Arte: exposição permanecerá aberta ao público, gratuitamente, de 28 de agosto a 25 de setembro, das 9h às 17h (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2014 às 12h02.
São Paulo – Nesta quarta-feira (27/08), foi inaugurada, na sede da FAPESP, a exposição Renina, com 30 reproduções de obras da artista plástica Renina Katz que ilustram o Relatório de Atividades 2013 da instituição, lançado na mesma ocasião.
“Renina é uma artista de múltiplas qualidades, que explorou vários caminhos da criação artística. Além disso, foi professora universitária e formou muita gente no âmbito da FAU [Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo]. Esta é, portanto, uma oportunidade de homenagear não só uma grande artista, mas uma artista que esteve ligada à formação de recursos humanos, uma das atividades e das tarefas da FAPESP”, disse Celso Lafer, presidente da Fundação.
Nascida em 1925, no Rio de Janeiro, Renina cursou a Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), entre 1947 e 1950. No ano seguinte, mudou-se para São Paulo, passou a dar aulas no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e, mais adiante, na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).
Tornou-se docente da FAU/USP em 1965, instituição onde completou seu mestrado e doutorado e à qual esteve vinculada durante 28 anos.
“Precisávamos formar equipes e, para mim, sempre foi uma missão – o que sei tenho de passar para frente. Nesses quase 30 anos de docência, vi sair da FAU muitos alunos que não são apenas arquitetos – são artistas, e da melhor qualidade”, disse Renina à Agência FAPESP.
“A técnica costuma ser vista como algo que não pertence ao universo do artista, que viveria de inspiração. Não é bem assim. Se ele não tem o domínio da técnica, não avança. É preciso ter talento e qualidades particulares, mas também se equipar”, afirmou.
As reproduções expostas na sede da FAPESP incluem técnicas como água-forte e água-tinta, aquarela e litogravura, parte do universo explorado por Renina.
“Eu comecei pintando. Gostava muito de gravura, mas não havia ateliês em que se pudesse trabalhar com essa técnica. Mais tarde, tive um professor austríaco muito bom, que me iniciou na xilogravura”, disse.
“Muitos anos depois que cheguei a São Paulo, Elsio Motta [editor de gravura e fundador do ateliê Glatt & Ymagos] se atreveu a fazer algo que ninguém havia imaginado antes: montar um estúdio para edição de gravuras. Foi um impulso, porque lá comecei a fazer litogravura”, disse.
Boa parte da obra inicial de Renina é dedicada a temas de ordem social, como trabalhadores urbanos, personagens marginalizados e favelas, abordados de forma realista e emotiva. Posteriormente, afastou-se do realismo social e adotou um caráter não figurativo, marcado pelo jogo de transparências. Já na década de 1970, quando começou a produção de litogravuras, seu foco passou em especial ao tema paisagens.
“Como a gravura exige força física, com o passar do tempo foi ficando mais difícil trabalhá-la. Retomei as aquarelas, de que também gosto muito, e hoje me dedico quase que exclusivamente a elas”, disse.
A exposição permanecerá aberta ao público, gratuitamente, de 28 de agosto a 25 de setembro, das 9h às 17h.
Em edições anteriores, o Relatório de Atividades da FAPESP já homenageou Francisco Rebolo, Aldo Bonadei, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Candido Portinari, Anita Malfatti, Arcangelo Ianelli e Tomie Ohtake.