Veneza - O poderoso cinema italiano de denúncia e compromisso, que formou gerações inteiras, retorna nesta sexta-feira ao Festival de Veneza com uma história sobre a máfia, em uma trama de vingança e sentimentos, sob a batuta do diretor Francesco Munzi.
Formado no lendário Centro Experimental de Cinema de Roma, Munzi, de 45 anos, consegue com "Anime Nere" ("Almas negras", em tradução livre), contar os mecanismos íntimos da 'Ndrangheta, a temida máfia calabresa, através da história de três irmãos, filhos de um pastor de cabras, analfabeto, nas perdidas montanhas de Aspromonte.
"É a história de três irmãos do povoado de Africo, que, junto com Plati e San Luca, faz parte do triângulo das Bermudas do crime", explicou Munzi, que rodou o filme neste território, o coração de uma das organizações criminosas mais ferozes, que administra o tráfico de cocaína na Europa e com ramificações na América Latina, principalmente no México e na Colômbia.
"Meu encontro com a Calábria foi como o de um antropólogo, um documentarista, cheio de curiosidade", confessa o cineasta, que se inspirou livremente no livro homônimo de Giocchino Criaco.
"Cheguei a Africo carregado de preconceito e medo. Descobri um mundo complexo e variado. A desconfiança se tornou curiosidade, abriram as portas das casas para nós, misturei atores profissionais com gente do lugar. Sem eles não poderia contar sua história", reconhece Munzi, que dedicou mais de três anos a este processo.
O filme, que participa sucessivamente do Festival de Toronto, foi aplaudido após sua primeira sessão para a imprensa e rompe com o clichê tradicional da máfia italiana.
Três irmãos
"Quis contar a guerra dentro de uma mesma família, uma família que implode, porque o conflito está dentro deles, na realidade é uma tragédia", sustenta Munzi, cujos atores falam em dialeto calabrês.
Protagonizado por três irmãos, Luigi, Luciano e Rocco (Marco Leonardi, Peppino Mazzotta, Fabrizio Ferracane), descreve a evolução de três simples filhos de um camponês assassinado por vingança que passaram a gerir negócios lucrativos em Milão e na América Latina, reciclar dinheiro, lidar com somas em inglês e espanhol, construir conjuntos residenciais, investir, viajar.
"Estudaram, passaram pela universidade, não são os criminosos que o cinema descreveu", ressalta o cineasta, que inicia o filme justamente com uma reunião em um porto anônimo de uma rica e grande cidade, na qual assuntos comerciais são tratados em vários idiomas, de espanhol a inglês.
Entre o arcaico e o moderno
Apesar desta modernidade, o filme, com uma fotografia que desconcerta, já que foi filmada em quase sua totalidade na zona velha de Africo, um povoado da Calábria que foi evacuado nos anos 50 após um desabamento, transporta o expectador a um ambiente arcaico, com seus ritos pagãos, como o cumprido pelo mais velhos dos irmãos, que bebe "pó de santo' para curar as doenças.
A guerra desencadeada entre humanos, com suas visões diferentes, seus laços com a própria história familiar, seu amor por sua terra, seus costumes e tradições, permitem ao diretor narrar uma história universal, de mafiosos de qualquer lugar do mundo, atormentados por um passado e condenados a um futuro.
"Este contraste entre o arcaico e o moderno é a chave do filme", explica o diretor, que consegue mostrar - sem usar muitas imagens violentas - as dificuldades para discernir entre o bem e o mal, para romper o círculo vicioso de vingança e ódio que a própria história familiar impõe, algo tão cruel quanto difícil de aceitar.
- 1. As lições de uma organização centenária
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São Paulo - Estima-se que a Máfia tenha surgido na Itália, durante a Idade Média. Sua origem estaria ligada a pequenos arrendatários de terras que contestavam a propriedade dos senhores feudais. Com o tempo, a organização – uma das mais antigas do mundo – envolveu-se com atividades criminosas de toda ordem: prostituição, jogo, drogas, venda de armas e de segurança, etc. Ok, não é o melhor modelo de negócios para ninguém que pretenda prosperar dentro da lei. Mas, creia, há lições de organização e gestão que a Máfia pode dar para qualquer empresa, sem ferir nenhum princípio. Pelo menos, é o que o ex-mafioso Louis Ferrante afirma no livro
“Mob Rules: What the Mafia can teach the legitimate businessman”. Veja, a seguir, alguns conselhos coletados pelo site
Business Insider.
- 2. 1. Guarde sua arma e ajude a velhinha a atravessar a rua
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Para Ferrante, um dos pilares da Máfia é o respeito aos valores da família e da organização, isto é, dos próprios mafiosos. Em seu livro, ele escreve que: “Na máfia, os homens que abraçam os valores da organização são os que se tornarão os grandes vencedores. Toda companhia deveria ter um conjunto de valores, e cada empregado deveria compartilhá-los.”
- 3. 2. Por que só há velhos na Máfia? Porque eles amam o que fazem
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Outra cena clássica dos filmes da Máfia: sujeitos quarentões, cinquentões e até sessentões cuidando das tarefas passadas pelo chefão. Enquanto isso, os veteranos aproveitam para ensinar o trabalho para os novatos - jovens ambiciosos que, geralmente, metem os pés pelas mãos. O dia-a-dia é pesado, violento, sem horários fixos e sujeito aos caprichos do capo. Como, afinal, alguém aguenta isso? Para Ferrante, o fato é que a grande maioria dos mafiosos ama o que faz . “Poucas pessoas são afortunadas o bastante para conectar aquilo que amam com o que fazem. Não se acomode, e você será uma delas”, ensina.
- 4. 3. Mafiosos não tomam notas – exercite sua memória
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Por motivos óbvios, mafioso que é mafioso não acumula provas contra si mesmo. Basta lembrar de Al Capone, chefe da Máfia de Chicago, preso por sonegação fiscal depois que a polícia encontrou seu guarda-livros. Por outros motivos, um homem de negócios também pode, e deve, exercitar sua memória. Segundo Ferrante, quem não precisa de notas é mais poderoso do que os outros. Manter o cérebro em dia é um degrau para o sucesso e um favor a si mesmo.
- 5. 4. Três pessoas com um segredo? Só se duas morrerem
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Outro pilar fundamental da Máfia é a confiança, ensina Ferrante. O ex-membro da Gambino lembra que pilhas de chefões mataram uma pilha ainda maior de linguarudos apenas para manter as coisas onde deveriam estar: em segredo. No mundo corporativo, a confiança também é uma moeda poderosíssima para subir na carreira. Basta lembrar de quanta dor de cabeça é causada por transações que vazam para os concorrentes na hora errada. “Se você realmente é uma pessoa confiável, saiba que você é uma grande commodity. Mas não ofereça sua lealdade a qualquer um. A pessoa ou companhia errada vai usar e abusar de você”, diz o ex-mafioso.
- 6. 5. Transforme o lixo em ouro
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Treine sua equipe e a si próprio para enxergar as oportunidades onde ninguém mais vê. Segundo Ferrante, muitos dos grandes negócios da Máfia vieram de chefões que fizeram o básico: tiveram paciência ou tino para prospectar negócios onde todos torciam o nariz.
- 7. 6. Respeite a cadeia de comando
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Da Igreja ao Exército, da Máfia às empresas, respeitar a hierarquia é fundamental para que as coisas saiam conforme o planejado. Uma ordem rígida pode soar anacrônica para as companhias, especialmente nos tempos em que gigantes da tecnologia, como o Google e o Facebook, lembram mais campi universitários. Mas, para Ferrante, esta é a garantia de que os negócios não sairão dos trilhos. “Respeite a hierarquia, quando estiver por baixo. Fortaleça-a, quando estiver no topo. A alternativa é a anarquia.”
- 8. 7. Seja persuasivo, mesmo quando não estiver armado
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Há melhores argumentos para motivar pessoas do que uma pura e simples exibição de força. E o mundo corporativo está cheio de executivos que jogam com o peso de seus cargos para intimidar alguém. Ferrante pode não ser um gênio da administração, mas aprendeu o básico: o melhor é motivar equipes e fazer aliados. “Por meio de uma forte liderança e motivação adequada, você pode galvanizar uma dúzia ou mais de pessoas e melhorar sua própria ambição, transformando-a numa locomotiva capaz de escalar qualquer montanha.”
- 9. 8. Mantenha as portas do seu clube abertas
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Todo mafioso que se preze tem um clube barra-pesada onde recebe amigos, trata de negócios e resolve problemas com adversários. Uma das cenas clássicas de filmes de gângsters é o criminoso que se aproxima respeitavelmente do chefe para sussurar-lhe algo, enquanto o capo joga pôquer. Esta é a política de portas abertas da Máfia. “Ela lhe dá uma visão ampla da organização. Cada pum será ouvido por você, e esta é a melhor forma de manter seus funcionários à mão todo tempo.”