Golfe no quintal: como o esporte entrou na vida do ex-CEO da Companhia Brasileira de Alumínio
Ricardo Carvalho gosta tanto de jogar que escolheu sua casa por causa do hobby
Repórter de Casual
Publicado em 3 de junho de 2023 às 08h00.
Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 17h11.
Provavelmente o futebol é o esporte mais praticado entre funcionários após o expediente de trabalho. Do estagiário ao CEO, o amistoso depois do expediente costuma agradar a públicos de todos os cargos, de diferentes idades. Mas não na Alcoa. Na sede da empresa de mineração, em Poços de Caldas, interior de Minas Gerais, a prática escolhida era outra nos anos 1980: o golfe . À primeira vista, Ricardo Carvalho, então funcionário da companhia, resistiu ao jogo, que considerava um esporte elitista. “Até o dia que comecei a jogar, gostei e passei a encontrar meus colegas no fim de semana para jogar”, conta.
Carvalho acaba de deixar o cargo de CEO da Companhia Brasileira de Alumínio e hoje é presidente do conselho de administração. O golfe continuou presente em sua rotina em todas essas décadas, a ponto de influenciar na escolha de sua casa. Em 2019, o executivo e a esposa, Thais Araujo Carvalho, se mudaram para Itu, a 100 quilômetros de São Paulo. No condomínio Terras de São José Golfe Clube há um campo de golfe de 650.000 metros quadrados, onde o casal pratica aos fins de semana. Além dos carros na garagem, há outro veículo: um carrinho de golfe para circular pelo campo.
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“Se eu passasse 5 horas jogando no sábado e no domingo, mais o trabalho durante a semana, complicaria o meu casamento. A minha estratégia foi apresentar o esporte a ela quando morávamos em Singapura”, conta Carvalho. No país asiático, a diversão do casal aos fins de semana era conhecer diferentes gramados. “Ainda que seja uma cidade-estado pequena, com pouco mais de 5 milhões de habitantes, há mais de 27 campos de golfe por lá.” No Brasil são mais de 100 campos, segundo a Confederação Brasileira de Golfe. No condomínio em Itu, moradores e visitantes podem ser sócios do clube ou pagar o day use.
“Parece um esporte chato de ver, não é um jogo muito dinâmico, como basquete ou futebol, mas para quem joga é uma terapia. O seu maior adversário é você mesmo. Apesar de jogar com outras pessoas, você não está competindo. É sempre sobre melhorar a sua performance”, explica. “Se estiver tenso, nervoso, não vai jogar bem. Você tem de relaxar, abrir a cabeça. E o esporte tem um ambiente propício para isso, com a natureza ao redor.”
Ainda que seja um esporte para se desligar do trabalho, muitas vezes as idas ao campo acabam em negócios. “São 18 buracos oficiais, mas há o 19o buraco, que é no bar, ao fim da partida”, brinca Carvalho sobre os momentos de confraternização após os jogos. “Você passa 4 horas com três pessoas, e já aconteceu comigo de conhecer gente nova com oportunidades de negócios em comum. As quatro bolinhas vão estar em algum lugar a uns 200 metros no campo. Nessa caminhada, seja no carrinho, seja andando, há muita oportunidade para conversar. O golfe é conhecido mundialmente por ser uma oportunidade de networking. Meu filho, que mora nos Estados Unidos, também começou a jogar lá e já fez dois ou três amigos assim.”
Com décadas de prática, o handicap do executivo é +22, ou seja, são necessárias mais de 22 tacadas para além das 72 mínimas necessárias para que Carvalho termine a partida nesse campo. Para diminuir o número de tacadas, além de prática é preciso ter estratégia. “Há um riacho no campo. Quem não conhece bem o gramado pode acabar perdendo a bolinha na água, então é preciso calcular se sua tacada deixará a bola antes do riacho ou se você prefere se arriscar e tentar ultrapassar a água.”
A Companhia Brasileira de Alumínio é uma das maiores do segmento na América Latina. Pertence à Votorantim e teve uma receita líquida de 8,8 bilhões de reais em 2022. Carvalho mantém a busca pela perfeição tanto no trabalho como nas tacadas. “Tem dia que você não está bem e dá tacadas horríveis, mas de repente consegue dar uma tacada como um profissional. Na hora em que acertamos essa, brincamos ser o motivo de voltar a jogar”, conta rindo. “Mas, acima de tudo, o golfe para mim é uma terapia, um local de convivência e interações.”
Do amador ao experiente
Cinco dicas para quem já pratica ou quer começar no golfe
→ Início básico
“Você não precisa comprar uma bolsa de golfe para começar a jogar. Clubes e professores podem alugar ou emprestar os equipamentos necessários”
→ Sem limite
“Você pode começar a jogar com qualquer idade, basta ter mobilidade”
→ Reciclagem
“Recomendo ter aulas no início, mas também chamar um professor, mesmo quando estiver em um nível mais avançado, para aulas de reciclagem”
→ Jogo pelo jogo
“Saia do campo sempre melhor do que você entrou em termos de astral. Não se cobre por tacadas ruins”
→ Boas relações
“Aproveite a oportunidade de conhecer pessoas diferentes e conversar sobre assuntos diversos”