Grupo de luxo LVMH deve anunciar recuo de até 20% com pandemia
Balanço do primeiro trimestre do maior conglomerado do segmento de alto consumo do mundo será divulgado hoje
Ivan Padilla
Publicado em 16 de abril de 2020 às 07h00.
Última atualização em 16 de abril de 2020 às 07h55.
Os olhos do mercado de luxo estarão voltados para a divulgação do balanço do primeiro trimestre do conglomerado LVMH , que acontece hoje. No fim de março, o grupo antecipou que a queda de faturamento poderia ficar entre 10% e 20%, devido às medidas tomadas ao redor do mundo para conter a propagação do coronavírus.
“A curto prazo, as decisões das autoridades públicas para combater a pandemia da covid-19 resultou no fechamento de linhas de produção e lojas em diversos países, o que terá impacto nos resultados globais”, afirmou, no comunicado.
Os números anunciados hoje, porém, devem contar apenas parte da história, segundo o grupo: “O impacto não pode ser devidamente calculado sem o conhecimento do momento de retomada nesses países. Nesse ambiente de incerteza, o grupo manterá a estratégia de focar na preservação do valor de suas marcas.”
Outros grupos de artigos e serviços de luxo devem sofrer tanto ou até mais. A Kering, que tem em seu portfólio marcas como Gucci e Saint Laurent, afirmou também no fim de março que a venda nas quedas neste primeiro trimestre poderia ser de 15%. O tombo da Burberry, que tem boa parte da receita vinda da Ásia, pode ser maior, entre 40% e 50% do início de fevereiro a meados de março, segundo a companhia.
O balanço da LVMH carrega um simbolismo, já que se trata do maior conglomerado de luxo do mundo, com 75 marcas que atuam nos segmentos de moda e acessórios, relojoaria, bebidas, beleza e turismo. No ano passado, o grupo registrou um faturamento recorde de 53,7 bilhões de euros, um crescimento de 15% em relação a 2018. O bom desempenho levou Bernard Arnault, o principal acionista do conglomerado, a figurar em terceiro lugar na lista dos mais ricos do mundo.
O principal segmento, responsável por quase 40% da receita do ano passado e com 20% de crescimento em relação a 2018, é o de moda e acessórios. Os bons números se devem ao desempenho da marca mãe Louis Vuitton e da Christian Dior. A aquisição da Tiffany, o grande momento do grupo no ano passado, nem chegou a dar resultado. A icônica loja da Quinta Avenida, assim como quase toda a cidade de Nova York, está fechada.
São novos tempos, que resultam em novas cifras e novos posicionamentos. Enquanto espera as lojas reabrirem, o grupo anunciou que a divisão de perfumes e cosméticos se dedicaria a fabricar álcool em gel para ser doado às autoridades públicas da França.