Bares fazem vaquinha online para sobreviver de portas fechadas
Medida é adotada por estabelecimentos de São Paulo durante pandemia de coronavírus
Marina Filippe
Publicado em 19 de março de 2020 às 06h14.
Última atualização em 19 de março de 2020 às 11h22.
Nesta terça-feira, 17, o Cama de Gato, um bar localizado no centro de São Paulo , anunciou um financiamento coletivo online para se manter mesmo de portas fechadas.
A medida foi tomada em meio ao cenário de pandemia da covid-19, o novo coronavírus , e da necessidade de isolamento social.
A ideia é que os clientes contribuam com um valor determinado em troca de prêmios, como voucher de consumação para quando as atividades retornarem ou mesmo ter o nome gravado em placas no bar.
Segundo Bruno Bocchese, sócio do Cama de Gato e também dos bares Mandíbula e Fel, sem essa medida não será possível sobreviver por muito tempo. “Precisamos de 40 mil reais por mês apenas para pagar as contas fixas”, afirma.
Em apenas um dia o Cama de Gato arrecadou mais de 12 mil reais. O montante ainda não é comparado a um cenário normal, no qual o estabelecimento fatura cerca de 150 mil reais ao mês e serve como fonte de renda para sete funcionários com carteira assinada.
Com o resultado, Bocchesi pretende abrir um financiamento coletivo também para o bar Fel.
A ideia do tem sido seguida por outros bares de São Paulo. No FFFront, localizado na Vila Madalena, a medida foi anunciada nesta quarta-feira, 18.
Por ser um local com shows e aglomeração de pessoas, os dois sócios decidiram pelo fechamento do bar já no último fim de semana.
“O que espanta é não ter uma previsão de quando vamos abrir novamente. A ideia do financiamento coletivo é oferecer uma troca para os nossos amigos e clientes”, diz Daniel Pereira, sócio do FFFront.
Segundo ele, o bar ficou 20 dias fechado durante as festas de fim de ano, teve uma baixa nos meses de janeiro e fevereiro e a retomada era esperada para março, como em anos anteriores. “Tinhamos shows marcados até maio, mas, neste cenário, um mês fechado já é suficiente para o bar não se bancar”, afirma.
O Cama de Gato e o FFFront arrecadam dinheiro pelo site abacashi. Com ideias semelhantes, outros bares começam a optar pelo financiamento coletivo, um deles é o Scar, também localizado em São Paulo.
No final da tarde desta segunda-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que o governo irá injetar 147 bilhões de reais na economia nos próximos três meses para blindar o país dos impactos do avanço do coronavírus.
Uma alternativa para os bares está na oferta para pequenas e médias empresas, que ficam pelo mesmo período isentas de pagar o Simples, o que é estimado em 22 bilhões de reais de diferimento.