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Herói do filme 'Hotel Ruanda' será sentenciado por 'terrorismo'

Ex-gerente de hotel que ajudou a salvar a vida de mais de mil pessoas durante genocídio em 94 é acusado pelo governo de ter colaborado com grupos rebeldes do país

Paul Rusesabagina (centro) no tribunal de Kigali, Ruanda, em 2 de outubro de 2020 (Reprodução/AFP)

Paul Rusesabagina (centro) no tribunal de Kigali, Ruanda, em 2 de outubro de 2020 (Reprodução/AFP)

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GabrielJusto

Publicado em 17 de agosto de 2021 às 13h08.

Última atualização em 18 de agosto de 2021 às 00h03.

Paul Rusesabagina, que viu sua história inspirar o filme "Hotel Ruanda" e que é um crítico do presidente Paul Kagame, receberá na próxima sexta-feira a sentença por "terrorismo", após um julgamento impregnado pela polêmica e que durou meses. O ex-gerente do Hotel Mil Colinas de Kigali se tornou famoso graças ao filme de 2004 que contou como este hutu moderado salvou a vida de mais de 1.000 pessoas durante o genocídio que deixou 800.000 mortos, principalmente da etnia tutsi, em 1994.

Rusesabagina tem 67 anos e foi julgado em Kigali de fevereiro a julho, ao lado de outras 20 pessoas, por suposto apoio à Frente de Libertação Nacional (FLN), grupo rebelde acusado de ter executado ataques violentos em Ruanda. Ele recebeu nove acusações, incluindo "terrorismo". A Promotoria solicitou pena de prisão perpétua. Rusesabagina e seus advogados denunciaram um julgamento "político", que aconteceu após um "sequestro",

Paul Rusesabagina morava no exílio desde 1996 nos Estados Unidos e na Bélgica. Ele foi detido em agosto de 2020 em circunstâncias particulares, ao desembarcar de um avião que imaginava seguir para o Burundi, um país ao sul de Ruanda, mas que pousou na capital Kigali. As autoridades de Ruanda afirmam que sua detenção foi "legal" e que os direitos de Rusesabagina não foram violados na prisão.

Há vários anos, Paul Rusesabagina acusa Kagame de autoritarismo e de favorecer um sentimento anti-hutu. Em 2017, ele participou na criação do Movimento pela Mudança Democrática em Ruanda (MRCD), do qual a FLN é apontada como braço armado.

O acusado nega qualquer envolvimento nos ataques executados por este grupo em 2018 e 2019, que deixaram nove mortos.

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