas.

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