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Brasil bateu recorde em Jogos de Londres mas deve melhorar

A meta oficial do COB é de chegar entre os dez primeiros em termos de número total de medalhas, subindo no pódio em pelo menos dez modalidades

Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo de esportes do COB: "Londres foi uma etapa de um planejamento que iniciamos em 2009", lembrou o dirigente (©afp.com / Adriana Spaca)
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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2012 às 17h17.

Rio de Janeiro - Os atletas brasileiros encerraram os Jogos de Londres com o maior número de medalhas de sua história, subindo 17 vezes ao pódio olímpico, mas decepcionaram em alguns esportes, deixando clara a necessidade de melhoras para fazer bonito no Rio de Janeiro, em 2016.

Três meses depois de a bandeira olímpica ter chegado no Brasil, após deixar a capital britânica, Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo de esportes do Comitê Olímpico Brasileiro, afirmou à AFP que o país está no caminho certo para alçar vôos mais altos em casa.

"Londres foi uma etapa de um planejamento que iniciamos em 2009 quando ganhamos o direito de organizar as Olimpíadas em casa. Fizemos um mapa estratégico para tornar o Brasil uma potência olímpica em 2016", lembrou o dirigente.

A meta oficial do COB é de chegar entre os dez primeiros em termos de número total de medalhas, subindo no pódio em pelo menos dez modalidades.

"Em Londres, tudo aconteceu dentro do planejado, mostramos um crescimento. Em Pequim, ficamos em 17º com 15 medalhas, em Londres, ficamos em 14º com 17 medalhas, empatado com Hungria e Espanha e mostramos que estamos na direção certa para chegar a décimo no Rio", analisou Marcus Vinícius.

No entanto, um dos aspectos que deixaram um sabor um pouco amargo foi o fato de atletas que eram cotados para o ouro, como o nadador César Cielo, o judoka Leandro Guilheiro ou os jogadores da seleção de futebol masculino de Neymar e companhia, por exemplo, não conquistarem o título.


O Brasil ficou apenas com três medalhas de ouro, abaixo das cinco conquistadas em Atenas-2004, o que o posicionou na 22ª posição do quadro oficial de medalhas, que leva em conta os títulos em primeiro lugar.

Por outro lado, um dos pontos positivos desses Jogos de Londres foi o fato de ver brilhar atletas jovens, que devem chegar no auge de sua forma em 2016.

Foi o caso dos dois únicos medalhistas que conquistaram o ouro em esportes individuais, a judoca Sarah Menezes e o ginasta Arthur Zanetti, ambos com 22 anos.

O esporte que deu o maior salto de qualidade foi o boxe, que levou três medalhas, uma de prata com Esquiva Falcão, e duas de bronze para seu irmão Yamaguchi e para Adriana Araújo, na estreia do boxe feminino nos Jogos.

Três meses depois de subir ao pódio, Yamaguchi, de 24 anos, disse à AFP que esperava que os grandes resultados de Londres iriam ajudar os pugilistas a treinar em melhores condições.

"Falta estrutura para o boxe no nosso país. Conquistamos estas medalhas na raça. Temos bons treinadores, mas não tem lugar para treinar. Acho um vergonha a gente ter que trabalhar em condições como essas mas espero que isso vai melhorar em breve", desabafou.

O que preocupou em Londres foi o desempenho fraco na natação e no atletismo, modalidades tradicionalmente mais aguardadas, que fazem a lenda dos Jogos Olímpicos e que têm o maior número de medalhas em jogo.


Na natação, César Cielo, grande favorito ao ouro nos 50 m livre, decepcionou ao ficar apenas com o bronze. A prata de Thiago Pereira foi uma grata surpresa, mas os nadadores brasileiros se classificaram apenas para cinco finais, uma a menos do que em Pequim-2008.

No atletismo, foi pior ainda. O Brasil não conquistou uma medalha sequer nas pistas, o que não acontecia desde Barcelona-1992. Fabiana Murer, campeã mundial em Daegu-2008, e Maurren Maggi, campeã Olímpica em Pequim, não se classificaram para as finais.

A velocista Rosângela Santos, que bateu seu recorde pessoal nos 100 m rasos (11.17) mas foi eliminada nas semifinais com o 12º tempo geral, reclamou da falta de estrutura do atletismo brasileiro.

"Já sentimos muita falta de um centro nacional de treinamento para o atletismo e agora acabam de nos informar que vão destruir o estádio Célio de Barros (dentro do complexo do Maracanã). Além disso, temos que ter mais intercâmbio com gente de fora, viajar mais para o exterior para competir, mas é um gasto muito grande que os dirigentes não consideram válido", criticou Rosângela.

A jovem nadadora Gracielle Herrmann, de 20 anos, foi eliminada logo nas séries dos 50 m livre, mas mesmo assim faz um balanço positivo da sua participação em Londres.

"Tenho certeza de que o fato de participar destas Olimpíadas me impulsionou bastante. Agora tenho uma grande bagagem para levar para a próxima edição no Rio. O calor brasileiro vai fazer toda a diferença em 2016. Vai ser uma adrenalina muito positiva que o povo brasileiro vai colocar em cima da gente", declarou Graciele à AFP.

A maior satisfação foi o vôlei, que na quadra repetiu o resultado de Pequim, com o ouro no feminino e a prata no masculino.

O vôlei de praia obteve duas medalhas (prata com Alison e Emanuel, bronze com Larissa e Juliana), mas o resultado foi abaixo do esperado, já que ambas as duplas eram cotadas para o título.

O judô também fez bonito ao superar seu recorde de medalhas em uma única edição com quatro pódios (um ouro e três bronzes).

Com os olhos do mundo inteiro voltados para o Rio de Janeiro, o Brasil precisa mostrar depois da Copa do Mundo de 2014 que não é apenas o país do futebol.

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Três meses depois de a bandeira olímpica ter chegado no Brasil, após deixar a capital britânica, Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo de esportes do Comitê Olímpico Brasileiro, afirmou à AFP que o país está no caminho certo para alçar vôos mais altos em casa.

"Londres foi uma etapa de um planejamento que iniciamos em 2009 quando ganhamos o direito de organizar as Olimpíadas em casa. Fizemos um mapa estratégico para tornar o Brasil uma potência olímpica em 2016", lembrou o dirigente.

A meta oficial do COB é de chegar entre os dez primeiros em termos de número total de medalhas, subindo no pódio em pelo menos dez modalidades.

"Em Londres, tudo aconteceu dentro do planejado, mostramos um crescimento. Em Pequim, ficamos em 17º com 15 medalhas, em Londres, ficamos em 14º com 17 medalhas, empatado com Hungria e Espanha e mostramos que estamos na direção certa para chegar a décimo no Rio", analisou Marcus Vinícius.

No entanto, um dos aspectos que deixaram um sabor um pouco amargo foi o fato de atletas que eram cotados para o ouro, como o nadador César Cielo, o judoka Leandro Guilheiro ou os jogadores da seleção de futebol masculino de Neymar e companhia, por exemplo, não conquistarem o título.


O Brasil ficou apenas com três medalhas de ouro, abaixo das cinco conquistadas em Atenas-2004, o que o posicionou na 22ª posição do quadro oficial de medalhas, que leva em conta os títulos em primeiro lugar.

Por outro lado, um dos pontos positivos desses Jogos de Londres foi o fato de ver brilhar atletas jovens, que devem chegar no auge de sua forma em 2016.

Foi o caso dos dois únicos medalhistas que conquistaram o ouro em esportes individuais, a judoca Sarah Menezes e o ginasta Arthur Zanetti, ambos com 22 anos.

O esporte que deu o maior salto de qualidade foi o boxe, que levou três medalhas, uma de prata com Esquiva Falcão, e duas de bronze para seu irmão Yamaguchi e para Adriana Araújo, na estreia do boxe feminino nos Jogos.

Três meses depois de subir ao pódio, Yamaguchi, de 24 anos, disse à AFP que esperava que os grandes resultados de Londres iriam ajudar os pugilistas a treinar em melhores condições.

"Falta estrutura para o boxe no nosso país. Conquistamos estas medalhas na raça. Temos bons treinadores, mas não tem lugar para treinar. Acho um vergonha a gente ter que trabalhar em condições como essas mas espero que isso vai melhorar em breve", desabafou.

O que preocupou em Londres foi o desempenho fraco na natação e no atletismo, modalidades tradicionalmente mais aguardadas, que fazem a lenda dos Jogos Olímpicos e que têm o maior número de medalhas em jogo.


Na natação, César Cielo, grande favorito ao ouro nos 50 m livre, decepcionou ao ficar apenas com o bronze. A prata de Thiago Pereira foi uma grata surpresa, mas os nadadores brasileiros se classificaram apenas para cinco finais, uma a menos do que em Pequim-2008.

No atletismo, foi pior ainda. O Brasil não conquistou uma medalha sequer nas pistas, o que não acontecia desde Barcelona-1992. Fabiana Murer, campeã mundial em Daegu-2008, e Maurren Maggi, campeã Olímpica em Pequim, não se classificaram para as finais.

A velocista Rosângela Santos, que bateu seu recorde pessoal nos 100 m rasos (11.17) mas foi eliminada nas semifinais com o 12º tempo geral, reclamou da falta de estrutura do atletismo brasileiro.

"Já sentimos muita falta de um centro nacional de treinamento para o atletismo e agora acabam de nos informar que vão destruir o estádio Célio de Barros (dentro do complexo do Maracanã). Além disso, temos que ter mais intercâmbio com gente de fora, viajar mais para o exterior para competir, mas é um gasto muito grande que os dirigentes não consideram válido", criticou Rosângela.

A jovem nadadora Gracielle Herrmann, de 20 anos, foi eliminada logo nas séries dos 50 m livre, mas mesmo assim faz um balanço positivo da sua participação em Londres.

"Tenho certeza de que o fato de participar destas Olimpíadas me impulsionou bastante. Agora tenho uma grande bagagem para levar para a próxima edição no Rio. O calor brasileiro vai fazer toda a diferença em 2016. Vai ser uma adrenalina muito positiva que o povo brasileiro vai colocar em cima da gente", declarou Graciele à AFP.

A maior satisfação foi o vôlei, que na quadra repetiu o resultado de Pequim, com o ouro no feminino e a prata no masculino.

O vôlei de praia obteve duas medalhas (prata com Alison e Emanuel, bronze com Larissa e Juliana), mas o resultado foi abaixo do esperado, já que ambas as duplas eram cotadas para o título.

O judô também fez bonito ao superar seu recorde de medalhas em uma única edição com quatro pódios (um ouro e três bronzes).

Com os olhos do mundo inteiro voltados para o Rio de Janeiro, o Brasil precisa mostrar depois da Copa do Mundo de 2014 que não é apenas o país do futebol.

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