TOY STORY: Claudio de Oliveira é um dos responsáveis por dar vida a Garfinho, novo personagem da saga da Pixar (Twitter/Reprodução)
AFP
Publicado em 5 de junho de 2019 às 21h14.
Claudio de Oliveira foi mensageiro, instrutor de dança e comissário de bordo antes de trabalhar em animação: hoje é o animador responsável por Garfinho, o novo personagem da saga "Toy Story".
Criado em São Paulo, ele se mudou para os Estados Unidos para acompanhar a esposa. Nunca tinha passado por sua cabeça trabalhar com animação.
"Lembro que fazia em meu caderno aqueles desenhos que se você passar rápido vê um boneco fazendo um gol. Eu já tinha feito animação sem saber", disse à AFP durante uma visita aos estúdios Pixar, nos arredores de San Francisco.
Ao chegar aos Estados Unidos, decidiu que queria estudar, "tentar fazer algo mais artístico". Foi então estudar animação no Santa Monica College.
Trabalhou na companhia de efeitos visuais Sony Imageworks, antes de entrar no Walt Disney Animation Studios, onde participou do desenvolvimento de filmes como "Enrolados para Sempre" e "Detona Ralph".
Em 2013 entrou na Pixar, onde foi animador de grandes sucessos como "Divertida Mente", "Carros 3", "Coco" e "Os Incríveis 2".
Agora chega a "Toy Story 4", a última entrega do filme que pôs no radar um estúdio então desconhecido há 23 anos.
Neste filme, que estreia em 21 de junho nos Estados Unidos e com o qual a Pixar põe fim à saga, Woody (Tom Hanks), Buzz Lightyear (Tim Allen) e o resto da adorável turma estão com uma nova criança: Bonnie, que ganhou de presente de Andy os tesouros de sua infância.
A menina, em seu primeiro dia no jardim de infância, cria com massinha, um garfo de plástico e um palito de picolé Garfinho, que não entende que é um brinquedo e sempre que tem a chance se joga na lixeira.
"Eu acho que ele não é tão deprimido, é só um pouco confuso. É como se fosse uma criança, dê um tempo para ela, dê amor e um pouco de compreensão, você vai ver como ela se desenvolve", afirmou Oliveira.
O brasileiro trabalhou neste novo personagem que, segundo o produtor do filme, Jonas Rivera, foi inspirado no fato de que as "crianças brincam com qualquer coisa e criam personagens".
"É uma criação de muitos", indicou o animador de 40 anos. "Vai de departamento em departamento, de artista para artista, tivemos sessões para construir nossos próprios Garfinhos para ver qual design seria o melhor, usando uma ideia aqui outra ali".
"E quando chega na minha mão ele já está pronto visualmente, só falta dar vida a esse personagem".
Os animadores são como os atores neste gênero, dando movimento e personalidade a seus personagens, e Oliveira teve química com Garfinho porque ele próprio era uma dessas crianças que criava brinquedos do nada com seu irmão mais velho.
"Com um prendedor, tampa de caneta, papel e cola, desenhava e fazia meus próprios brinquedos", lembrou. "Foi muito agradável poder trabalhar com esta história, que me trouxe lembranças dessa época na que um brinquedo feito à mão por uma criança pode ter uma dimensão e uma ligação muito maior que o comprado em uma loja".
O principal desafio com Garfinho foi "fazer com que se integrasse ao mundo que já existia", apontou o animador.
"Havia um contraste grande também porque minhas cenas eram com Woody, que é um personagem muito conhecido e amado, e queria que este fosse também recebido da mesma maneira".