Chanel: O estilista Karl Lagerfeld fez uma leitura equilibrada dos símbolos culturais do país, misturando o novo e o moderno com as tradições budistas e os elementos do artesanato secular (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2015 às 12h29.
Seul - A Coreia do Sul é um país que olha para frente. O futuro está logo ali, em suas empresas tecnológicas e gadgets que são sonhos de consumo globais, em sua indústria automobilística, que desbancou a americana e a japonesa, e em seus jovens, que clamam por modernidade em tudo, especialmente, no jeito vanguardista de se vestir.
Isso explica, em parte, por que o estilista Karl Lagerfeld decidiu armar o desfile da coleção Cruise da Chanel em Seul, em uma megaoperação que movimentou o mundo da moda e parou a capital sul-coreana na segunda-feira, 4.
"Acho que as pessoas sabem tudo sobre a China e o Japão e não sabem quase nada sobre a Coreia. Por isso, achei que era uma boa ideia vir para cá", disse Lagerfeld, diretor artístico da grife francesa, logo após ao desfile.
Para a apresentação, ele escolheu o über futurista Dongdaemun Project Plaza, o edifício com estrutura curvilínea, que lembra uma enorme nave espacial, projetado pela arquiteta Zaha Hadid. O lugar tem tudo a ver com as roupas: as formas volumosas, as combinações ousadas de cores e os hanboks armados, o equivalente ao quimono na cultura local, foram as grandes inspirações de Karl.
Minissaias plissadas lembravam os uniformes de colegiais coreanas, túnicas de corte minimalista apareceram combinadas a calças curtas (por sinal, a grande aposta da temporada) e a estampa multicolorida de listras, ora em tons pastel ora em tons berrantes, ganhou destaque em várias peças.
Karl preferiu fazer uma leitura equilibrada dos símbolos culturais do país, misturando o novo e o moderno com as tradições budistas e os elementos do artesanato secular. Na sequência de vestidos de noite, havia roupas de seda negra com bordados espetaculares em pequenos paetês, além de aplicações de flores de lótus, símbolo de felicidade e prosperidade, e de camélias, que são ícones da Chanel.
Releituras da jaqueta de tweed surgiram em casacos bonitos de tons metalizados. Os penteados, criados a partir de tranças, tinham referência nos mangás, enquanto sandálias de saltos baixos e quadrados remetiam aos trajes orientais do passado.
"A coleção veio cheia de frescor. Achei muito interessantes os conjuntos com cara de pijama", comentou a atriz inglesa Tilda Swinton, uma das convidadas especiais do evento.
Depois da tão comentada aposentadoria das passarelas, Gisele Bündchen também assistiu ao desfile da primeira fila e gostou da nova perspectiva. "É totalmente diferente ver tudo sentada, poder observar as roupas em movimento e tirar fotos dos looks que quero. Foi um momento novo para mim", contou.
A força da imagem e o carisma da modelo brasileira impressionam em qualquer lugar do mundo. Ao chegar, ela causou furor e fez muito mais sucesso dos que as hollywoodianas Tilda Swinton e Kristen Stewart.
Hoje, a influência da cultura sul-coreana na região é notável. O país virou formador de opinião e seus programas de TV e shows de música pop são sintonizados em toda a China, em lugarejos do Vietnã, nas cidades mais remotas do Japão... Os hits do movimento K-pop, a música popular do país, dominam a cena. Seu auge foi há dois anos, quando o cantor Psy chegou a ter 2 bilhões de visualizações com o clipe Gangnam Style.
"A escolha de Seul vem na sequência de nossas viagens para Cingapura e Dubai, onde apresentamos as coleções Cruise nos últimos dois anos. Agora era a hora de estarmos aqui", afirmou Bruno Pavlovsky, presidente de moda da Chanel. "Esse mercado é uma inspiração, um símbolo da energia criativa em áreas como a de tecnologia e de entretenimento e por isso nos interessa tanto."