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Enquanto não estreia no Brasil, musical Chicago recorre ao Zoom

Diretora e coreógrafa Tânia Nardini vai comandar a nova versão nacional de Chicago, cuja estreia está prevista para março do ano que vem

Musical Chicago na Cidade do México: com as montagens suspensas, seus artistas buscam alternativas para manter o trabalho, de alguma forma, em execução (Medios y Media/Getty Images)

Musical Chicago na Cidade do México: com as montagens suspensas, seus artistas buscam alternativas para manter o trabalho, de alguma forma, em execução (Medios y Media/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de junho de 2020 às 11h02.

Última atualização em 15 de junho de 2020 às 11h07.

Entre as atividade artísticas paralisadas pela pandemia do novo coronavírus, os musicais estão entre os mais sensíveis por causa de suas produções que necessitam da participação de um grande número de profissionais, algo impensável em tempos de covid.

Assim, com as montagens suspensas, seus artistas buscam alternativas para manter o trabalho, de alguma forma, em execução. É o que fez a diretora e coreógrafa Tânia Nardini, que vai comandar a nova versão nacional de Chicago, cuja estreia está prevista, por ora, para março do ano que vem.

"Estávamos no início do processo, com a realização dos testes, quando a pandemia paralisou o processo", conta ela que, para combater o recesso forçado, resolveu convidar alguns artistas com quem trabalhou neste musical para conversas via o aplicativo Zoom.

Antes, é preciso uma explicação: desde 2007, Tânia é a diretora responsável por todas as montagem do espetáculo pelo mundo. A honraria surgiu justamente por seu perfeito entendimento técnico e conceitual de Chicago, com o qual teve o primeiro contato em 2004, quando foi diretora assistente de Jorge Takla na primeira versão nacional.

Assim, desde então, ela já comandou montagens em 15 países e, em alguns, como a Coreia do Sul, mais de uma vez (foram oito lá). O suficiente para colecionar histórias com diversos intérpretes, que contribuíram com suas histórias pessoais e de seus países para o enriquecimento do espetáculo.

Com o isolamento social em todo o mundo, Tânia decidiu promover um encontro que, em situação normal, provavelmente não aconteceria. "Tive vontade de me reaproximar e de compartilhar esse trabalho com profissionais de vários países que têm duas coisas em comum: terem interpretado o mesmo papel (ou executado a mesma função técnica) e terem sido dirigidos por mim", explica ela, que realizou um total de nove encontros virtuais - a edição desse material vai resultar em um vídeo.

Para realizar o projeto, Tânia precisou do auxílio de seis pessoas na produção e organização, como Gabriel Malo, Tatiana Toyota e Thiago Jansen (que está em Portugal), além das tradutoras Kathy Lee (coreano), Taisia Petrova (russo) e Carolina Herzlt (no México). O primeiro desafio foi encontrar um horário confortável para que todos, em seus países, pudessem participar simultaneamente - é preciso lembrar que, no momento, Seul, na Coreia do Sul, está 16 horas à frente de Los Angeles, nos EUA.

"Inicialmente, pensei em unir os intérpretes dos três personagens principais, Roxie, Velma e o advogado Flynn, mas não tinha certeza do retorno. Mas, em pouco tempo, 90% dos convites foram aceitos", conta Tânia, lembrando que a maioria não se conhecia. "Além das apresentações, todos puderam compartilhar experiências anteriores."

Tânia relembrou, por exemplo, do início do trabalho na Coreia, cuja cultura não aceita facilmente alguns detalhes da trama, como cenas de tribunal. "Conversei longamente para que o elenco entendesse que se trata de musical americano que ironiza um sistema que só se interessa por celebridades", explica. "Chicago é um musical em que o ator é valorizado: não tem máscara, cenário ou troca de roupa, que ajudam a criar a ilusão. Depende exclusivamente da interpretação."

Além da troca de experiências, os encontros ajudaram a diminuir a tristeza de todos por não estarem agora nas salas de ensaio. "Pude ver as pessoas felizes", conta Tânia.

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