Indústria da moda aposta em roupas para uso no mundo virtual
A Gucci vendeu recentemente uma versão digital da bolsa Dionysus na plataforma da Roblox por US$ 4.115 — acima do preço do item físico
Bloomberg
Publicado em 17 de junho de 2021 às 12h46.
Última atualização em 17 de junho de 2021 às 13h02.
Por Thuy Ong, da Bloomberg
É claro que a indústria da moda está interessada em NFTs: em um meio obcecado por autenticidade e exclusividade, um token que garante exatamente essas qualidades faz todo sentido.
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Do ponto de vista individual, o valor de roupas digitais autenticadas por tokens não fungíveis depende da opinião de cada um sobre o metaverso — ou universo virtual compartilhado.
Josh Ong, consultor de comunicação que mora em Nova York, já gastou US$ 500 em um par de tênis NFT e acha que não vai parar por aí.
“Por exemplo, quando eu estiver na pista do Atari Zed Run ou no Bored Ape Yacht Club, é provável que eu queira mais alguns itens para meus avatares”, disse o consultor de 37 anos, se referindo às plataformas de corridas de cavalos virtuais e criação de grafitti digital.
Espaços online onde os usuários podem interagir e participar de uma economia virtual têm suas origens na indústria de games. Mas não é só competição que acontece ali. Músicos se apresentam para milhões de pessoas nesses espaços, dinheiro suado é investido em terrenos virtuais e a indústria da moda está se aventurando por uma comunidade global com 2,7 bilhões de integrantes.
A Gucci vendeu recentemente uma versão digital da bolsa Dionysus na plataforma da Roblox por US$ 4.115 — acima do preço do item físico. A tradicional Balenciaga, marca da Kering, apresentou a coleção do outono de 2021 dentro de um jogo de videogame. Em 2019, a LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton lançou uma coleção-cápsula para a League of Legends, da Riot Games.
A economia virtual é “uma das maiores oportunidades econômicas da nossa geração”, declarou John Egan, CEO da L’Atelier BNP Paribas, em entrevista por e-mail.
“Ela representa uma grande oportunidade para empresas em qualquer setor. Esportes, turismo, entretenimento e principalmente finanças. Novos produtos financeiros, projetados para vidas digitais, chegarão em apenas um par de anos”, acrescentou ele.
Esses mundos podem ser virtuais, mas o dinheiro envolvido é real. Em abril, a Epic anunciou uma rodada de financiamento de US$ 1 bilhão para apoiar sua “visão de longo prazo para o metaverso”, enquanto o BNP Paribas estima que os gastos feitos dentro de games — em itens como roupas digitais e upgrade de personagens — aumentarão de US$ 109 bilhões em 2019 para US$ 129 bilhões em 2021.
Pagar por itens digitais puramente cosméticos não é novidade. Os gamers vêm comprando complementos como adesivos ou armaduras para personagens desde pelo menos meados da década de 2000. E ter uma boa aparência online é algo que cada vez mais gente deseja após meses de reuniões virtuais durante a pandemia — e uma década e meia de redes sociais. Talvez você conheça alguém que gastou um valor substancial em um pacote selecionado de fundos para o Zoom ou em equipamento para iluminar o rosto diante da câmera. A moda virtual pode ser vista como um passo adiante nessa trajetória digital.
Com os NFTs, roupas digitais se convertem de marketing sofisticado em objetos de design negociáveis. O registro do recurso no blockchain garante propriedade, autenticidade e escassez.