Dominguinhos luta pela vida em meio a drama familiar
De acordo com o último boletim médico divulgado em 18 de março, o estado do músico é "minimamente consciente"
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2013 às 14h26.
São Paulo - Os dedos de Seu Domingos se movem lentamente. Há meses estavam duros, em nada parecidos com aqueles que a diva do jazz Sara Vaughan beijou depois de vê-los incendiar as teclas de uma sanfona no Free Jazz Festival de 1987.
Nem de longe os mesmos que Luiz Gonzaga nomeou herdeiros legítimos de seu reinado. Ao sentir a mão da mulher Guadalupe tocar a sua, Dominguinhos a aperta forte.
Sua reação mais comovente depois de oito enfartes, 23 minutos sem oxigenação no cérebro, uma traqueostomia, dois meses na UTI e desavenças familiares sobre seu próprio leito até parece milagre.
A luta de Dominguinhos não é só pela própria vida. Seu estado "minimamente consciente", conforme diz o último boletim médico divulgado em 18 de março, lhe permite perceber o que o rodeia de bom e de ruim. Quando o flautista Proveta surgiu tocando no quarto, acompanhado pelo sanfoneiro Mestrinho, o homem só faltou dançar.
Já nas duas das vezes em que o filho Mauro Moraes apareceu para visitá-lo, discussões tensas entre Mauro e um acompanhante de quarto que permanece ao lado do leito a pedido de Guadalupe entristeceu o músico profundamente. Se pudesse fazer um pedido, Domingos certamente suplicaria mais por paz do que pela própria vida.
A luta do maior músico da cultura nordestina, um dos mais geniais instrumentistas do País, se dá em um quarto do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Assim que foi diagnosticado com um câncer de pulmão, fez tratamentos de rádio e quimioterapia sem jamais falar sobre a doença com a imprensa.
Sua incapacidade de dizer não, mesmo debilitado, o levou, em dezembro de 2012, até Exu, no interior de Pernambuco, para tocar nos 100 anos de nascimento de Luiz Gonzaga. Uma decisão difícil, tomada depois de uma noite de lágrimas como respostas às súplicas de Guadalupe. "Eu dizia para ele não ir e ele só chorava. Ele nunca diz não."
Como não entra em avião nem sob tortura, Dominguinhos saiu de carro de Recife para Exu. A cada dois quilômetros, ligava para dizer a Guadalupe como estava.
Em uma ligação, reclamou de febre. "Então volta, homem. Volta pelo amor de Deus", ela implorou. Domingos foi até o fim e tocou já sentindo o pulmão fechar. Quatro dias depois, passou mal, foi internado e começou a lutar pela vida.
São Paulo - Os dedos de Seu Domingos se movem lentamente. Há meses estavam duros, em nada parecidos com aqueles que a diva do jazz Sara Vaughan beijou depois de vê-los incendiar as teclas de uma sanfona no Free Jazz Festival de 1987.
Nem de longe os mesmos que Luiz Gonzaga nomeou herdeiros legítimos de seu reinado. Ao sentir a mão da mulher Guadalupe tocar a sua, Dominguinhos a aperta forte.
Sua reação mais comovente depois de oito enfartes, 23 minutos sem oxigenação no cérebro, uma traqueostomia, dois meses na UTI e desavenças familiares sobre seu próprio leito até parece milagre.
A luta de Dominguinhos não é só pela própria vida. Seu estado "minimamente consciente", conforme diz o último boletim médico divulgado em 18 de março, lhe permite perceber o que o rodeia de bom e de ruim. Quando o flautista Proveta surgiu tocando no quarto, acompanhado pelo sanfoneiro Mestrinho, o homem só faltou dançar.
Já nas duas das vezes em que o filho Mauro Moraes apareceu para visitá-lo, discussões tensas entre Mauro e um acompanhante de quarto que permanece ao lado do leito a pedido de Guadalupe entristeceu o músico profundamente. Se pudesse fazer um pedido, Domingos certamente suplicaria mais por paz do que pela própria vida.
A luta do maior músico da cultura nordestina, um dos mais geniais instrumentistas do País, se dá em um quarto do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Assim que foi diagnosticado com um câncer de pulmão, fez tratamentos de rádio e quimioterapia sem jamais falar sobre a doença com a imprensa.
Sua incapacidade de dizer não, mesmo debilitado, o levou, em dezembro de 2012, até Exu, no interior de Pernambuco, para tocar nos 100 anos de nascimento de Luiz Gonzaga. Uma decisão difícil, tomada depois de uma noite de lágrimas como respostas às súplicas de Guadalupe. "Eu dizia para ele não ir e ele só chorava. Ele nunca diz não."
Como não entra em avião nem sob tortura, Dominguinhos saiu de carro de Recife para Exu. A cada dois quilômetros, ligava para dizer a Guadalupe como estava.
Em uma ligação, reclamou de febre. "Então volta, homem. Volta pelo amor de Deus", ela implorou. Domingos foi até o fim e tocou já sentindo o pulmão fechar. Quatro dias depois, passou mal, foi internado e começou a lutar pela vida.