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Entenda por que ricos da Rússia trocaram rublos por relógios e joias

Bilionários passaram a gastar mais com luxo na tentativa de manter fortunas diantes das sanções econômicas

Jean-Christophe Babin, CEO da Bulgari SpA: “No curto prazo, provavelmente impulsionou os negócios” (Bloomberg/Bloomberg)

Jean-Christophe Babin, CEO da Bulgari SpA: “No curto prazo, provavelmente impulsionou os negócios” (Bloomberg/Bloomberg)

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Bloomberg

Publicado em 3 de março de 2022 às 10h24.

As sanções à Rússia provocaram a derrocada do rublo e mantêm os mercados de ações fechados, assim, as pessoas mais ricas do país estão se voltando para joias e relógios de luxo em uma tentativa de preservar o valor de suas economias.

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As vendas das lojas russas da Bulgari aumentaram nos últimos dias, disse o presidente-executivo da joalheria italiana, depois que a resposta internacional à invasão da Ucrânia restringiu severamente a movimentação de dinheiro.

“No curto prazo, provavelmente impulsionou os negócios”, Jean-Christophe Babin disse em entrevista à Bloomberg, descrevendo as joias da Bulgari como um “investimento seguro”.

“Quanto tempo vai durar é difícil dizer, porque, de fato, com as medidas do sistema SWIFT totalmente implementadas, pode dificultar, se não tornar impossível, exportar para a Rússia”, disse ele.

Mesmo com a saída da Rússia de marcas como Apple, Nike e as gigantes de energia BP, Shell e Exxon Mobil, as maiores marcas de luxo da Europa estão, até agora, ainda em operação no país.

A Bulgari, de propriedade da LVMH, está longe de estar sozinha. A Cartier, da Richemont, ainda vende joias e relógios, e os relógios Omega, do Swatch Group, ainda estão disponíveis, assim como Rolex. Todos continuam a fazer vendas e tentam assumir uma postura apolítica.

Estamos lá para o povo russo e não para o mundo político”, disse Babin. “Operamos em muitos países diferentes que passam por períodos de incerteza e tensões.”

Assim como o ouro, que pode servir como reserva de valor e proteção contra a inflação, relógios e joias de luxo podem manter ou até aumentar de preço em meio a turbulências econômicas causadas por guerras e conflitos.

Os relógios podem mudar de mãos no mercado secundário por três ou quatro vezes o preço de varejo. No entanto, o impacto da invasão no valor dos itens de luxo está criando um potencial problema de relações públicas.

“É verdade que as marcas de luxo podem decidir não atender o mercado russo. Racionalmente, isso seria um custo para eles, possivelmente superado pela imagem de comunicação positiva que eles obtêm em outros mercados”, o analista da Bernstein Lucas Solca disse por e-mail.

As vendas na Rússia e para russos no exterior representam menos de 2% da receita total da LVMH e Swatch Group e menos de 3% da Richemont, um nível “relativamente imaterial”, de acordo com relatório desta semana de Edouard Aubin e outros analistas do Morgan Stanley.

Isso se deve, em parte, às disparidades de renda e riqueza russas, com um pequeno número de oligarcas bilionários vivendo muito além dos meios das pessoas comuns. O salário médio mensal em Moscou é de cerca de 113.000 rublos (US$ 1.350 em taxas de câmbio antes da invasão) e muito menor nas regiões rurais.

Um porta-voz do Swatch Group disse que a empresa está monitorando a situação na Rússia e na Ucrânia muito de perto e se recusou a comentar mais. Porta-vozes da Richemont, Rolex, Hermes, LVMH e Kering não quiseram comentar.

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