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Guia Michelin retira um restaurante de sua lista a pedido do chef

Foi a primeira vez em que uma das maiores referências no campo da gastronomia realizou essa ação

Chef francês Sébastien Bras pediu para não ser mencionado em consequência da "tremenda pressão" associada à lista (Bras/Divulgação)

Chef francês Sébastien Bras pediu para não ser mencionado em consequência da "tremenda pressão" associada à lista (Bras/Divulgação)

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AFP

Publicado em 30 de janeiro de 2018 às 16h25.

O Guia Michelin permitirá que o restaurante Le Suquet, do chef francês Sébastien Bras, seja retirado de sua lista, depois que ele pediu para não ser mencionado em consequência da "tremenda pressão" associada, anunciou a empresa, que na próxima segunda-feira publicará a edição 2018.

"Nos parecia complicado incluir no guia um restaurante que claramente indicou que não desejava figurar, que não queria fazer parte da grande família de estrelas do Michelin", explicou Claire Dorland-Clauzel, integrante do comitê executivo do grupo.

Esta é a primeira vez que acontece um caso do tipo.

"Sébastien Bras informou que foi uma decisão familiar, refletida de forma cuidadosa. Ele mesmo disse que estava entrando em uma nova etapa de sua vida. Nós respeitamos uma decisão de família", disse a representante do guia.

Em setembro, Bras, cujo restaurante na cidade francesa de Laguiole integra o clube seleto dos 27 estabelecimentos com três estrelas na França, anunciou que não queria aparecer na edição 2018 "em acordo com toda a família".

Na ocasião, o guia respondeu que uma retirada não poderia ser automática, argumentando que a Michelin tem "independência" no momento de atribuir as estrelas.

"Retirar o Le Suquet da lista é uma decisão que não foi fácil, levamos tempo para refletir", admitiu Claire Dorland-Clauzel, que não acredita que outros chefs sigam os passos de Bras.

"Temos mais pessoas que desejam entrar no guia que o contrário. Muitos chefs afirmaram que ser incluído na lista é um reconhecimento, uma honra, um impulso enorme para o estabelecimento, para a notoriedade, para seu volume de negócios", disse.

- A agonia da perfeição -

"Talvez eu tenha menos notoriedade, mas assumo", disse em setembro Sébastien Bras, que herdou o restaurante de seu pai.

O chef, que prometeu que o cliente não notará a diferença no restaurante, afirmou que salir da lista significa liberdade.

"Vou me sentir livre, sem perguntar se minhas criações agradam ou não os inspetores do Michelin", completou.

O chef disse que as visitas dos inspetores são uma fonte de estresse.

"Somos inspecionados de duas a três vezes por ano. Não sabemos quando. Cada prato que sai pode ser inspecionado. Ou seja, a cada dia um de nossos 500 pratos pode ser julgado", explicou Bras à AFP.

Em sua reflexão, o chef admitiu que como todos os profissionais da gastronomia ele recorda do suicídio em 2003 do chef três estrelas Bernard Loiseau.

"Mas não me sinto desta maneira", garantiu.

Antes de Bras, vários chefs franceses renunciaram a suas três estrelas, como Alain Senderens, que em 2005 anunciou que não aguentava mais a agonia da perfeição, e Joël Robuchon, que em 1996, quando estava no auge, fechou as portas de seu estabelecimento alegando estresse. Atualmente, no entanto, é o chef com mais estrelas do mundo.

Na Espanha, Ferran Adrià fechou seu restaurante três estrelas El Bulli em 2010, alegando que estava cansado de trabalhar 15 horas por dias e a necessidade de buscar outras fontes de inspiração.

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