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Cultura periférica é tema de encerramento da Casa de Criadores; peças estão à venda na Riachuelo

Cinco jovens estilistas de diferentes regiões do Brasil foram escolhidos para assinar o desfile de encerramento da Casa de Criadores

Estilistas criadores da coleção CRIA. (Divulgação/Divulgação)
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 16 de julho de 2023 às 08h00.

Há mais de 25 anos, estilistas iniciantes têm a oportunidade de apresentarem seus trabalhos na Casa de Criadores. Na 52ª edição da semana de moda participaram 58 marcas, e para o encerramento, que acontece hoje, 16, cinco jovens estilistas de diferentes regiões do Brasil foram escolhidos para assinar o desfile final. Assim nasceu a CRIA, coleção assinada pelos vencedores do desafio “Qual Moda para qual Mundo?”, idealizado pelo 1º Desafio do Instituto Casa dos Criadores, com apoio do Instituto Riachuelo.

Fernanda Lima, Francceska Jovito, Gabrielle Silva, Geremias Marins e Hector Luquini, são a nova geração de criativos que trazem as suas vivências nas favelas brasileiras como inspiração para cada peça da coleção que, por meio do mood streetwear contam histórias da cultura dos subúrbios por meio da moda.

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Dentre as peças estão camisetas oversized, moletons, calças cargo e wide leg, croppeds, coletes, macacões, parkas, jaquetas e vestidos com uma cartela preto e branca, terracota e bege, remetendo às estruturas da arquitetura dos subúrbios, que se desdobram em estampas inspiradas no grafite e molduras urbanas.

Entre os destaques, a estampa origens apresenta em um vestido e blusa de tule diferentes gírias e frases como: Oxi, Né, Massa, Bicho, Fita, “Pega a visão”, “Mó Cota” verbalizadas nas ruas de periferias e cidades do país.

As peças foram confeccionadas na fábrica da Riachuelo em Natal, no Rio Grande do Norte, a partir do reaproveitamento de tecidos e aviamentos que estavam no estoque da operação fabril da marca.

O lançamento oficial da coleção CRIA e a pré-venda online, acontece hoje, 16. A partir de amanhã, 17, a coleção estará disponível em lojas selecionadas da marca.

"Nosso objetivo é reafirmar nosso propósito de ser uma marca inclusiva e que promove, para além da expressão individual, a representatividade. Nós criamos o Instituto Riachuelo, por exemplo, para nos ajudar nessa trajetória de evolução e na missão de transformar vidas por meio da moda e consequentemente gerar oportunidades de trabalho e renda, então fazia e faz muito sentido para nós estarmos ao lado do Instituto Casa de Criadores e apoiar o desafio “Qual moda, para qual mundo?”, que tem como foco a educação, pesquisa e formação gratuita de artistas, estilistas e diferentes profissionais ligados aos universos da moda e da arte", diz Marcella Kanner, Head de Comunicação Corporativa e Marca da Riachuelo e Diretora de Comunicação do Instituto Riachuelo.

Coleção CRIA. (Divulgação/Divulgação)

Sobre os jovens estilistas

Vindos da Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, os participantes do grupo de estudo Bôboàpi no 1º Desafio do Instituto da Casa dos Criadores se uniram na idealização do CRIA.

“Não é a cor da pele que nos une, é a vivência”, diz Gabrielle, moradora de São Gabriel, periferia de Belo Horizonte, Minas Gerais. "Construímos looks em cima da viabilidade de sobras de produtos, sem rótulos e que prezam pelo conforto, todo mundo pode usar. E mais que isso, focamos na falta de visibilidade da estética periférica na moda, vista ainda como uma forma muito estigmatizada. Periferia não é só pobreza ou violência, ela borbulha cultura, moda, arte, música e dança”.

Geremias, cientista econômico e criativo da marca EUSOU, vê na decisão um ato de representatividade. “Sou uma das pessoas na favela que eu moro, que se veste com um estilo diferente, acho bacana quando as crianças me veem e comentam: você parece um jogador de futebol. Me torno uma referência, por meio da moda, que fala mais sobre possibilidade. A moda que sai da periferia é muito criticada no país, fora daqui acompanhamos um movimento inverso. A moda é arte, ela se renova. Hoje vejo mais homens com croppeds e saias, e isso não tem a ver com sexualidade, tem a ver com se comunicar e resistir em certos locais”, conclui o designer.

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