Christian Louboutin na fachada do hotel Vermelho Melides: experiência do cliente (Marie Taillefer/Divulgação)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 25 de abril de 2023 às 06h30.
Última atualização em 25 de abril de 2023 às 07h39.
Se você entrar agora em sites como o Booking vai encontrar a opção de reservar uma estadia no novo hotel Vermelho Melides, ao preço médio de 2.300 reais a pernoite. A decoração da pousada traz muitos elementos em vermelho e não é por acaso. Trata-se do primeiro projeto hoteleiro de Christian Louboutin.
A Louboutin é uma marca de sapatos reconhecida pelo solado vermelho. A ideia da nova empreitada é transportar a experiência da moda para a hospitalidade. O hotel foi inaugurado este mês em Melides, uma pequena charmosa aldeia do Alentejo, em Portugal.
Christian Louboutin descobriu Melides há 12 anos. Por lá, acabou comprando e restaurando uma antiga casa de pescador. É lá onde ele desenha sempre sua coleção de inverno. E agora inaugura o hotel.
O Vermelho Melides tem apenas 13 quartos. O espírito é de uma maison de vacances, uma casa para reunir amigos. A experiência caseira para a qual os hóspedes são convidados estende-se ao restaurante, batizado Xtian, e o bar Vermelho.
Quem comanda a cozinha do restaurante Xtian é o chef português David Abreu, que já passou pelas cozinhas de hotéis de luxo, como o Pestana Viking Beach & Spa Resort, o SANA Malhoa Hotel, o Four Seasons Hotel Ritz Lisboa, o Four Seasons Hotel Hampshire e, mais recentemente, o Hotel Waterside Inn de três estrelas Michelin, sob a orientação do chef Alain Roux.
Para o restaurante do hotel Vermelho Abreu criou interpretações modernas de uma variedade de pratos tradicionais portugueses.
O nome do hotel, Vermelho, é um tributo à emblemática cor, da marca. Ao contrário da atual tendência da moda, a estética é maximalista, com mistura de estilos, épocas, materiais e cores.
Para dar vida ao Vermelho, Louboutin recorreu à arquiteta portuguesa Madalena Caiado, com quem já tinha trabalhado em sua casa em Lisboa, além da amiga Carolina Irving na decoração geral.
“Percebi que muitas pessoas têm a fantasia de conceber ou ser proprietárias de um hotel”, disse o designer. “Gosto de tornar os meus sonhos em realidade. O projeto me permite esvaziar meu armazém cheio de antiguidades e objetos que tenho comprado ao longo de muitos anos e uma oportunidade de mostrar a excelência de muitos artistas e artesãos que admiro.”
As fachadas são de Giuseppe Ducrot, autor da cerâmica criada para o Hotel Sirenuse em Positano e La Galerie du Passage em Paris. Um dos principais escultores italianos, Ducrot passou parte da sua carreira a criar monumentos e bustos de mármore sob a direção do Vaticano.
No Vermelho, Ducrot criou uma gigantesca decoração imaginada como um passeio num jardim barroco ou renascentista, com elementos integrados à própria arquitetura.
Um dos frescos é assinado pelo artista grego Konstantin Kakanias, que tem desenhos publicados no The New York Times, Vogue, Town and Country e outras publicações. Recentemente ele criou os murais para Fanny’s, o restaurante do Academy Museum of Motion Pictures em Los Angeles.
Christian Louboutin encarregou os artesãos da Fábrica de Azulejos de Azeitão, de Setubal, de criar a pigmentação do chão de azulejos vermelhos do hotel, bem como os painéis de azulejos dos quartos. A Fábrica utiliza as mesmas técnicas há cinco séculos. Os azulejos são feitos à mão de barro da Leira, depois decorados com desenhos antigos dos repertórios decorativos de diversos países europeus.
O Hotel Vermelho é uma parceria entre Louboutin e a Marugal, uma empresa de gestão hoteleira especializada no desenvolvimento, lançamento e operação de hotéis independentes. A empresa tem hoje 12 hotéis na sua carteira.
A primeira inicitiva das marcas de moda no segmento hoteleirofoi com o Palazzo Versace, na Gold Coast, principal destino de lazer da Austrália. A propriedade conta com três restaurantes premiados, um retiro de spa junto com uma academia, uma boutique Versace e espaço para reuniões e casamentos para até 500 convidados.
Depois vieram as incursões de Missoni e Armani, que lançaram seus primeiros hoteis em 2009 e 2010, respectivamente. A empreitada da Missoni, na escócia e no Kuwait, durou pouco. A Armani ainda mantém dois hotéis Armani, em Dubai e em Milão.
Recentemente essas parcerias ganharam destaque. A Tommy Bahama, apesar de não figurar no segmento de luxo, está prestes a estrear um resort no sul da Califórnia.
A revista francesa de moda e beleza Elle recentemente abriu sua propriedade inaugural em Paris. Os 25 quartos do hotel butique Maison Elle conta com paredes adornadas com fotos dos arquivos da revista.
Até a Louis Vuitton, a maior marca de moda do mundo e parte do conglomerado de luxo LVMH já anunciou planos para entrar na hospitalidade. Nos próximos anos a sede da Louis Vuitton em Paris deverá ser transformada em um hotel.
A LVMH tem experiência com hospitalidade. O grupo opera a marca de hotéis de luxo Cheval Blanc, a empresa de viagens de luxo Belmond, que tem mais de 30 hotéis em seu estábulo, entre estes o Copacabana Palace, e a marca de joias e acessórios de luxo Bulgari.
A Bulgari Hotels & Resorts é uma parceria com a Marriott International, lançada em 2003. Pode ser considerado o empreendimento hoteleiro de maior sucesso no mundo da moda. A marca de origem romana tem unidades em Milão, Londres, Dubai, Bali, Pequim, Xangai, Paris, Roma, Tóquio, Miami e Maldivas.
Segundo executivos dos projetos e consultores do mercado de luxo, trata-se de uma extensão de experiência de marca, por se tratar de grifes com expertise no relacionamento com clientes.
No caso da Bulgari, as propriedades servem como showrooms para as joias e acessórios da marca. Alguns hotéis, como Paris e Dubai, têm uma butique dentro das unidades.
O Hotel Le Bellechasse por Christian Lacroix, em Paris, tem 33 quartos inspirados no estilo neoclássico. São sete “universos” diferentes em cada habitação, para os hóspedes vivenciem uma “viagem dentro da jornada”. O hotel está situado numa localização estratégica, perto do Jardin des Tuileries, do Museu do Louvre e dos Invalides.
E há quem ofereça o ápice da exclusividade. A Dior oferece apenas uma suíte no Regis Hotel, em Nova York, com foyer em mármore separando o quarto da sala, serviço de mordomo 24 horas e uma biblioteca digital com toda a coleção de livros originais de John Jacob Astor IV. Mais um sinal de que a moda não se prende a roupas.