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Houellebecq acredita que o mundo pós-coronavírus será "um pouco pior"

Por meio de uma carta, escritor francês revela seu ponto de vista pessimista em relação ao futuro depois da pandemia

Houellebecq: "Não vamos acordar depois do confinamento em um novo mundo, será o mesmo, mas um pouco pior" (Michele Tantussi/Getty Images)
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AFP

Publicado em 4 de maio de 2020 às 15h40.

Última atualização em 4 de maio de 2020 às 15h40.

O escritor francês Michel Houellebecq não acredita em absoluto que o mundo pós-coronavírus será diferente, pelo contrário, acredita que será o mesmo, "mas um pouco pior".

"Não acredito nem por um segundo nas declarações do tipo 'nada será como antes'. Pelo contrário, acredito que será exatamente igual", afirma o escritor francês contemporâneo mais lido no exterior em uma carta lida nesta segunda-feira (04) na emissora France Inter.

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"Não vamos acordar depois do confinamento em um novo mundo, será o mesmo, mas um pouco pior", insiste Houellebecq, tão popular quanto polêmico.

A epidemia do coronavírus, considera o romancista, "deveria ter como principal resultado a aceleração de algumas mudanças em curso, em particular a diminuição do contato humano".

"A crise oferece uma magnífica razão de ser para esta tendência acentuada: uma certa obsolescência que parece afetar as relações humanas", afirma. "Seria falso afirmar, além disso, que redescobrimos o trágico, a morte, a finitude, etc", prossegue o escritor, apontando em sua carta os autores que se confinaram em suas segundas residências.

A epidemia de covid-19 matou quase 25.000 pessoas na França, mas o escritor destaca que "nunca antes a morte foi tão discreta como nas últimas semanas".

"As vítimas se resumem a uma unidade na estatística de mortes diárias e a angústia que se propaga entre a população à medida que o número total aumenta tem algo de estranhamente abstrato", completa o autor de "Plataforma" e "Submissão".

"Outro número teve grande importância nestas semanas, a idade dos enfermos. Até quando eles devem ser reanimados, curados? 70, 75, 80 anos?", escreve Houellebecq.

"Nunca antes havíamos expressado com uma indecência tão serena o fato de que as vidas de todos os indivíduos não têm o mesmo valor".

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