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Lenda do judô supera 80% do pulmão comprometido para lutar por medalha

Antônio Tenório ficou internado por 18 dias e precisou de ventilação, mas se recuperou e está em Tóquio para buscar a quinta medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos

O judoca Antônio Tenório vai disputar sua sétima Paralímpiada. (Bruna Prado/Getty Images)
AO

Agência O Globo

Publicado em 28 de agosto de 2021 às 16h15.

Maior judoca paralímpico de todos os tempos, Antônio Tenório precisou vencer a batalha pela vida antes de embarcar para Tóquio . Aos 50 anos, ele ficou internado por 17 dias num hospital particular de Itapevi, na Grande São Paulo, após testar positivo para Covid-19 . Lutou, venceu e agora busca a quinta medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos, com estreia neste sábado, a partir de 22h30 (de Brasília), na categoria até 100kg. O adversário ainda será definido.

— A sensação é de ter nascido novamente, de ter ganhado vários Jogos Paralímpicos contra a Covid-19. Sair com vida do hospital depois de ter passado duas semanas na UTI com 80% dos pulmões comprometidos foi uma das melhores sensações que já tive. Foi uma lição de vida tremenda para mim — diz o dono de seis medalhas paralímpicas (quatro ouros, uma prata e um bronze), que passou 15 dias respirando com auxílio de oxigênio.

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O caso de Tenório foi grave. De acordo com especialistas na área de saúde, pessoas com deficiência têm três vezes mais chances de contrair a Covid-19. No caso dos deficientes visuais como o judoca, as situações cotidianas podem apresentar risco de contaminação, como encostar as mãos em corrimãos, mesas, paredes e bancadas.

De volta, precisou passar por recondicionamento físico e treinamentos específicos para adquirir condições física. Ele não estava com índice paralímpico antes da internação. Ainda sim, conseguiu a vaga. Tenório é um dos responsáveis por fazer o judô render 22 medalhas na história dos Jogos ao Brasil, sendo quatro ouros (todos conquistados pelo judoca), nove pratas e nove bronzes.

Apesar dos 50 anos, engana-se quem pensa que os Jogos do Japão serão os últimos de Antônio Tenório. O atleta deixou claro que ainda tem lenha para queimar. Ele não quer encerrar o seu ciclo paralímpico agora e já projeta lutar em Paris em 2024, quando terá 54.

— Meus planos são ir até Paris, quando vai se formar a categoria de B1 por lá e, com certeza, eu vou pendurar a chuteira aos 54 anos. Agora sim é uma promessa — brinca.

Aos 13 anos, Tenório brincava com amigos quando seu olho esquerdo foi atingido por uma semente de mamona, o que causou um descolamento de retina e o deixou cego deste olho. Seis anos mais tarde, uma infecção no olho direito o deixou totalmente sem visão. Tenório já praticava judô desde os 8 anos de idade, então precisou fazer a adaptação para o judô paralímpico.

Tenório ocupa o quarto lugar no ranking mundial da classe B1 (cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância), na categoria até 100kg.

A delegação brasileira de judô conta com nove atletas, sendo cinco homens e quatro mulheres. Além de Antônio Tenório, Arthur Cavalcante (Até 90kg), Harlley Damião (até 81kg), Thiego Marques (até 60kg) e Willians Silva de Araújo (acima dos 100kg) competem no masculino. Allana Martins Maldonado (até 70kg), Karla Ferreira (até 52kg), Lúcia Teixeira (até 57kg) e Meg Rodrigues Vitorino (acima de 70kg) brigarão pelas medalhas no feminino.

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