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Compradores perseguem amante de Bacon em venda de US$ 70 mi

Preço foi recorde para uma pintura em painel único do artista e representou um terço da venda global de vendas da Christie’s

Visitante olha ao quadro “Portrait of George Dyer Talking”, de Francis Bacon, em exposição em na Christie's, em Londres (Olivia Harris/Reuters)

Visitante olha ao quadro “Portrait of George Dyer Talking”, de Francis Bacon, em exposição em na Christie's, em Londres (Olivia Harris/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 16h29.

Nova York - O quadro que Francis Bacon fez de seu amante alcançou 42,2 milhões de libras (US$ 70,3 milhões), ontem, e impulsionou a noite de vendas de arte pós-guerra e contemporânea da Christie’s, em Londres.

O preço foi recorde para uma pintura em painel único de Bacon e representou um terço da venda global do evento, de 124,2 milhões de libras, que excedeu em 52 por cento o total do ano passado. Houve ofertas explosivas a muitos dos 48 lotes oferecidos, dos quais oito não foram vendidos. Dezessete trabalhos alcançaram mais de 1 milhão de libras e foram estabelecidos recordes para sete artistas, incluindo Jenny Saville, Bridget Riley e Gary Hume, os três do Reino Unido.

O evento foi o último e o maior de quatro noites de venda de arte pós-guerra e contemporânea nesta semana, em Londres, que geraram um combinado de 260,9 milhões de libras. As ofertas vieram de todo o mundo e novos compradores ricos da China, do Oriente Médio e da Rússia ajudaram a empurrar para cima os preços de estrelas históricas e emergentes das artes.

“O mercado continua elevando o preço das melhores peças”, disse Philip Hoffman, CEO do grupo Fine Art Fund, que gerencia cerca de US$ 300 milhões em investimentos de 120 clientes. “Em todo o mundo as pessoas estão buscando diversificar seus ativos e os objetos de arte provaram ser uma excelente reserva de valor”.

O quadro “Portrait of George Dyer Talking” de Bacon, de 1966, com 1,82 metro de altura, foi consignado pelo financista mexicano David Martínez, disseram em janeiro duas fontes com conhecimento do assunto.

‘Violência, beleza’

Pelo menos quatro colecionadores, inclusive da Ásia e da Rússia, competiram pela pintura por meio de membros da equipe da Christie’s. O vencedor foi um cliente americano anônimo de Brett Gorvy, presidente da Christie’s e diretor internacional de arte pós-guerra e contemporânea.

A pintura de Bacon mostra uma figura masculina contorcida em um banco sob uma lâmpada, no meio de uma sala com paredes lilases curvas, que lembram uma arena.

“A pintura tem todos os elementos que se busca em um Bacon: violência, beleza, cor, textura, movimento”, disse Pilar Ordovas, marchant em Londres especializada em arte do século 20 e contemporânea.


A Christie’s havia avaliado a pintura em 30 milhões de libras e garantido ao vendedor um preço mínimo não revelado financiado por meio de terceiros.

“Um Bacon é uma commodity de primeira ordem”, disse Alan Hobart, marchant de arte privada em Londres, que comprou um retrato de Muriel Belcher pintado por Bacon por 13,7 milhões de euros (US$ 18,7 milhões) em um leilão da Sotheby’s, em Paris, em 2007. “Ele é um dos grandes mestres do século 20 e existe uma demanda global crescente por seu trabalho”.

Compradores asiáticos

Entre os colecionadores de obras de Bacon estão o bilionário russo Roman Abramovich e J. Tomilson Hill, vice-presidente da Blackstone Group LP. A bilionária Elaine Wynn, filantropa e ex-esposa do magnata dos cassinos Steve Wynn, pagou US$ 142,4 milhões pelo tríptico de Bacon “Three Studies of Lucian Freud”, de 1969, na Christie’s de Nova York, em novembro, estabelecendo um recorde em leilões de obras de arte de todos os tipos.

Os trabalhos do artista geraram US$ 195,7 milhões em leilões em 2013, um aumento de 28 por cento em relação a 2012, segundo a empresa francesa de pesquisas Artprice.com.

As ofertas asiáticas foram fortes ao longo da noite, disseram executivos da Christie’s após a venda.

Cracked Egg

A escultura refletiva “Cracked Egg (Magenta)”, de Jeff Koons, alcançou 14,1 milhões de libras, dentro da faixa esperada. O vencedor foi um cliente de David Linley, que é presidente da Christie’s no Reino Unido e neto do Rei Jorge VI.

Os resultados da Christie’s foram 41 por cento mais altos que os da noite de vendas de arte pós-guerra e contemporânea da rival Sotheby’s, no dia 12 de fevereiro. A Christie’s realizou uma noite de leilão separada de uma coleção privada de arte italiana no dia 11 de fevereiro, computando 38,4 milhões de libras em vendas e estabelecendo recordes em leilões para 14 artistas.

“Há uma busca por qualidade”, disse Gorvy. “Nós estamos lidando com um mercado muito sofisticado”.

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