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Debate sobre saúde mental dos atletas também tem espaço no futebol

Caso de Simone Biles, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, evidenciou a importância do assunto

Jogadores do Brasil comemoram o primeiro gol: segundo título olímpico da seleção (Tiziana FABI / AFP/Getty Images)
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GabrielJusto

Publicado em 11 de agosto de 2021 às 12h02.

Durante os Jogos Olímpicos, o caso de Simone Biles, que decidiu se afastar de quatro finais em Tóquio, levantou um debate sobre a saúde mental dos esportistas de alto rendimento. Após toda repercussão da decisão da ginasta norte-americana, a Fifa, em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS), lançou uma campanha para estimular os jogadores de futebol, principalmente os que estão nas categorias de base, a procurar ajuda em caso de problemas emocionais.

De acordo com a entidade, metade dos problemas de saúde mental, considerando a população em geral, aparece perto dos 14 anos. O estudo só reforça a importância das entidades esportivas investirem em equipes preparadas para lidar com o emocional dos atletas, sobretudo os mais novos.

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Na opinião de Júnior Chávare, gerente de futebol do Bahia, com experiência em trabalhos voltados à captação e formação de jogadores ao profissional em clubes como São Paulo, Grêmio e Atlético Mineiro,atualmente o futebol brasileiro tem olhado mais para os departamentos psicossociais. “Para as instituições que trabalham sério esta questão, são setores, que envolvem a psicologia, tanto pessoal como esportiva, que são importantíssimos nas categorias de base. Por onde passei eu sempre trabalhei fortemente isso e não tenho dúvida que é fundamental”, contou.

No futebol, esse problema não aparece apenas nas categorias de base. Segundo um Estudo da Federação Internacional de Atletas (Fifpro), cerca de 23% dos jogadores em atividade têm transtornos do sono, 9% relataram que sofrem de depressão e outros 7% apresentam sintomas de ansiedade.

Para Marcelo Segurado, executivo de futebol, com formação em sociologia e geografia pela Universidade Católica de Goiás, a importância dos psicólogos, em função das cobranças serem cada vez maiores, é tão grande quanto a do preparador físico, nutricionista, entre outros membros dos clubes. “A saúde mental é tão importante de ser promovida, monitorada e tratada quanto a saúde física. Sabemos que jogadores e treinadores precisam estar fortalecidos mentalmente e com o bem-estar preservado para conseguirem desempenhar bem suas funções”.

No Brasil, o Fortaleza é um dos clubes que tem um departamento voltado para dar suporte emocional e psicológico aos atletas no dia a dia. No clube, há duas psicólogas responsáveis por esse trabalho, a Liana Benício, para a base, e a Nara Alciane, para o profissional.

“O Fortaleza busca ressignificar a ideia ultrapassada de que a psicologia está ali apenas para trabalhar com o problema. Devemos ser vistos como um agregador no grupo como um todo, que direciona seu trabalho no rendimento, foco, atenção, trabalhando as habilidades e demais fatores que tragam bom retorno à prática. A psicologia no contexto esportivo propõe entender como fatores psicológicos influenciam diretamente o rendimento do atleta”, comentou Alciane.

A psicóloga do Leão do Pici ainda acrescenta que trabalhar com pessoas requer muita sensibilidade e que ainda existem algumas resistências, fruto de uma cultura que por muito tempo se fez presente: de que estar em acompanhamento com a psicologia é algo negativo. “Há uma sensibilização de que podemos auxiliar no desenvolvimento de habilidades e assim estamos ganhando novos espaços. A psicologia tem direcionado sua prática em atendimentos individuais, se fazendo presente em treinos, jogos e atividades que os envolvidos estejam inseridos”, finalizou.

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, acredita que os Jogos Olímpicos deixaram um legado sobre a importância dos atletas cuidarem, acima de tudo, da saúde mental. “É fundamental ter esse alinhamento entre corpo e mente preparado e ter profissionais especializados, porque a psicologia esportiva é um ramo bem específico, de alto rendimento, de competição, de lidar com seus medos e com seus traumas. Os Jogos de Tóquio acenderam um debate importante, que deve fazer com que as instruções esportivas em geral, tenham um olhar mais apurado para esse assunto”, concluiu.

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