Negroni #2: a versão do The Lab da tradicional bebida italiana (The Lab/Divulgação)
Clara Cerioni
Publicado em 17 de março de 2018 às 08h55.
Última atualização em 17 de março de 2018 às 12h13.
São Paulo – A fachada parece uma garagem, o cheiro lembra um laboratório e a arquitetura se assemelha a um bunker underground. Essas são as impressões que se tem ao conhecer o The Lab, um curioso bar de drinks e cervejas artesanais, localizado em um endereço secreto no bairro de Perdizes, em São Paulo.
Inaugurado em novembro do ano passado, o espaço oferece uma peculiaridade, inclusive para os padrões paulistanos: bebidas feitas com destilados caseiros, produzidos ali mesmo. Bourbons, gins e vermutes são manipulados nos tanques laboratoriais, béquers e erlenmeyers distribuídos pelo ambiente.
O cientista maluco por trás de toda essa química é o analista de sistemas e mestre cervejeiro Luis Marcelo Faria, de 35 anos. Ele é o único que sabe as fórmulas e medidas para a produção das 22 bebidas oferecidas no cardápio. A base alcoólica dos coquetéis é previamente preparada e envasada em frascos individuais farmacêuticos. Já a finalização dos drinks é feita, com precisão matemática, na frente do cliente e servida em copos garimpados de antiquários.
Essa preocupação, segundo Faria, é um reflexo de sua própria experiência como consumidor de destilados. “Os bares não mantêm um padrão de dosagem. Todas as vezes que eu consumia o mesmo drink mais de uma vez, eu sentia que estava diferente”, conta. Para ele, a oportunidade de ensinar esse treino de paladar a seus clientes é o diferencial de seu trabalho. “Depois que você entende qual é o gosto de cada bebida e qual é a textura de cada ingrediente, a sua degustação muda para sempre”, completa.
Para frequentar o The Lab, entretanto, é necessário conhecer algum dos atuais membros que sabem o endereço exato e possuem o cartão de acesso ao estabelecimento. Depois da primeira visita, já é possível se tornar sócio. “É mais fácil do que se imagina entrar em contato com os nossos clientes: existem hashtags no Instagram e marcações da nossa página oficial”, explica o dono.
Para se tornar associado, é preciso se comprometer a não divulgar o endereço nas redes sociais. A decisão por construir um negócio restrito a um pequeno número de pessoas vem da necessidade de manter a mesma qualidade nas bebidas da casa. “Se vier muita gente, eu não consigo atender todo mundo”.
A carta de drinks é composta por versões de bebidas tradicionais como o gin tônica (a base gaseificada é preparada na montagem da bebida) e o negroni, que tem raspas de laranja, bourbon, gin, vermute seco e doce. Também são oferecidas bebidas mais exóticas, como o blackberry blood, que tem a textura consistente como sangue e o sabor intenso do álcool. Os coquetéis têm a faixa de preço entre 26 reais e 33 reais. A casa também oferece petiscos.
A coordenadora de logística Marjorie Inoue é a sócia de cartão número 1 do The Lab. Amiga pessoal de Faria, ela se considera uma das frequentadoras mais assíduas do bar. “A perfeição na execução das bebidas me cativou de uma forma, que mudou o meu paladar e os meus gostos para todos os tipos de bebida. Eu também fiquei mais exigente com os outros bares que conheço", comenta.