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Beyoncé se torna a artista mais premiada da história do Grammy

Beyoncé fez história ao vencer a sessão Melhor Canção R&B com a canção Black Parade e se tornar a maior vencedora de Grammy da história, com 28 premiações

Grammy 2021 consagra Beyoncé como a maior artista vencedora de prêmios da história (Kevin Winter/Getty Images)

Grammy 2021 consagra Beyoncé como a maior artista vencedora de prêmios da história (Kevin Winter/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de março de 2021 às 08h12.

Última atualização em 15 de março de 2021 às 08h18.

Antes mesmo da hora de início marcada no Brasil, às 21h, o Grammy 2021, realizado na noite deste domingo (14) pela primeira vez sem plateia (ou com algumas dezenas de artistas chamados para receberem os prêmios), começou a distribuir suas estatuetas. Beyoncé, que liderava com nove indicações, ganhou logo no início, junto à filha Blue Ivy, de nove anos, a categoria Melhor Videoclipe pela música Brown Skin Girl. Seus concorrentes eram Life Is Good, de Future e Drake; Adore You, de Harry Styles; Lockdown, de Anderson .Paak; e Goliath, de Woodkid. Taylor Swift, Roddy Ricch e Dua Lipa tinham seis indicações cada; Brittany Howard saiu com cinco e Billie Eilish, Megan Thee Stallion, DaBaby, Phoebe Bridgers, Justin Bieber, John Beasley e David Frost tinham os nomes indicados em quatro categorias cada um.

Já na cerimônia conduzida de forma bastante sóbria por Trevor Noah, comediante, locutor e ator sul-africano, líder no programa The Daily Show, quem levou o prêmio de Artista Revelação foi Megan Thee Stallion, que ganhou de Ingrid Andress, Phoebe Bridgers, Chika, Noah Cyrus, D Smoke, Doja Cat e Kaytranada.

Os vencedores surgiam de máscaras, retiravam e faziam seus discursos. A estratégia do Black Pumas em relançar seu álbum de 2019 em versão deluxe deu certo e garantiu o gramofone na categoria Gravação do Ano pela música Colors. Uma grande banda, ainda que em busca de uma identidade além dos covers de seus ídolos da soul music dos anos 70, que venceu a gigante Beyoncé com Black Parade. E venceu bem mais: Rockstar, de DaBaby e Roddy Ricch; Say So, de Doja Cat; Everything I Wanted, de Billie Eilish; Don’t Start Now, de Dua Lipa; Circles, de Post Malone; e Savage, de Megan Thee Stallion com a participação de Beyoncé.

Dua Lipa demarcou território fazendo sua participação toda coreografada, com as câmeras bem aproximadas. Bruno Mars e Anderson .Paak fizeram o número seguinte, com Leave the Door Open e toda a sua estética setentista reverencial a grupos como Manhattan’s e Commodores. Bruno Mars, com Black Pumas, segue em sua elegia ao passado, algo que faz com uma bela voz mas na qual esconde sua falta de identidade gritante.

As mulheres dominaram também a categoria Melhor Álbum Country pela primeira vez na história, e quem venceu foi Miranda Lambert com Bluebird. Segundos depois, Taylor Swift encheu a tela com seus olhos azuis para cantar Cardigan, do indicado álbum Folklore. Cada número programado pelo Grammy se tornava um videoclipe, uma marca dessa edição. O protagonismo do artista no palco perdeu a importância, o que valia era a estética de estúdio (algo em que os norte-americanos são especialistas).

A Melhor Performance Solo Pop, uma categoria secundária, tinha mais pesos pesados. E quem levou foi o jovem de 26 anos Harry Styles, com Watermelon Sugar, a primeira música que ele fez em sua curta carreira. E com ela ele venceu Yummy, de Justin Bieber; Say So, de Doja Cat; Everything I Wanted, de Billie Eilish; Don’t Start Now, de Dua Lipa e Cardigan, de Taylor Swift. Colado na apresentação, veio a lembrança dos mortos, com Trevor dizendo que foram quase mil artistas levados pela Covid-19 entre 2020 e 2021.

Bruno Mars, com Anderson .Paak na bateria, voltou para fazer uma homenagem a Little Richards, morto em 2020, com um medley irresistível. Covers, uma a especialidade de Mars. Lionel Richie passou para cantar Lady para Kenny Rogers, mestre da canção que faz uma falta irreparável na country romântico dos EUA.

A categoria Música do Ano, que não é o topo de ouro da sessão Gravação do Ano, premia os autores, embora seus nomes não sejam muito visíveis. E o vencedor foi I Can’t Breath, de H.E.R, vencendo mais uma de Beyoncé e seu onipresente Black Parade. As maiores temperaturas vieram com o número mais sensual da noite, com Cardi B e Megan Thee Stallion dançando e se atracando sobre uma cama gigante, com direito a um trecho de funk carioca do MC Pedro Sampaio em que ele diz "fica de quatro". Um espetáculo de nádegas e auto objetificação de enjoar a militância feminista.

A categoria Melhor Música de Rap fez despontar um nome maior na noite. Depois da apresentação explosiva com Cardi B, Megan Thee Stallion venceu com a música Savage, que tem a participação de Beyoncé. E Beyoncé, que subiu de cabelos esvoaçantes a seu lado para receber a estatueta, chegou aos 27 Grammys, o que já era uma conquista inédita de uma mulher na premiação mas não seria só. Dua Lipa, tímida até então, discursou bonito para receber o prêmio de Melhor Disco de Pop Vocal por seu Future Nostalgia. "Eu pensei que só poderia fazer músicas tristes". Venceu, vejam só, Justin Bieber, Lady Gaga, Harry Styles e Taylor Swift.

Beyoncé fez história ao vencer a sessão Melhor Canção R&B com a canção Black Parade e se tornou o artista, homem ou mulher, a se tornar a maior vencedora de Grammy da história, com 28 premiações. Agora, mais do que Paul McCartney. Beyoncé discursou emocionada: "Como artista acredito que faz parte do nosso trabalho refletir nossa época. Queria homenagear os reis e rainhas que me inspiraram. Eu nem acredito que isso está acontecendo."

A grande categoria Álbum do Ano, perto do final da apresentação, acabou por consagrar outra mulher, Taylor Swift, com seu Folklore. Foi a terceira vitória de Taylor nessa categoria. A crítica elogiou muito o álbum quando ele saiu e os fãs elevaram Taylor em alguns graus de relevância, o que trouxe uma aura de justiça feita. Ela venceu Jhené Aiko, Black Pumas, Coldplay, Jacob Collier, HAIM, Dua Lipa e Post Malone. A valorização do grupo de k pop sul-coreano BTS era algo avassalador. As redes sociais inflaram com fãs pedindo informações sobre o possível show do grupo, algo que, também como uma inversão de valores no prêmio, o show ganhou espaço mais nobre do que a entrega de Álbum do Ano. Os rapazes chegaram para fazer o hit setentista Dynamite precisos, luminosos, todos de ternos e diante de um trabalho de câmeras minucioso. Uma participação gravada em Seul super produzida.

Ringo Starr apareceu para apresentar o prêmio mais importante, o de Gravação do Ano. "Eu queria dizer uma coisa", discursou: "Se você está fazendo músicas nesse mundo, você já venceu, muito obrigado." E, então, fez o anúncio: "E o Grammy vai para: Billie Eilish, Everything I Wanted". Billie dedicou o prêmio a Megan Thee Stallion e pediu aplausos à amiga. "Penso em você todos os dias."

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