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Born in the USA, de Bruce Springsteen, faz 30 anos

Discórdia entre Bruce Springsteen e o então presidente americano Ronald Reagan, o álbum Born in the USA completa 30 anos

Bruce Springsteen durante turnê do álbum Born in the USA, em 1985 (Redferns/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2014 às 14h41.

Nova York - Bruce Springsteen a compôs como uma canção crítica ao estilo de seu admirado Pete Seeger, mas, por outro lado, Ronald Reagan a utilizou como exaltação patriótica em sua campanha de reeleição, um uso que quase ofusca um clássico indiscutível do rock , "Born in the USA", que completa agora 30 anos.

Agora, passado tanto tempo, pouco fica do desgosto que Springsteen sentiu com aquela má interpretação de seu patriotismo, tendo em vista que sua canção de protesto acabou sendo utilizada pelo partido republicano para exaltar a força dos valores conservadores - justamente o contrário do que pregava.

Com uma capa que trazia parte da bandeira americana ao fundo, na qual "The Boss" - como é conhecido nos EUA - aparece de costas e com um boné de beisebol em um dos bolsos de suas calças jeans, "Born in the USA" exaltava um orgulho patriótico muito diferente ao da Administração de Reagan.

Seus fãs compreenderam a mensagem, tanto que muitos viram uma critica ao patriotismo ao considerar que a fotografia da capa poderia insinuar que Springsteen estivesse urinando na bandeira americana.

"Me meti numa pequena confusão em minha cidade natal / Então eles colocaram um fuzil na minha mão / Me enviaram para uma terra estrangeira / Para ir e matar o homem amarelo" dizia o músico de Nova Jersey na canção que dava título ao disco, uma clara referência à Guerra do Vietnã.

"Born in the USA", o disco, foi lançado em junho de 1984 e permaneceu no topo da lista da Billboard por quatro semanas. Esse era o sétimo álbum de estúdio de Springsteen e aparece como seu maior êxito comercial, com 15 milhões de cópias vendidas somente nos Estados Unidos.

A canção, por sua parte, foi criada para compor a trilha sonora do filme de Paul Schrader, "Luz da Fama", mas demorou tanto para ser finalizada - três anos - que acabou sendo desvinculada do filme.

São Paulo – Aos 94 anos de idade, um dos maiores ícones da música folk americana morreu , durante a noite da última segunda-feira. Peter (Pete) Seeger faleceu de causas naturais no New York Presbyterian Hospital, em Nova York, onde estava internado por quase uma semana. A carreira do músico começou em 1940 e, na década de 50, já estava no topo das paradas com a banda The Weavers, da qual fez parte. Nos anos 60, o artista se consagrou como um pioneiro do estilo folk e da música de protesto. Por meio de seu trabalho, ele mostrava tendência a ideias de esquerda e apoio à luta pelos direitos civis, contra a guerra do Vietnã e por causas ambientais. Essa veia política deu à carreira de Seeger um tom polêmico, marcado por confrontos diretos com o governo dos Estados Unidos. Entre seus grandes sucessos estão as músicas “Turn Turn Turn”, “If I Had a Hammer” e “Where Have All the Flowers Gone?”, que foram regravadas por diversos artistas. Relembre a seguir alguns de seus trabalhos.
  • 2. "Turn! Turn! Turn! (to Everything There is a Season)"

    2 /8

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    Gravada em 1959, a música "Turn! Turn! Turn! (to Everything There is a Season)" é um dos maiores sucessos de Pete Seeger. A faixa foi gravada em 1962 e foi lançada no álbum “The Bitter and The Sweet”. A maior parte dos versos da canção foi extraída do terceiro capítulo do Livro de Eclesiastes da versão anglicana da bíblia, a Bíblia do rei Jaime. Somente o verso final e o título são de autoria do músico e a principal interpretação da letra gira em torno da paz mundial. A versão mais famosa foi gravada pelo grupo “The Byrds”, em 1965.
  • 3. “If I Had a Hammer”

    3 /8

  • Já a música “If I Had a Hammer” foi escrita em parceria com Lee Hays, em 1949 e, depois de ser gravada pelos Weavers, foi gravada por vários outros artistas, como Peter, Paul and Mary, Trini Lopez e Leonard Nimoy. A trilha foi um dos hinos do movimento pelos direitos civis dos afro-americanos.
  • 4. “Gods Counting on Me, Gods Counting on You”

    4 /8

    Um de seus trabalhos mais recentes, a música “God's Counting on Me, God's Counting on You” foi escrita em 2010, logo depois do trágico vazamento de óleo da petroleira BP no Golfo do México, fato que é mencionado na letra. A gravação oficial foi feita no mesmo ano, no deck do barco da organização Hudson River Sloop Clearwater, criada por ele para proteger o Rio Hudson da poluição. O single foi lançado em 2012.
  • 5. “Solartopia!”

    5 /8

    A faixa “Solartopia!”, lançada no álbum “Tomorrow's Children”, foi gravada com Dar Williams, David Bernz e o coral de crianças de Rivertown, em 2009. Como outras de seu repertório, a música é uma resposta aos problemas causados pela intervenção humana na natureza e é uma visão sobre o futuro do planeta que, para ele, só poderá melhorar com a ajuda da energia “verde”, como a eólica e a solar.
  • 6. “Union Maid”

    6 /8

    Escrita por Woody Guthrie em 1940, a música “Union Maid” foi lançada no álbum “Talking Union & Other Union Songs”, do grupo Almanac Singers, formado por Millard Lampell, Lee Hays e Pete Seeger. A letra foi feita a pedido dos sindicatos da época e traz uma mensagem que retrata o papel e o poder da mulher no trabalho. Nesta versão do vídeo, Seeger canta junto com Arlo Guthrie, filho de Woody.
  • 7. “Bring Them Home (If You Love Your Uncle Sam)”

    7 /8

    A música “Bring Them Home (If You Love Your Uncle Sam)” foi escrita por Seeger em 1966 e lançada no álbum “Young Vs. Old”, de 1971. A letra foi uma crítica ao governo americano contra a Guerra do Vietnã e, em seus versos, o artista folk pediu para que os soldados enviados voltassem para casa. Em 2006, o cantor Bruce Springsteen e a Seeger Sessions Band gravaram a faixa durante a turnê “The Seeger Sessions”.
  • 8. Relembre, agora, 42 pessoas notáveis que morreram em 2013

    8 /8(Karl Walter/Getty Images)


  • Ao ver que sua mensagem era desvirtuada, o sucesso da música se tornou amargo demais para Springsteen, tanto que ele chegou a negar uma oferta de cerca de US$ 12 milhões (na época) para vincular a música a uma campanha publicitária da Chrysler.

    Springsteen tinha preparado este disco com a intenção de dar um salto qualitativo em sua carreira, já que, demonstrada a qualidade de seu rock, lhe faltava apostar pela transcendência de suas letras.

    O exemplo a ser seguido foi o do lendário Pete Seeger, a quem acabou dedicando, anos mais tarde, um álbum com algumas releituras de seus maiores sucessos.

    " Estou há 10 anos sem rumo / Nada para fazer, nenhum lugar para ir", finalizava o retrato desde a perspectiva do veterano de guerra e dando, sem dúvida, poucas concessões ao sonho americano, mesmo sem deixar de defender o povo, um espírito que sempre esteve presente nas composições de Seeger.

    Desta forma, somado à popularidade já alcançada por "Born to Run" e "The River", além da reflexão íntima de seu "Nebraska", seu retrato de costumes dos Estados Unidos se transformou em seu disco de maior repercussão internacional.

    Além da canção do título, o álbum inclui uma série de pérolas, tanto que sete delas alcançaram o "Top 10" nos Estados Unidos, caso de "Dancing in the Dark", cujo clipe, tão básico e efetivo, contou com a direção de Brian De Palma.

    O êxito profissional alcançado por Springsteen também influenciou sua esfera pessoal. Durante a turnê de promoção de "Born in the USA", o cantor fez uma pausa para se casar com a atriz Julianne Philips - no dia 13 de maio de 1985.

    "Cover Me", "Darlington County", "Working on the Highway", "Downbound Train", "I"m on Fire", "No Surrender", "Bobby Jean", "I"m Goin" Down", "Glory Days" e "My Hometown" completavam essa tapeçaria inconformista tecida pelo "The Boss".

    Desde então, Springteen lançou mais 11 álbuns - o último deles, "High Hopes", saiu à venda em janeiro deste ano.

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