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Diretor cubano usa humor para fazer crítica social

Alejandro Brugués acredita que é um dever para um artista abordar assuntos sociais ''mesmo que seja através de um zumbi''

Cena de "Juan de los Muertos", filme de Alejandro Brugués (Divulgação)

Cena de "Juan de los Muertos", filme de Alejandro Brugués (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 4 de junho de 2012 às 21h16.

Fortaleza - ''O humor e o terror são dois gêneros que servem para fazer crítica social'', disse nesta segunda-feira o diretor cubano Alejandro Brugués, que esta noite exibe seu filme ''Juan de los Muertos'' no festival Cine Ceará, em Fortaleza.

O cineasta, de 35 anos, destacou que é um dever para um artista abordar assuntos sociais ''mesmo que seja através de um zumbi'', em referência à temática de seu filme, que usa uma invasão de mortos-vivos para fazer um Raio-x dos 50 anos de revolução cubana e criticar a situação social da país e, ao mesmo tempo, buscando a gargalhada do espectador.

Brugués defendeu a comédia como um gênero muito difícil e que admira muito ''porque rir é lindo, não há nada mais divertido do que ir ao cinema e passar bons momentos''. O filme, que estreou no Festival de Cinema de Toronto e recebeu um bom número de prêmios internacionais, é uma co-produção independente cubano-espanhola rodada com uma equipe mista.

O cineasta considera que no final do filme há um momento de seriedade, o que contextualiza todo o relato e dá ''um valor agregado''. Na sua opinião, o cinema cubano teve longas como representantes tradicionais que apresentavam humor, mas sem uma crítica, e advertiu que essa situação está mudando.

''Agora sim há variedade de filmes'', disse Brugués, que ressaltou que sua geração está menos interessada em fazer comédia.

Por sua vez, o espanhol Gervasio Iglesias, produtor de ''Juan de los Muertos'', disse que não imaginava que o filme conseguiria tal número de prêmios obtidos pelo filme, e explicou esse fenômeno pelo gênero.


''O filme é muito crítico, mas em forma de humor'', contou à Agência Efe Iglesias. O produtor disse que, durante a apresentação do filme no festival de cinema de Havana, assistiu ao filme inteiro porque ''era um espetáculo'' ver como o público aplaudia e ria.

Para ele, o humor é um canal muito apropriado, pois a mensagem chega melhor e, além disso, passa longe de ser pedante. ''É um humor crítico que nasce da observação'', disse, e destacou que as sociedades fortes são aquelas com capacidade para rir de seus próprios defeitos.

Para Iglesias, na Espanha há alguns assuntos dos quais sua sociedade ainda não aprendeu a rir, como o nacionalismo. ''Saber rir afasta os fantasmas. Se você afasta os fantasmas, afasta o medo e fica muito mais livre'', afirmou.

O festival Cine Ceará, que começou no último dia 1º com o filme chileno ''Violeta se fue a los Cielos'', oferece um sessão dedicada às lutas sociais na América Latina, homenagens a figuras do cinema brasileiro e palestras. 

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